Ano perdido?

Até meados de janeiro ouvi duas frases que me levaram à várias reflexões.

Frase 1: “2018 é um ano praticamente perdido. Em 2019 sim, podem ocorrer mudanças.”

Frase 2: “Já estamos na metade de janeiro. Esse ano vai passar muito rápido, pois tem copa do mundo e eleição.”

Ou seja, 2018 será um ano perdido e como se isso não bastasse, também vai passar rápido. Será mesmo?


Fico tentando imaginar o que pensa e no que acredita quem verbaliza tais frases.


A lista

Contando a partir de hoje, são exatamente 314 dias, nos quais há infinitas possibilidades, considerando-se os valores, aptidões, interesses e classe social de cada um.

Farei uma breve lista e acredito que você se identificará com ao menos 1 ou 2 itens.

1) Ter uma alimentação mais saudável.

2) Ter mais tempo para o convívio com a família e com os amigos.

3) Doar ou vender objetos que não fazem mais sentido para você e que estão ocupando espaço e também o seu tempo (devido a periódica limpeza e organização de tais objetos).

4) Praticar uma atividade física regularmente.

5) Aprender ou voltar a tocar um instrumento musical.

6) Procurar um emprego melhor ou pelo menos que remunere melhor.

7) Apreciar a natureza, cultivar ou organizar um jardim ou uma horta.

8) Falar menos e ouvir mais.

9) Viver de forma plena o momento presente.

10) Dar mais importância à espiritualidade.

11) Dormir mais.

12) Passar menos tempo conectado, assistir menos televisão ou jogar menos vídeo game.

13) Ler mais livros.

14) Aprender a investir e sair da poupança e dos títulos de capitalização. (Veja os posts que escrevi sobre Educação Financeira no blog).

15) Voltar a estudar – cursos voltados à área de atuação ou outros relacionados à suas afinidades e interesses.

16) Não se deixar contaminar tanto pela correria da sociedade moderna. Desacelerar.

Voltando às frases iniciais, com tantas opções podemos mesmo considerar 2018 como um ano perdido?

Mesmo que você não consiga cumprir seus objetivos, consideraria 2018 como um ano perdido ou como um ano de aprendizado e experiência, no qual aprendeu ao menos que o caminho escolhido muitas vezes não foi o ideal, mas que ele era um entre várias opções?


Podemos considerar que dois eventos sem relação direta com a vida da maioria da população brasileira poderia alterar de alguma forma a passagem do tempo? Em 2019 provavelmente o resultado das eleições ocasionará impactos maiores ou menores na vida de muitos, mas não agora em 2018.


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?

Fico tentando entender o que leva as pessoas a pensamentos tão reducionistas.

Talvez essa forma de pensar esteja tão enraizada em nossa cultura, que a encaramos como normal, quando na realidade é apenas comum e totalmente fora do que se espera da normalidade.

Há tanta coisa por fazer no Brasil, tanta coisa com atraso de 5, 10, 50, 200, 500 anos em relação aos países desenvolvidos!

Infelizmente pensamentos como os do início do post só pioram a situação, pois o foco está onde não deveria estar. Está em algo não essencial, para alegria e alívio do governo, que quer cidadãos cada vez mais interessados em carnaval e futebol – esses talvez sim o ópio do povo versão século XXI.

Planos

Eu tenho meus planos para 2018.

Não sei se conseguirei cumpri-los, tampouco conheço as intempéries que enfrentarei durante o ano. Mas sei que será um ano de aprendizado e experiência, de erros e acertos.

Sei também que 2018 não vai passar mais rápido do que os outros anos, matematicamente falando, pois 1 minuto continua com 60 segundos e cada segundo continua com 1.000 milésimos de segundo.

O mundo caótico em que vivemos, com excessos de estímulos, distrações, atividades, deslocamentos cada vez maiores em meio a congestionamentos cada vez piores têm furtado muito de nosso tempo e energia vital. Mas dizer que o ano vai passar mais rápido por causa de dois eventos não pessoais parece algo meio exagerado.


Sem conclusão…

Será que algum dia a cultura brasileira alcançará um nível de desenvolvimento no qual conseguirá se libertar do superficial, artificial e fabricado interesse que há em eventos não importantes como carnaval e futebol e realmente se importará com o que é fundamental e essencial em uma sociedade genuinamente desenvolvida?

Só o tempo dirá…

Créditos da imagem: hyena reality – Free Digital Photos

14 thoughts on “Ano perdido?”

  1. Realmente o tempo está voando…Hoje já 20 fevereiro. Teremos sim, fatos marcantes… Mas o pior e tudo é aguentar o que vem pela frente com as campanhas que deverão ser mais ridículas, aguentar as manobras do chef do governo e mais e mais… Haja!!!
    Melhor nem pensar e simplesmente viver e esperar o melhor…Não na política pois nessa tá difícil desde muiiiiiito tempo e não vejo luz nela, nem qualquer representante limpo e capaz! beijos, chica

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  2. O meu pensamento é totalmente o oposto do começo do post, por se tratar de um ano eleitoral, com copa do mundo e milhares de feriados prolongados que preciso ter um foco e dedicação maior. Tenho muitos projetos em andamento, portanto não posso permitir que esse calendário "festivo" afete de maneira negativa os meus planos. Todo ano podemos realizar muitas coisas, basta se organizar e se importar com o que é realmente importante. Bjs

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  3. Chica,

    Eu também não espero mais nada de bom da classe política brasileira, mas como você disse, independentemente disso, precisamos viver e esperar o melhor e fazermos a nossa parte para que isso ocorra, pois todos somos capazes de fazer algo para melhorar nossa vida e a dos que nos cercam – com palavras e atitudes, não é?

    Abraços,

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  4. Kalina,

    Gostei do que você falou: manter o foco e maior dedicação em meio à tantas distrações, eventos e feriados. Acredito que se mais pessoas pensassem dessa forma, o Brasil seria um país muito diferente.

    Agradeço por seu comentário, espero que esteja gostando do meu blog. 🙂

    Abraços,

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  5. Muito bom Rosana!

    Eu brinco com as situações apresentadas no inicio do texto. Falo que este ano não dá mais nada pois agora que acabou o carnaval, já vem a páscoa, logo após copa do mundo, eleições e enfim, natal haha.

    Infelizmente, há pessoas que se deixam levar por esses eventos. E no final do ano se perguntam por que o ano passou tão rápido. E como desculpa, usam os eventos acima para dizer o porque não fizeram o que pretendiam.

    Boa semana!

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  6. É um pouco redutor demais, reduzir um ano inteiro, a dois acontecimentos… que não valem até tanta importância, como à primeira vista possa parecer… o futebol é um mundo que só traz benefícios para jogadores, dirigentes, marcas desportivas e meios de comunicação… e políticos… só se beneficiam a eles mesmo… não sei como tais acontecimentos, podem ter tanta importância para o cidadão comum… no meu ponto de vista, claro… mas a conclusão do seu post… resume o que de facto eu penso também…
    Beijinhos! Continuação de uma boa semana!
    Ana

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  7. Ana,

    Eu também acho que são poucos os beneficiados por tais eventos desportivos e eleições, mas a mídia também ajuda (e muito) para que o foco esteja neles e não no que é realmente importante e relevante para nossas vidas.

    Boa continuação de semana à você também. 🙂

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  8. Faço das sábias palavras da Ana Freire as minhas palavras, fora isso, me enquadro bem no item 3, doo tudo que não uso tanto no pessoal como em casa.
    Outro sim, nenhum ser humano é sábio ao ponto de fazer previsões, compete apenas ao nosso criador.
    Muito bom e reflexivo seu texto.
    Obrigada por passar em meu blog e deixar sua marquinha.

    Bom restinho de semana.
    Bjs!

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