Trabalhe 4 horas por semana – Timothy Ferriss – Resenha

“Fuja da rotina, viva onde quiser e fique rico”.

Quem não gostaria de viver exatamente como descrito no subtítulo do livro?

Apesar da existência de alguns trechos mais teóricos ou monótonos, a maior parte da leitura é agradável, com exemplos e exercícios práticos. Além disso, o livro Trabalhe 4 horas por semana procura quebrar alguns paradigmas como:

“A descrição do seu emprego não é a descrição de você mesmo.”
e
“A vida não tem que ser difícil. Não tem mesmo.”

 

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Infelizmente muitas das sugestões apresentadas não são aplicáveis ou viáveis no Brasil. Mesmo assim, vale a leitura, pois algumas mudanças dependem apenas de nós, como o gerenciamento de nosso tempo e a busca por pelo menos um pouco de qualidade de vida.

Todos os capítulos são iniciados com dois pensamentos de autores diversos, sendo a maioria deles muito profundos ou relevantes. Ou as duas coisas.
Um exemplo:

 

“Toda vez que você se encontra do lado da maioria, é hora de parar e refletir.”
Mark Twain

 

A história de Timothy Ferriss

O autor não vê nenhum sentido em passar a vida sentado atrás de uma mesa de escritório todos os dias das 9 às 17 horas até os 62 anos. Eu também não e acho que muitos de vocês também pensam dessa forma. 

Ele conseguiu ser bem sucedido ao criar uma empresa de suplementos alimentares e através dela pode dedicar-se mais ao que realmente lhe era importante, como tango, kick-boxing, viagens, aprendizado de idiomas entre outras atividades.

Timothy Ferriss questiona:
“Qual é a grande vantagem que justifica passar os melhores anos de sua vida esperando ser feliz ao final dela?”

 

Os 4 passos

Para reinventar-se, o autor sugere 4 passos:

1) Definição

Incentiva o leitor a descobrir quais são seus objetivos e prioridades; a fazer coisas diferentes e a explorar a criatividade; a não ver o trabalho apenas como uma obrigação, mas como uma maneira de desenvolvimento.

“Depois de anos de trabalho repetitivo, você provavelmente sentirá a necessidade de cavar fundo para encontrar suas verdadeiras paixões, para redefinir seus sonhos e para reviver hobbies que você deixou atrofiar até à beira da extinção. O objetivo não é apenas eliminar o que é ruim, porque isso não provoca nada além de um vácuo, mas perseguir e experimentar o que há de melhor no mundo”.

2) Eliminação

O próprio nome já diz: eliminar o que não é essencial ou necessário, uma das razões de ser do blog Simplicidade e Harmonia.

O autor aborda o princípio 80/20, de Vilfredo Pareto, que dispensa comentários. Para quem não conhece, veja alguns exemplos citados no livro:

– 80% das consequências decorrem de 20% das causas;

– 80% dos resultados vêm de 20% do tempo gasto em esforço;

– 80% dos lucros de uma empresa vêm de 20% dos produtos e dos clientes.

Nessa parte do livro, Timothy Ferriss também aborda a Ignorância Seletiva e dá algumas dicas de maneiras educadas de como não prolongar conversas inúteis. Como no diálogo abaixo:

Jane: (recebendo) : Alô?
John: (ligando): Alô, é a Jane.
Jane: Sim, sou eu.
John: Oi, Jane, aqui é o John.
Jane: Ah, oi, John. Como vai? (ou) Ah, ou, John. O que há?

John então fará uma digressão e começará uma conversa sobre nada, da qual

você terá que se recuperar e então pescar o verdadeiro objetivo do telefonema. 

Há uma forma melhor de se atender:

Jane: Aqui é a Jane.
John: Oi, aqui é o John.
Jane: Oi, John. Estou um pouco ocupada agora. Em que posso ajudar?

Continuação em potencial:

John: Eu posso ligar mais tarde.
Jane: Não, eu tenho um minuto. O que posso fazer por você?

Não estimule as pessoas a engatarem uma conversa fiada e não lhes permita
que façam isso. Leve-as imediatamente ao ponto. Se começarem a enrolar ou tentar adiar para uma ligação posterior, enquadre-as e force-as a voltar para o ponto central.”

Outra dica muito útil é o hábito que ele possui de abrir e-mails apenas às segundas-feiras de manhã.

Reconheço que para a maioria de nós isso é inviável, mas percebo que o e-mail é um dos maiores consumidores de tempo, perdendo apenas para as redes sociais na categoria inutilidades e baboseiras – claro que há muitas coisas boas nas redes sociais, mas todos sabemos que a maioria dos posts são perda de tempo, por isso precisamos saber filtrar em quais deles vale realmente a pena focarmos nossa atenção.

3) Automação

Essa parte é a mais difícil e improvável no Brasil, pois aborda a contratação de um assistente pessoal para pagar faturas, comprar presentes de aniversário, fazer compras em supermercados e atividades afins. Nesse caso, ele contratou um assistente trabalhando remotamente na Índia.

Por não estar relacionado à realidade brasileira, não irei me aprofundar nesse tema.

4) Liberação

O autor aborda os acordos de trabalho remoto com chefes, objetivando o trabalho 100% remoto. É um tendência, mas ainda não tão abrangente no Brasil como poderia ser.

 

O que mais gostei

Timothy Ferriss aborda bastante o assunto “tempo”, com o qual me identifico muito desde a infância.

Há muitas frases profundas, que futuramente se tornarão assuntos de posts.

Um exemplo:
“Foque-se em ser produtivo em vez de focar-se em estar ocupado.”

 

Conclusão

Apesar de voltado ao mercado note-americano, o livro é bom, pois aborda o trabalho de uma maneira diferente da qual estamos habituados. Além disso, fala bastante sobre empreendedorismo – o que tem tudo a ver com o Brasil.

É um livro interessante, para mim valeu a pena a leitura.

 

21 thoughts on “Trabalhe 4 horas por semana – Timothy Ferriss – Resenha”

  1. Mesmo com algumas coisas que não se aplicam no Brasil a gente sempre acaba por perceber algo que podemos aproveitar. Bacana.

    Então…
    achei no sebo um livro chamado fitoenergética – A energia das
    plantas no equilibrio da alma de bruno gimenes. Super produtivo e interessante não sabia que tinha bibliografia por esse viés; acho que cabe partilhar….

    Acho que já te agradeci por seus comentários em posts anteriores.
    Mas nunca é demais lembrar… Obrigada.
    PAZ E BEM.

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  2. Não li esse livro, portanto não vou fazer uma análise sobre ele.
    Mas pelo que foi abordado no post, realmente imagino que ele esteja tratando de uma realidade muito distante da vida da maior parte dos brasileiros.

    A parte da automação eu acho totalmente desnecessário, acho que não são esses afazeres do cotidiano que nos fazem perder o foco ou mesmo nos ocupam a ponto de atrapalhar de alguma forma a nossa vida.
    Vejo que o trabalho, aliado ao tempo consumido entre a ida e a volta ao local em que se trabalha, mas tempo gastos com cursos focados exclusivamente no trabalho é que podem sim, tirar nosso foco, nos "anestesiar" e fazer com que não tenhamos ânimo, ou inspiração prar ter e desenvolver outros objetivos e atividades.

    Mas são poucos que saem desse script. Até porque uma pessoa em idade produtiva abrir mão disso pode ser vista por muitos como preguiçoso ou vagabundo. Tem isso ainda.

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  3. Olá, estou usando este livro pra praticamente guiar minha vida profissional ultimamente. Realmente não tem como aplicar na totalidade ai no Brasil, mas tem muita coisa boa pra qualquer um.
    É sem dúvidas um dos 5 livros mais importantes que li.

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  4. Anônimo,

    Você tem razão: muito do que é abordado no livro está bem distante da realidade brasileira, por isso, resolvi me focar mais no que dá para aproveitar, como o diálogo citado no post.
    Já reparou quanto tempo perdemos com conversas inúteis?

    Sobre "anestesia", foi isso o que o autor quis dizer sobre também não ver sentido em trabalhar da 9 às 17 horas todos os dias. Além disso, os deslocamentos cada vez maiores, os cursos de atualização/aperfeiçoamento e a competição excessiva no mercado de trabalho realmente tiram o ânimo, a motivação ou a inspiração.

    A questão que fica é: como encontrar o equilíbrio vivendo na sociedade brasileira, que é tão diferente da americana? Sua última frase resume bem que o problema é mesmo bem maior por aqui…

    Abraços!

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  5. conhecimentofinanceiro,

    Bom saber que para você o livro está sendo tão útil, a ponto de ser um dos 5 mais importantes que já leu.
    Eu gostei da leitura. Há muitas ideias e conceitos legais que podem quebrar paradigmas e mudar nossa cosmovisão.

    Abraços!

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  6. Tem questões que são culturais e estão enraizadas nas pessoas. Não temos força pra mudar isso, aliás as pessoas não tem a obrigação de ser como nós gostariámos que elas fossem e o contrário também é verdade.

    Não conheço os EUA, mas acredito que a competição e a vida
    laborativa de lá não deve ser muito diferente da nossa.

    Mas o incentivo a super produtividade, a sermos cada vez melhores, a não reclamarmos, a sermos invejados etc etc, não nos dão espaço pra ir contra essa maré.

    Ir contra isso seria assumir nossa fraqueza, preguiça ou incompetência. Situação assim pelo que já li foi e é comum no Japão.
    O que resta mesmo é cada um tentar viver sua vida da melhor forma, mas tem momentos que é complicado.

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  7. Anônimo,

    Questões culturais são mesmo difíceis de mudar. Além disso, como você disse, cada um tem liberdade de ser como gostaria – o que é bom, pois a diversidade proporciona mais ideias e melhorias para a sociedade de forma geral, se for utilizada com sabedoria.

    Como o Japão está sempre um passo à frente em muitas coisas, talvez esse seja também o destino do ocidente.

    Gostei da sua frase final: viver a vida da melhor forma, de acordo com os valores e afinidades de cada um. Acho que isso sim é o que faz toda a diferença no final.

    Um bom final de semana!

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  8. Excelente resenha, Rosana!

    Realmente, controlar o fator tempo é um dos grandes desafios da sociedade atual. Uma das dicas interessantes que ele aborda, nesse sentido, é o de fazer uma dieta da informação, eliminando o fluxo de dados que só nos distrai, e não acrescenta valor à nossa vida, como jornais diários, programas de TV etc.

    Abraços!!!

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  9. Guilherme,

    Bom saber que gostou da minha resenha.

    A dieta pobre de informação sem dúvida é uma das melhores maneiras de nos mantermos distantes das futilidades que nada acrescentam, mas que furtam nosso tempo sem dó nem piedade.

    Nesse sentido, acredito que a ignorância seletiva seja o melhor caminho para todos nós.

    Abraços!

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