A impermanência faz parte da vida

Quando coisas desagradáveis ou ruins acontecem, ficamos aliviados com a  existência da impermanência. Mas quando são coisas boas, nosso desejo é que tais eventos não acabem nunca.

O problema é que, sendo bom ou ruim, tudo passa, tudo acaba.


Há coisas que naturalmente precisam ocorrer para o nosso próprio desenvolvimento e também para o desenvolvimento da sociedade.

Não é raro ouvir mães dizendo que não queriam que seus filhos crescessem, que queriam que eles ficassem na idade da inocência, na idade em que estão descobrindo o mundo. Claro que isso é um devaneio momentâneo, pois o que se espera mesmo é que os filhos cresçam, se desenvolvam e tornem-se independentes.

Quem iria se sentir feliz com um filho de 30 anos com as características físicas e mentais de uma criança de 5 anos? Ninguém.

Queremos crescer, nos desenvolver, evoluir e ter sucesso na vida. Tudo isso só é possível devido a existência da impermanência.


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Mudamos o tempo todo!

A maior parte das mudanças é tão sutil que não as percebemos.

Não me refiro aqui a algo inédito, pois esses momentos geralmente ficam gravados na mente. Me refiro ao momento oposto, quando começamos a deixar de gostar de algo.

Não sabemos o momento exato em que começamos a deixar de gostar de alguma coisa, como um tipo de filme, de livro, de jogo, de comida, de lugar. Após algum tempo percebemos que o que era tão agradável já não nos interessa mais, sendo que muitas vezes torna-se até motivo de irritação ou repulsa.


Essa faceta da impermanência é boa, pois auxilia o nosso desenvolvimento pessoal e também o da sociedade.


Imagine se a humanidade houvesse se contentado com a invenção da máquina de escrever elétrica ou do aparelho de fax modem.

Foram produtos disruptivos em sua época, mas que hoje servem mais como peças de museu do que qualquer outra coisa. Ainda bem que evoluímos nesse sentido, não é?

 

Mas e as coisas que não gostaríamos que mudassem?

Querendo ou não, tendo consciência ou não, preparando-se ou não, as coisas que nos são caras também vão mudar.

E na maioria das vezes não estamos muito – ou nada – preparados e dessa forma as circunstâncias da vida acabam nos pegando quase de surpresa, como o falecimento de pessoas idosas, a perda de um emprego ou uma ruptura amorosa.

Acredito que ninguém gostaria de passar por nenhum dos três eventos citados acima, mas todos eles farão parte da vida da maior parte das pessoas, exceto o primeiro que é certo na vida de todos.

Onde eu quero chegar?

Provavelmente você está se perguntando isso desde que começou a ler esse post.

O fim do ano chegou e com ele mais uma faceta da impermanência está na nossa frente. 2000, 2005, 2010, 2015, 2018 e agora 2019. Passou tão rápido, não é mesmo? Nem parece que o século XXI iniciou-se há 19 anos.


Será mesmo que foi o tempo que passou tão rápido? Ou foi a vida destituída de quantidade adequada de momentos e eventos realmente significativos e importantes que acabou proporcionando a sensação de que o tempo voou?


Como você se sente quando tem um dia atarefado, mas que foi muito bem organizado e bem direcionado às atividades que se dispôs a executar, sendo que ao final desse dia 100% dos objetivos foram cumpridos?

Provavelmente sente-se exausto, mas muito satisfeito. E com a sensação de que o tempo passou na velocidade normal, não tão rápido. Ou pelo menos não muito mais rápido do que o normal.


Não podemos tirar a impermanência de nossas vidas, mas podemos….

….tornar os momentos agradáveis mais significativos.

Agora que estão chegando as festas de final de ano, gostaria de propor um desafio, independentemente de você gostar e participar ou não desses eventos.


Esteja mais presente em vez de se preocupar tanto com os presentes materiais. Mas esteja presente de verdade. Veja também o post que fiz sobre Mindfulness.


No lugar da comilança excessiva procure ter uma alimentação mais moderada e também silêncio, para que ambos o ajudem a clarear a mente. Isso vale para qualquer época da vida.

Com a mente mais clara, você vai perceber o que é realmente importante. E talvez essa seja uma boa época para esse tipo de reflexão, pois geralmente há reuniões entre os membros das famílias.

Não se deixe contaminar levar pela energia consumista e falsamente acolhedora que paira no ar, pois tal sensação só terminará em mais consumo por impulso.


Você se lembra das fotos de quando era criança, de festas de aniversário e de final de ano? É provável que algumas daquelas sorridentes pessoas que tanto te amavam já não façam mais parte desse mundo.


É…. A impermanência tem o seu lado dolorido. Mas necessário.


Por isso, que todos nós estejamos presentes de verdade na vida das pessoas que mais amamos. Não só apenas neste final de ano, mas sempre enquanto essas pessoas e essas relações existirem.

 

Crédito da imagem: Pixabay

 

 

 

10 thoughts on “A impermanência faz parte da vida”

  1. Olá Rosana,

    Esse trecho do texto é arrepiante "Você se lembra das fotos de quando criança, de festas de aniversário e de final de ano? É provável que algumas daquelas sorridentes pessoas que tanto te amavam já não façam parte desse mundo"

    Enfim, que busquemos sermos mais presentes mesmo.

    Boa semana e caso não esteja por ai, Feliz Natal!!!

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  2. Olá SH, obrigada pelo texto, traz reflexões muito boas sobre consciência em uma época de Multi tarefas e atenção difusa. Me lembrou um podcast que uma amiga me mostrou ontem chamado Autoconsciente, já ouviu falar? Fala muito sobre vida no presente e consciência dos nossos atos. Escutei 3 eposidios (São bem curtinhos) e gostei muito. Abs! Muquirana

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  3. Sempre Sábado,

    Não conheço esse podcast. Poderia me passar o link do site?

    Multitarefa e atenção difusa são um grande problema da sociedade atual, mas a maior parte das pessoas ainda não percebeu o quanto isso é prejudicial e impede que a vida seja vivida em sua plenitude – ou pelo menos que grande parte dela seja vivida assim. Qualidade é melhor do quantidade – é o que penso.

    Bom saber que gostou do meu post! 🙂

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