Fogos de artifício – será que não chegou (ou passou ) a hora de proibi-los?

Não é de hoje que sabemos – ou deveríamos saber – que os fogos de artifício causam muitos impactos negativos às pessoas, aos animais e à atmosfera. Abordei superficialmente o assunto no post Por um Natal com mais simplicidade e silêncio, que eu havia postado há 4 anos com o título Natal

Infelizmente a situação não melhorou de 2013 para cá, muito pelo contrário, piorou. E muito. Fogos cada vez mais fortes, mais intensos e em maior quantidade.


Eu nunca entendi qual graça as pessoas acham em tanto barulho. Não entendo como em pleno século XXI ainda há tantos hábitos primitivos como esse.

E para variar, como o Brasil só se sai bem em rankings negativos, o país é o segundo maior produtos de fogos de artifício do mundo. Mas no Pisa – Programa Internacional de Avaliação de Alunos – ocupa os últimos lugares.

Há muita poluição sonora, poluição atmosférica, estresse e mortes decorrentes dessa prática tão primitiva de comemoração.

 

Estresse desnecessário e totalmente evitável

Se para os humanos é ruim, para os animais a situação é infinitamente pior, pois eles não sabem o que está acontecendo.

Eu tenho cães em casa desde sempre e vejo como ficam estressados, com medo, ansiosos, nervosos e com taquicardia quando começam os fogos de artifício. Quem tem cães sabe bem do que estou falando…

Sempre preciso encontrar uma maneira de acalmá-los, pois os danos podem ser irreversíveis, como infelizmente aconteceu com a Nina, como mostrado na reportagem citada no ECycle.

Segundo o mesmo site, “o barulho associado ao medo desencadeia respostas fisiológicas de estresse por meio da ativação do sistema neuroendócrino, que resulta em uma resposta de luta ou fuga, observada por meio do aumento da frequência cardíaca, vasoconstrição periférica, dilatação da pupila, piloereção e alterações no metabolismo da glicose.


O animal movido com medo procura se afastar do barulho tentando se esconder dentro ou embaixo de móveis ou espaços apertados; pode tentar fugir pela janela, cavar buracos, tornar-se agressivo; apresentar salivação excessiva, respiração ofegante, diarreia temporária; urinar ou defecar involuntariamente. As aves podem abandonar seu ninho em revoada. Durante a tentativa de fuga do barulho causado pelos fogos de artifício podem acontecer acidentes como atropelamentos, quedas, colisões, ataque epilético, desnorteamento, surdez, ataque cardíaco (principalmente em aves) ou o desaparecimento do animal, que pode percorrer longas distâncias em estado de pânico e não conseguir retornar ao seu local de origem.


É realmente isso o que queremos para os animais?


cachorro

 

O mesmo site também diz que como “na maioria das vezes (os fogos) são utilizados no período noturno, os efeitos causados aos animais (principalmente os silvestres) são difíceis de serem percebidos e quantificados, o que indica que os impactos nocivos dessa atividade nos animais são sub-notificados.”

Ou seja, a situação pode ser muito pior do que parece. E esse ano tende a piorar de forma geral, por causa da copa do mundo.


Os impactos aos humanos são bem conhecidos, como amputações, estresse em crianças, autistas, doentes, idosos, etc.


Uma luz no fim do túnel


Diante dessa situação, felizmente foi criado um projeto de lei em 2017, assinado pelo deputado Ricardo Izar no Senado para proibir o uso de fogos de artifício que emitem ruído, como rojões, bombas e morteiros e também uma ideia legislativa sobre o tema (que me motivou a escrever esse post.)

Atualização: 17/12/2020: A votação no endereço abaixo encerrou-se em 07/2018. Eram necessários 20.000 apoios, porém a ideia recebeu mais de 53.000. Isso demonstra que há muita gente interessada no bem-estar dos animais.

Se você também concorda com a proibição, acesse o site do Senado, se cadastre (é bem rápido) e apoie essa ideia. O endereço é:
https://www12.senado.leg.br/ecidadania/visualizacaoideia?id=96952

 

Antecipando-se a lei, “cidades como Sorocaba (SP), Florianópolis (SC), Campinas (SP), Pelotas (RS), entre outras, a proibição de fogos de artifício ruidosos já está em vigor.”

Uma jornada começa sempre com o primeiro passo e felizmente essas cidades saíram na frente.

Para saber mais sobre os impactos causados pelos fogos, leia os textos utilizados como referência para esse post:
Entenda o impacto socioambiental do barulho de fogos de artifício 
Ainda é possível influenciar votação no Senado sobre proibição de fogos de artifício barulhentos

Atualizado em 03/06/2018: Prefeito de São Paulo sanciona lei que proíbe manuseio, queima e soltura de fogos com ruídos

Atualizado em 13/06/2018: Justiça suspende lei de São Paulo que proibia fabricação, queima e soltura de fogos de artifício em São Paulo
Retrocesso menos de 10 dias depois…

Do que os interesses do sistema não são capazes?
De qualquer forma, espero que os defensores da extinção de fogos de artifício insanos barulhentos consigam vencer essa batalha.

Pelos animais, pelos humanos atuais e pelas novas gerações. 

Pela  natureza.

Pelo planeta.

 

Créditos da imagemkobkik – Free Digital Photos

 

10 thoughts on “Fogos de artifício – será que não chegou (ou passou ) a hora de proibi-los?”

  1. De fato, barulho totalmente desnecessário. Gosto apenas do visual daqueles silenciosos, como o CF citou.

    Minha mulher tem duas cadelas que sofrem com isso. Meus pais também tinham um cão que ficava desesperado. Sou contra leis restritivas, mas proibir esse barulho não vai deixar de fazer mal a ninguém.

    Moro em Campinas, mas mudou muito pouco, viu? Nesse reveillon ouvi bastante…

    Abraço!

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  2. eu queria tirar uma dúvida: meus cães não são surdos, mas não dão a menor bola para fogos, ficam sempre tranquilos. E eles não são adestrados. Tem alguma coisa a ver com o dono?

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  3. Vida Rica,

    Se tem a ver com o dono? Depende.

    Vou falar pela minha experiência de tutora e de quem cresceu e sempre teve cães em casa, mas não sou profissional da área: há cães que tem pavor de fogos, mesmo com donos tranquilos. E tem cães que nem ligam. Além disso, muitas vezes o pavor de um cão passa para o outro, já o contrário (do pavor para a tranquilidade) nunca vi.

    Eu tenho 2 que ficam apavorados. Os outros 3 não ligam muito – um desses que não liga tem 12 anos. Os outros que tive foram ficando com medo com o passar do tempo, mas para esse – que tem o perfil adolescência eterna – não houve mudança.

    Se quando começam os fogos você age com naturalidade, como se nada de ruim estivesse ocorrendo, eles vão seguir a sua reação, ainda mais por não aparentarem medo.

    Uma dica: se você perceber algo diferente, com tendência ao medo, além de carinho, é interessante colocar uma música suave e tranquila em um volume que cubra ao menos um pouco o barulho dos fogos. Eu já fiz e funcionou bem.

    Não sei se ficou muito claro, mas qualquer coisa, é só perguntar novamente.

    Um bom final de semana!

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