Esse livro de 536 páginas é publicado pela Editora Casa Publicadora Brasileira. Apesar de ter sido escrito há mais de um século, seu conteúdo é muito relevante e até atual para aqueles que buscam formas de melhorar a saúde física, mental e espiritual.
A resenha será baseada na 8º edição, publicada em 1997, que possui 43 capítulos divididos em 8 partes. Por ser um livro de uma autora cristã, temas e exemplos bíblicos são muito utilizados.
Prefácio
O primeiro parágrafo do livro resume bem a situação atual: “o mundo está doente e onde quer que habitam os filhos dos homens, aí abundam o pecado e o sofrimento.”
No final do século XIX o problema da higiene precária e os escassos cuidados médicos vitimavam muitas pessoas, mas o que dizer dos dias atuais?
Mesmo a medicina relativamente avançada não foi capaz de diminuir os males da humanidade. Algumas doenças foram erradicadas, mas muitas surgiram devido ao estilo de vida moderna.
“A maravilhosa máquina humana tem sido abusada, fazendo-se funcionar sua delicada engrenagem de modo contrário à lei da vida, do que resulta doença e morte.”
Perder a saúde é muito fácil, mas recuperá-la dá muito, muito trabalho. E não é raro que todo o esforço seja em vão, pois o corpo tem um limite, que muitas vezes é ignorado e ultrapassado.
Conhecemos o funcionamento de várias máquinas, mas quantos conhecem o funcionamento do próprio corpo?
Desgastamos de forma desnecessária nossa “máquina” com hábitos e estilos de vida prejudiciais, estressantes, deprimentes e angustiantes.
O resultado não poderia ser outro além de doenças, dores, sofrimento e tristeza.
O livro possui dicas práticas – e algumas nem tão práticas – para lidarmos com as questões acima.
Parte 1 – O verdadeiro missionário médico
Essa parte do livro aborda a vida de Jesus, com enfoque nas curas por Ele realizadas.
A situação era tão grave que “durante Seu ministério, Jesus dedicou mais tempo a curar os enfermos do que a pregar.” Por ser esse um tema que não é o objetivo do Simplicidade e Harmonia serei concisa nessa parte da resenha.
Quem conhece a história bíblica sabe que era imensa a quantidade de doentes que via em Jesus a única esperança para a cura. Ou seja, a quantidade de pessoas doentes naquela época também era grande como nos dias atuais embora muitos dos males fossem outros.
Jesus curava não somente o corpo, mas a alma. Muitas vezes a doença era de origem espiritual ou mental e acabava atingindo o físico também.
Por muito tempo acreditou-se que a mente e o corpo eram separados, mas felizmente a medicina chegou a conclusão de que as doenças psicossomáticas são reais e ocasionam sérios danos.
Tais doenças tem aumentado de forma significativa, pois o corpo humano não conseguiu se adaptar de forma satisfatória ao estilo de vida atual, que é muito estressante, de certa forma angustiante, com excesso de informações, cobranças e atividades.
Parte 2 – A obra do médico
Por Jesus ser considerado o Médico dos médicos, essa parte discorre bastante sobre o tema. E também sobre a cura.
“Quando qualquer parte do corpo sofre um dano, principia imediatamente um processo de cura; os agentes da natureza põem-se em operação para restaurar a saúde.”
Lembro de uma colega que tinha baixa quantidade de plaquetas. Um simples corte no dedo de 1 ou 2 centímetros demorava quase 10 minutos para coagular.
Na primeira vez em que presenciei essa situação, fiquei chocada, mas ela pacientemente pegava pedacinhos de papel toalha, que quando encharcados, eram trocados. Em cima da mesa havia um pequeno monte de papéis vermelhos de tanto sangue.
A partir daquele momento comecei a ver o ciclo corte-coagulação com mais atenção, respeito e gratidão. Algo simples para a maioria das pessoas, mas que demanda mais cuidado para algumas.
Imagine se tivéssemos essa consciência em todos os tipos de danos. Acredito que seria péssimo, pois teríamos uma cautela exagerada.
O problema é que muitas vezes sequer proporcionamos o repouso, o tempo e o estado mental necessários à cura e à manutenção da saúde.
“O desígnio de Deus a nosso respeito é que avancemos sempre em direção ascendente”. Essa parte aborda especificamente a área de saúde (médicos, enfermeiros, cuidadores, etc), mas eu gostaria de ir um pouco além.
Não estamos nesse mundo para ficarmos estacionados, mas para crescermos, para sermos hoje pessoas melhores do que conseguimos ser ontem. E amanhã, pessoas melhores do que somos hoje.
Qual legado você quer deixar?
Quais sementes você está plantando hoje?
Os dons e talentos pessoais estão sendo utilizados ou desperdiçados?
Outro trecho que merece destaque:
“Não obstante os maravilhosos progressos em tantos ramos relativos aos confortos e comodidades da vida, mesmo no que respeita a questões sanitárias e tratamentos de moléstias, é alarmante o declínio do vigor físico e do poder de resistência. Nossa civilização artificial está fomentando males que destroem os sãos princípios.”
Leia o trecho acima mais uma vez. De forma bem lenta.
Não parece que as palavras acima foram escritas há mais de 100 anos, parece?
Devido ao excesso de conservantes, agrotóxicos, açúcar refinado, poluição de todos os tipos, estresse entre outros, grande parte da população está cansada. E doente.
Você já reparou que pessoas acima de 50, 60 anos parecem bem mais dispostas do que os mais jovens? Para entender um pouco mais sobre o assunto, leia o post Por que estamos tão cansados?
Outro ponto que merece destaque é o termo civilização artificial.
Com o uso intenso de redes sociais com o objetivo de aparentar uma vida irreal, feliz e bem-sucedida, o termo combina bem com a atualidade. Só é uma pena que isso tudo venha de longa data, pois parece que desde sempre o viver de aparências habita a mente humana.
Mais um trecho para reflexão: “em caso de doença, convém verificar a causa.”
Apesar de isso estar mudando, ainda hoje a medicina procura tratar os sintomas e não as causas. Por isso, o resultado não é muito satisfatório quando se trata de doenças psicossomáticas.
Enquanto em muitas doenças a causa é clara, como por exemplo infecções causadas por bactérias, conjuntivite, rinite, há outras como gastrite e câncer que possuem uma causa maior do que a física.
Remédios naturais
Mais simples, impossível. Eis a lista:
Ar puro
Água pura
Luz solar
Repouso adequado
Exercício físico
Regime alimentar conveniente
Temperança
Confiança em Deus
A grande questão é: como utilizar essa lista completa na sociedade em que vivemos?
Por não ter conseguido, o que costumo fazer é colocar o que for possível em prática.
Não que eu consiga sempre, mas acredito que com o tempo estou melhorando – até porque a consciência começa a incomodar quando os hábitos errados praticados são contrastados com atitudes que podem proporcionar mais saúde. Tal contraste resulta em incômodo e desconforto que considero saudáveis por serem aliados na mudança de hábitos.
“Tudo quanto prejudica a saúde não somente diminui o vigor físico, como tende a enfraquecer as faculdades mentais e morais.”
Já reparou que dependendo do tipo de alimentação, o cérebro fica mais lento, confuso e acaba sendo mais difícil tomar uma decisão?
Em sentido oposto, o jejum clareia a mente e proporciona um pouco mais de paz e tranquilidade.
Além da alimentação, acredito que a falta de descanso adequado e a poluição (de todos os tipos) ocasionem o mesmo efeito, pois locais barulhentos, com ar poluído e excesso de iluminação acabam sobrecarregando os cinco sentidos, o que resulta em confusão e cansaço.
Dessa forma, a consciência e os filtros morais parecem entrar em “stand by”. Então , como resultado, é aberta a porta para atitudes impulsivas – e muitas vezes até ilícitas.
Outro tópico importante nesse capítulo se refere ao exemplo dos pais.
“Os filhos serão aquilo que os pais os fizerem.”
O bom exemplo é essencial, pois o filho naturalmente repetirá o que vê, já que não possui o discernimento necessário para compreender o que é certo e o que é errado sobre as atitudes dos pais – principalmente na primeira infância.
Parte 3 – Médicos-missionários e sua obra
Assim como nas outras partes do livro, essa também inicia falando sobre a vida de Jesus e tendo como foco o aspecto espiritual e o trabalho dos médicos-missionários. Por isso, assim como nas seções anteriores, escolhi os trechos que achei mais alinhados com o objetivo que eu tinha em mente para esse post.
“Nosso lar e os arredores devem ser uma lição prática, ensinando processos de aperfeiçoamento, de maneira que a atividade, o asseio, o bom gosto e o refinamento tomem o lugar da ociosidade, da falta de limpeza, da desordem e do que é grosseiro. Por nossa vida e exemplo, podemos ajudar outros a distinguir o que é repulsivo em seu caráter e ambiente, e com cortesia cristã podemos animar o aperfeiçoamento. Ao manifestarmos interesse neles, encontraremos oportunidade de lhes ensinar a empregar melhor suas energias.”
Fazer o nosso melhor. Sempre.
Isso parece óbvio, mas nem sempre é tão simples assim devido aos hábitos de décadas.
Bom gosto, bons modos, zelo, asseio, refinamento não ocupam espaço e não necessitam de dinheiro. É algo interior.
Com força de vontade, persistência e interesse, essas e muitas outras qualidades positivas podem fazer parte da vida de cada um de nós, formando um círculo virtuoso que substituirá as inúmeras justificativas para a desordem, bagunça, falta de limpeza, grosseria na comunicação, etc.
“As melhores coisas da vida – a simplicidade, a honestidade, a veracidade, a pureza, a integridade – não se podem vender nem comprar.”
Vivemos em um mundo estranho: fartura de bens materiais e escassez de valores e do que é essencial. Gostei da lista acima (em itálico), pois são alguns dos “ingredientes” para a genuína paz.
Quem se conhece de verdade sabe quais são seus valores e sua essência, consegue dar o devido valor aos bens materiais – que estão aí para nos servir e não para serem nossos senhores.
Vale a pena destacar um trecho sobre educação financeira: “Muitos desprezam a economia, confundindo-a com a avareza e a mesquinhez. A economia, porém, harmoniza-se com a mais ampla liberalidade. Verdadeiramente, sem economia não pode existir real liberalidade.”
Em pleno século XXI, muitas pessoas ainda confundem economia com avareza, mas felizmente isso está mudando, ainda mais com tanta informação de qualidade disponível na internet.
Por ter ficado um pouco extensa, a próxima parte da resenha será publicada na próxima semana.
Crédito das imagens:
Capa do livro edição de 1997: Livraria Adventista
Wokandapix – Pixabay
A seita adventista é perigosa, fuja se conseguir.
Anônimo,
Não considero uma seita, mas respeito sua opinião, objetividade e sinceridade.
Boa semana!
Muito bom! Vou procurar este Livro.
Abraço.
Olá, Bruno
Bom saber que gostou da resenha. Apesar de ter sido escrito no século 18, é um livro muito rico em conhecimento sobre o estilo de vida que proporciona mais saúde.
Agradeço por sua visita, espero que goste do conteúdo do meu blog. 🙂
Não considero a RELIGIÃO Adventista uma "SEITA PERIGOSA". Eu sou católico e fiz meu ensino médio e graduação em colégio/universidade adventista e posso afirmar que eles respeitam muito as outras religiões, fornecem uma educação acima da média e prezam muito pela saúde. Focam muito na alimentação saudável, atividade física e parte espiritual. Eles também tem um trabalho missionário gigantesco ao redor do mundo.
Anônimo,
Agradeço pelo seu comentário. Faço das suas as minhas palavras.
Boa semana!
Um livro super actual… fiquei realmente surpreendida, por saber que já tem mais de um século…
Beijinho
Ana
É uma leitura muito interessante, espero que você goste. 🙂