Caos digital

A tecnologia veio para facilitar e simplificar a vida.

Serviços bancários, compras de produtos, cursos, pesquisas diversas, conversas com pessoas de qualquer lugar do planeta e em qualquer horário sem pagar as altas e proibitivas tarifas telefônicas estão tão presentes na vida cotidiana que ninguém mais consegue imaginar-se voltando à era pré-internet.

Diante de tantas vantagens e possibilidades, o resultado esperado não seria mais tempo disponível para o que é realmente importante para cada um?

 

O que deu errado? 

Esse post foi inspirado em uma frase do André no Viagem Lenta.

Quando ele resolveu mudar seu blog para outra plataforma, deparou-se com um grande problema: os mais de 1.500 comentários recebidos não migraram como esperado.

No final de um post dessa fase, ele escreveu: “O XXX (sistema de comentários) possui o grande diferencial de deixá-lo dependente dele para sempre.”

 

smartphone-com-coracao-na-tela

Dependência

A dependência tecnológica começa a fazer parte da vida de uma forma tão sutil que chega a ser imperceptível.
 
Quando um perfil é criado em uma rede social, o que se espera é a interação com outras pessoas, mas pouco tempo depois, passar dois dias sem se conectar pode se tornar bastante desconfortável para boa parte dos usuários.
 
Com o passar do tempo, praticamente uma história de compartilhamentos de momentos e ideias é criado e pensar em desfazer-se de tudo aquilo pode trazer um grande desconforto. Mas não poderia ser essa dependência estrategicamente planejada para ser assim?
 
Será que esse apego vale mesmo a pena, se pensarmos na impermanência inerente à vida?
 
A migração da plataforma do blog por si só já é algo bem trabalhoso e de repente, o André foi obrigado a lidar com um problema desnecessário, que me fez pensar no quanto a relação de dependência digital faz parte do cotidiano de uma forma que pode ultrapassar um nível saudável.
 
Com grande frequência há uma proximidade quase simbiótica entre uma pessoa e um smartphone. Por mais interessantes e muitas vezes inúteis que sejam os compartilhamentos nas redes sociais, será que é mesmo necessário ficar conectado tantas horas por dia?
 
Será que todos estão vendo informações tão importantes, que chega a ser inclusive necessário caminhar olhando para a tela?
 
Essas situações tão comuns ilustram bem a relação de dependência tão sutil e ao mesmo tempo até perversa que está presente na sociedade.

 

Quem está no controle?

Há alguns anos, vi uma tirinha de jornal na qual dois supostos seres de outro planeta tentavam entender a relação automóvel/pessoa.
 
Então, ao ver o trânsito, um deles disse: ”Parece que o menor é o alimento do maior”. Ou seja, o carro seria o ser dominante.
 
A relação de dependência muitas vezes é tão grande, que parece até que a máquina está no controle – e não o operador da máquina. Por isso, reflexões honestas e sinceras nesse sentido são muito importantes. 
 
Pense por um instante:
 
Será que estou passando muito tempo online?
 
Preciso mesmo ver todas as imagens, todos os vídeos e ler todos os textos que são compartilhados nas redes sociais e aplicativos de mensagens?
 
Por que compartilho tantas coisas? Será que são realmente necessárias ou úteis?
 
Como me sinto quando estou offline? Bem? Livre? Incompleto? Tenho a sensação de estar perdendo algo importante ou de que está me faltando algo?
 
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Conclusão

A tecnologia é muito útil e felizmente veio para ficar. Porém, assim como em tudo na vida, é necessário equilíbrio e sabedoria para que essa relação tão útil e funcional não se transforme em dependência.
 
Não são as telas, com suas imagens bonitinhas e fofinhas, com jogos muitas vezes exageradamente coloridos, com horas infinitas de vídeos, com distração para todos os gostos que devem estar no controle.
 
O controle da situação precisa estar nas mãos da pessoa que está operando a máquina.
 
O caos digital faz parte da sociedade, mas não precisa necessariamente fazer parte da sua vida.
 
 
Créditos das imagens: Victoria Borodinova e Gordon Johnson – Pixabay
 

16 thoughts on “Caos digital”

  1. Muito bom o teu post e estamos ,mesmo sem perceber, dependentes da tecnologia. Eu preciso dela pra entrar em contato com filho, netos de longe e agora até para os que aqui mesmo estão…Preciso pra me distrais, sem ela, na pandemia teria sido pior ainda. E preciso porque gosto de blogar, interagir. Assim, quando a tecnologia me falha, não fico muito contente,rs… Mas uso com equilíbrio, pois a via fora dela, é cuidada e atendida! beijos, linda semana,chica

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  2. Oi! como vão as coisas do lado de cá?
    Desculpe a demora em visitar;
    Sobre a questão da tecnologia talvez seja um envolvimento interior do
    que se espera; cada indivíduo terá um motivo para não se ausentar das plataformas;
    hoje é necessário por conta do covid, mas até meses atrás nem se falava em pandemia e os
    motivos para a dependencia eram praticamente banais; atualmente a grande parte fala
    em abraços, visitas, empatia termo que está muito atual mas tbm esses atos antes do covid
    já não estavam existindo em qualquer situação existe as exceções mas a realidade é que já
    estava tudo muito escasso;
    Com certeza post para reflexão…
    Boa continuação de semana.

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  3. chica,

    Excelente comentário! Usando com equilíbrio você aproveita o melhor que a tecnologia tem a oferecer sem ir para o lado do exagero. Parabéns!

    Além disso, como disse, nesse tempo de pandemia a tecnologia é essencial, pois além da comunicação e serviços, há também a questão da saúde mental que é muito beneficiada com as interações e postagens que cria em seu belíssimo blog.

    Boa semana!

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  4. Janicce,

    Interessante esse outro ângulo da questão: se antes da pandemia os motivos para a dependência digital eram mais banais, hoje há uma grande necessidade de interação, de "abraços virtuais". Precisamos disso para nosso próprio bem estar mental.

    Em relação a empatia, penso que ela precisa ser mais praticada continuamente – e estamos em um momento único para agregar esse hábito em nossas vidas.

    Agradeço por sua visita! Eu também gosto muito do seu blog.
    Sem dúvida, um cantinho de muito bom gosto, que remete à paz, tranquilidade, simplicidade e harmonia!

    Abraços,

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  5. Rosélia,

    "Não sermos escravos, nos torna menos vulneráveis a tanta coisa.."
    Simplesmente perfeito!

    Muitas vezes acreditamos que somos nós que dominamos a máquina (ou uma situação, um vício, etc) quando a realidade é exatamente o oposto.

    Abraços!

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  6. Evi Erlinda,

    "I also feel that I spend a lot time in with any apps :)"
    To be aware of this is the first step to change.
    You could prioritize the most important apps. And then think about the others: is it really worth spending time with them?

    Thanks for your visit and comment. I hope you like my blog!

    Have a nice week,

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  7. Olá Rosana!

    Excelentes provocações!

    Esse fato que comentou realmente estragou várias horas de meus dias. A solução foi migrar para um sistema de comentários que mantivesse os próximos no próprio sistema do WordPress. Ficar dependente de uma empresa para guardar seus dados é perigoso. Talvez seja por isso que nunca aderi aos aplicativos financeiros atuais. Não consegui encontrar em nenhum um sistema de exportação de dados decente. Prefiro continuar com meu Money99 e periodicamente, exportar seus dados para uma planilha eletrônica.

    Quanto às redes sociais, você tem toda a razão. Principalmente quando lemos e vemos em cursos de marketing que elas são necessárias para divulgar seu blog e, no meu caso atual, o livro. Mas eu não consigo postar na frequência que deveria, usar de palavras convincentes (manipuladoras?) para vender nada. Nunca pensei em me vender, vender minha vida e toda essa dificuldade que tenho com as redes sociais reflete nisso.

    Alguém poderia opinar: mas no seu caso é uma venda de um produto, talvez valha a pena… Mas minha resistência com elas é grande, e não está situada apenas na imagem ou no propósito da mensagem. Está em perder minhas horas p isso. E cada vez, seu preço de venda fica maior, pois a idade vai avançando, o filhote está chegando… Minhas horas valem muito mais do que manter uma rede social. Seja para qual objetivo for.

    Abraços!

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  8. André,

    "Esse fato que comentou realmente estragou várias horas de meus dias."
    O que parecia tão interessante no início, acabou tornando-se um grande aborrecimento. Boa ideia deixar os comentários centralizados no próprio sistema do WP. Mais seguro e mais simples.

    "Ficar dependente de uma empresa para guardar seus dados é perigoso."
    Penso como você.
    E também continuo com minha planilha eletrônica, pois sinto mais segurança dessa forma. Além disso, com frequência acrescento ou modifico alguma coisa, e assim aprendo mais sobre comandos, fórmulas, etc.

    "Minhas horas valem muito mais do que manter uma rede social. Seja para qual objetivo for."
    Ainda mais agora com seu filho chegando e com todos os preparativos. Mas talvez uma ou duas postagens por semana nas redes sociais seja algo interessante. Você poderia determinar uma quantidade de x minutos por vez. Talvez 20? Ou até menos.

    Boa semana!

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  9. Olá Rosana, que bela postagem e questionamentos apalpáveis sobre tecnologia e pertencimento.
    Eu tenho um aparelho de ultima geração deixa meu ego elevado e logo percebo, que na realidade eu pertenço a ele, ele me escraviza, me obriga a estar várias horas conectado, para que esteja acessível aos conectados e minha rede, que alarga-se continuamente e há aqueles, que saem em desesperada correria por seguidores para atingir um numero tal, que o coloca no topo da rede. Para que? Quantos destes realmente olham seu pensamento e ou se importam se você postou ou não?
    Pois é Rosana somos pertences destas tecnologias e o desejado equilíbrio é custoso mesmo amiga.
    Gostei de ver os pensamentos desta dependência perigosa e tão comum.
    Olho na telinha e uma trombada no poste ou ponto de ônibus ou quiçá uma queda num bueiro aberto.?

    Uma bela semana de paz e alegria.
    Redobrados cuidados na pandemia.
    Beijo amiga

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  10. Boa tarde, Rosana
    Ótima postagem. A tecnologia facilitou muito a nossa vida, porém precisamos de cautela, usar com sabedoria, porque tem tanta coisa boa para fazer fora das redes sociais, ler um bom livro, conversar com as pessoas pessoalmente, e tantas outras coisas. Bjs querida.

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  11. Lucinalva,

    Penso como você: utilizando a tecnologia com moderação, cautela e sabedoria, haverá tempo disponível para todas essas outras atividades agradáveis que citou. Porém, ficar muito tempo conectado, no final das contas, resultará em um sentimento mais para o lado da frustração do que da realização, do bem-estar.

    Há tempo para tudo, não é?

    Um bom final de semana!

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  12. Toninho,

    Boas reflexões.

    Achei interessante você reconhecer que o aparelho elevou seu ego, pois é exatamente essa consciência que poderá ajudá-lo a modificar essa situação. E também é essa uma das intenções da indústria, pois logo você não sentirá tanto bem estar com esse aparelho e irá querer outro mais atual, mais rápido, com mais recursos – é a perversa obsolescência programada em ação.

    "Quantos destes realmente olham seu pensamento e ou se importam se você postou ou não?"
    Para muitos, os números são mais importantes do que a qualidade. Uma pena, pois com isso, perde-se o melhor, ou seja, o contato com pessoas realmente relevantes à cada um.

    "somos pertences destas tecnologias e o desejado equilíbrio é custoso mesmo amiga."
    E pensar que tudo isso entrou de uma forma tão sutil em nossas vidas… De qualquer forma, nós é que precisamos estar no controle. Não é fácil, mas mais do que necessário, é essencial.

    Um bom final de semana!

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