A importância da Reserva de Emergência

Já estamos há mais de um ano na pandemia.

E pelo ritmo dos acontecimentos, parece que a situação demorará meses para alcançar águas menos turbulentas.

E anos para alcançar águas moderadamente tranquilas.

Durante o último ano, o caos financeiro se fez presente em muitos lares.

Um dos motivos foi a falta de um planejamento disciplinado para separar uma parte dos recursos como Reserva de Emergência.

Soma-se à isso, a enorme lacuna existente na área de Educação Financeira no país, que aliás, deveria ser disciplina desde o Ensino Fundamental, quando a personalidade ainda está em formação.

Aprender desde cedo sobre a importância do consumo consciente é muito melhor do que tentar mudar hábitos de consumo excessivo na fase adulta.

E aprender isso na escola e com os pais é melhor ainda.

 

A Reserva de Emergência

Como o próprio nome diz, esse recurso só deve ser utilizado em casos de real necessidade.

Veja alguns exemplos: doenças, perda de emprego, problemas urgentes no automóvel ou na residência como vazamentos, problemas elétricos, estruturais, etc.

O montante destinado à Reserva de Emergência pode variar muito, mas em geral é utilizado como parâmetro o total de despesas de um período de 6 a 12 meses – prazo para a recolocação no mercado de trabalho.

Porém, especialmente no último ano, 6 meses pode ser pouco para a maioria das pessoas.

Nesse caso, o montante guardado poderia ser para 12 meses. Ou até mais.

 

vidro com moedas e três pilhas de moedas com mudas de planta em cima

 

Como começar

Caso você ainda não tenha uma Reserva de Emergência, comece com o que puder.

Quanto antes começar, melhor.

Talvez 5 ou 10% dos proventos mensais seja um bom início.

Ao iniciar, você começa a modificar alguns hábitos de consumo que identifica como não tão importantes – ou até mesmo irrelevantes.

Aliás, por mais chocante que possa parecer, você precisa de muito menos do que acredita para viver. E não me refiro à uma vida de privações, mas com consumo consciente e menos compras por impulso.

A chave do sucesso para alcançar esse objetivo é a disciplina.

Se você decidiu que vai separar 10% do salário para esse fim, cumpra sua palavra, pois essa atitude reforçará a confiança de que é capaz de fazer o que planejou.

Podem ocorrer imprevistos, porém eles não estão presentes na maior parte do tempo.

Dessa forma, na maioria dos meses, com disciplina e comprometimento, o objetivo pode ser alcançado.

 

Onde guardar a Reserva de Emergência?

Talvez você tenha pensado na famosa Caderneta de Poupança, pois a liquidez é imediata e há algum rendimento.

Porém, o rendimento atual é tão baixo, que não cobrirá sequer a inflação do período.

Outra opção seria o Fundo DI do seu banco de varejo, que também tem liquidez imediata. Porém, há uma taxa de administração que pode chegar a 4% ao ano – ou até mais, dependendo do produto.

Os especialistas do mercado financeiro recomendam alocar a Reserva de Emergência no Tesouro Selic (Título do Tesouro Direto), que também possui liquidez diária e rentabilidade em torno de 100% da Selic.

 

A questão do conforto

Esse subtítulo pode parecer estranho, mas logo você entenderá o raciocínio, caso ainda não o conheça.

De que adianta você alocar 100% da sua Reserva de Emergência na Caderneta de Poupança se sentir-se incomodado com a baixa remuneração?

De que adianta alocar 100% do Fundo DI de seu banco se acredita que pode haver problemas na hora do resgate?

De que adianta alocar 100% no Tesouro Selic se acredita que talvez o Governo não te devolva com os juros acordados o dinheiro que você emprestou à ele?

Apesar de remotas, as situações acima sobre um eventual não pagamento podem ocorrer.

Não existe investimento com 0% de risco. Em maior ou menor grau, todos possuem algum tipo de risco.

O que você precisa fazer, é procurar aquele investimento que vai de deixar dormir tranquilo.

Se te causa preocupação, não é um produto adequado para o seu Perfil de Investidor.

Eu costumo dividir entre Tesouro Selic e CDB de um grande banco de varejo.

No CDB que invisto, quanto maior o tempo de investimento, maior é a porcentagem do CDI de retorno. Porém, se a retirada por antes de 180 dias, além do imposto de renda de 22,5%, há o pagamento de apenas 72% do CDI.

Por isso, procuro ter várias datas de vencimento, para quando necessário, retirar o que está lá há mais tempo.

Para o melhor gerenciamento de risco, em necessidade de resgate, minha estratégia é retirar uma parte do Tesouro Selic e outra do CDB (ou alternar entre eles) para que continuem equilibrados: algo em torno de 50% para cada.

 

pilhas crescentes de moedas

 

Conclusão

Ninguém gosta de passar por problemas, emergências ou contratempos. Porém, eles fazem parte da vida.

Para tornar a situação um pouco menos desconfortável, tensa ou com privações mais sérias, a Reserva de Emergência é essencial.

Por questões culturais, falar sobre dinheiro é um tabu no país.

Porém, conforme a sociedade vai se desenvolvendo e com tanto acesso à conteúdos relevantes na internet, aprender mais sobre o tema é muito importante.

Considero a Reserva de Emergência semelhante a um seguro: ninguém quer precisar usar. Mas, se precisar, é melhor que essa opção esteja disponível.

A combinação CDB e Tesouro Selic é a que me proporciona mais tranquilidade, porém a sua pode ser diferente.

Quando conseguir dormir tranquilo, sem se preocupar com os investimentos que fez, significa que encontrou a combinação ideal para você. Isso vale não só para a Reserva de Emergência, mas para todos os investimentos.

Porém, se ainda não encontrou, continue sua busca, que em breve você a encontrará.

E lembre sempre: a Reserva de Emergência precisa estar em um produto seguro e que tenha liquidez imediata.

 

Obs: esse post tem caráter meramente informativo. A responsabilidade pelos investimentos efetuados é única e exclusivamente do leitor.

 

Créditos das imagens:  Free Digital Photos

 

 

17 thoughts on “A importância da Reserva de Emergência”

  1. Emergências acontecem sempre e que bom termos um fundinho especial pra elas…E em geral, sempre há um filho que tenha emergências,rs… Lindo e importante teu post! Vale! beijos, ótimo dia! chica

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    • Bem lembrado: muitas vezes, a reserva é utilizada com os filhos.

      Isso ilustra melhor ainda a grande importância de ter esse recurso disponível em caso de necessidade.

      Bom saber que gostou do meu post!

      Abraços,

      Reply
    • Roselia

      Interessante o que disse: precisamos confiar em Deus, porém fazer a nossa parte agindo com prudência.

      Nunca devemos “dar o passo maior do que a perna” apenas por acreditar que tudo vai dar certo, porém sem tomar as atitudes necessárias, sem fazer o planejamento adequado.

      Se agindo com prudência, muitas vezes as coisas já saem errado, imagine sem…

      Aliás, o último ano mostrou de forma muito clara o quanto prudência, cautela, amor próprio e amor ao próximo são importantes.

      Abraços,

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  2. Bom Dia.

    Essa é a primeira vez que escrevo aqui e é para elogiar seu excelente e maravilho blog. A sua simpatia e simplicidade na escrita, é maravilhoso. Obrigado por compartilhar esses maravilhosos textos conosco.

    Sobre o tema, tenho lido e vejo conhecidos, que sem a Reserva de Emergência, nessa época que estava vivendo da COVID-19, eles teriam morrido. Isso por que em suas cidades, as UTIs estavam lotadas e utilizaram a Reserva de Emergência para pagar o transporte que os levaram para cidades que tinham vagas em UTIs.

    A Reserva de Emergência nunca foi tão necessário, do que na época que estamos vivendo.

    Abraços, e novamente, obrigado pelos seus excelentes textos!!!

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    • Rodrigo,

      Seu comentário ilustra bem o quanto a Reserva de Emergência é importante. Ou melhor, essencial, pois no caso descrito, ela pode significar a oportunidade de continuar vivo.

      Inclusive me lembrou de um post que escrevi há 3 anos.

      Eis o início da postagem:

      “Há histórias que nos marcam para sempre, como uma que ouvi quando eu tinha uns 15 anos.

      Foi mais ou menos assim:

      – Fulano está tão mal… Os médicos estão tentando de tudo, mas não está adiantando – disse a mãe.

      – Ainda bem que ele tem dinheiro e está sendo bem tratado. Imagine se não tivesse – disse a filha.

      Se quiser conferir na íntegra: O que o dinheiro não compra. E o que ele compra.

      Ninguém quer precisar usar. Mas se necessitar, é muito melhor ter o recurso disponível do que não ter. Ainda mais agora.

      Agradeço por sua vista, comentário e por palavras tão motivadoras!

      Bom saber que gosta do conteúdo do meu blog.

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    • Janio,

      Nossa…

      O desemprego é uma das grandes mazelas do nosso país. Espero que em breve consiga um novo emprego.

      Há programas de capacitação governamentais. Talvez algum deles seja útil à você.

      Como motivação, gostaria de sugerir os canais no YouTube e Instagram do Tiago Fonseca (Mundo Pictures) e Geraldo Rufino. São grandes exemplos de superação e de inspiração.

      Desejo boa sorte em sua busca.

      Abraços,

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    • Piedade Sol,

      Quem diria que em pleno século XXI um dos itens mais desejados pela humanidade seria uma vacina.

      Isso mostra de forma muito clara, o quanto as ilusões e distrações do mundo tornam-se sem importância quando o essencial está em risco.

      São em momentos assim, dolorosos e conturbados, que podemos pensar melhor sobre nossos gastos e filtrar melhor o que realmente vale a pena ser comprado.

      Bom saber que gostou do meu post! 🙂

      Abraços,

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  3. Rosana, assunto que parece batido mas é superimportante!

    Acredito que a reserva de emergência é o primeiro passo para consolidar hábitos necessários que a liberdade financeira exige. Se a pessoa não possui a mínima diligência de criar algo tão óbvio, nunca vai atingir voos maiores.

    O pior é que tem muita gente já se achando “o/a” investidor(a) sem ao menos ter uma reserva mínima. Piada pronta, né?

    Abraços!

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    • André,

      Sem uma mudança consistente dos hábitos, em pouco tempo a Reserva de Emergência vai embora. Por isso, a disciplina e o consumo consciente são tão importantes.

      Investir sem a reserva mínima é arriscado demais! Sem o conhecimento adequado, muitos acabam caindo na armadilha da falta de informação.

      Abraços,

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  4. Rosana, se esse tema já era importante em circunstâncias normais, ele ganhou ainda mais importância nessa época de pandemia.

    Destaco os dois últimos parágrafos:

    “Considero a Reserva de Emergência semelhante a um seguro: ninguém quer precisar usar. Mas, se precisar, é melhor que essa opção esteja disponível”.

    Perfeito! É aquela coisa que ninguém quer contratar, mas só é quando precisa é que vê a importância dela.

    “….A combinação CDB e Tesouro Selic é a que me proporciona mais tranquilidade, porém a sua pode ser diferente….”

    Também penso igual. O CDB proporciona em geral um ganho ligeiramente maior, mas também não deixa de ser seguro por causa da proteção do FGC. E ter liquidez diária também é relevante.

    Abraços!

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    • Guilherme,

      Seguro é o tipo de coisa que ninguém quer contratar, mas no momento de necessidade, quanta falta faz não tê-lo!

      A pandemia deixou evidente demais a grande e essencial importância da Reserva de Emergência.

      Com ela, quantos apuros financeiros podem ser evitados! E como o Rodrigo disse, pode significar também ser transferido para um local onde há mais recursos hospitalares.

      Abraços,

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  5. Boa noite, Rosana
    Postagem muito interessante. Como você colocou aqui a Educação Financeira no país, deveria ser disciplina desde o Ensino Fundamental, concordo plenamente. Ter uma reserva de emergência é necessário. Bjs querida.

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  6. O mundo estava a recompor-se da crise de 2008… agora estamos enfrentando uma pandemia… o problema, é que na ultima década, a grande maioria dos empresários se vem recuperando por conta de uma precarização de mão de obra… e de baixos salários… e sob o pretexto de mais outra recuperação económica, para os próximos anos, vai recorrer às soluções do costume, e a aplicá-las aos suspeitos do costume!
    Nos anos 60, 70, 80, um agregado familiar, orientava-se muitas vezes com um único ordenado… hoje em dia, tal é quase impossível! Há carreiras laborais, que há dez anos, não têm aumentos ou incentivos… há funções exercidas por licenciados, que pouco acima estão, do ordenado minimo…
    Há muitas famílias endividadas, que vão contraindo empréstimo… para pagar o anterior… e fazem de tal… o seu modo de vida…
    Quando um dos ordenados, se destina para pagar renda, ou prestação do banco, e outro ordenado falha… pura e simplesmente, não haverá grande margem de manobra… e aí… entram as empresas oferecendo crédito, com muito boa vontade… e juros para o resto da vida… mesmo depois da vida se voltar a endireitar, com a recuperação de outro ordenado…
    Aqui em Portugal, o nível de poupanças nunca esteve tão baixo, como agora. As pessoas não conseguem poupar… e se poupam… os juros dos depósitos, ou aplicações do Tesouro, têm valores de rir, de baixos que são… ou vêm os valores das suas contas de depósitos serem contempladas, com taxas de serviços que sempre vão inventando… enquanto imensas dependências bancárias vão fechando…
    Gostei de ficar sabendo, sobre as possibilidades de poupança que no Brasil, podem ser consideradas…
    Quando eu fiz faculdade, ser-se bancário, era uma profissão de sucesso… hoje em dia, é uma profissão em vias de extinção, substituída, pelas alternativas informáticas! Antigamente, numa dependência bancária víamos no mínimo umas dez pessoas… hoje em dia, 3 no máximo… mas continuam exigindo comissões a perder de vista… por conta de investimentos especulaticos, que correram mal, no passado, e de que se estavam a recuperar… a machadada final, vem com esta pandemia, a obrigar ainda a fechar-se cada vez mais dependências, e a ser-se cada vez menos bem servido em termos de atendimento…
    E assim vai o mundo… em mudança acelerada… e profunda, em muitos sectores!…
    Um beijinho!
    Ana

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