Imagine que você está em um evento e o palestrante pergunta:
– Quem quer ganhar um brinde?
Tenho quase certeza de que a sua resposta será:
– Eu!
Agora imagine que nesse mesmo evento foi apresentado um problema, mas todos da plateia não acertaram a resposta. E todos têm ciência de que todos erraram.
Então o palestrante pergunta:
– Quem errou a resposta do problema?
É bem provável que todos – ou quase todos – respondam em uníssono:
– Nós.
Reparou a diferença?
O mais conveniente
Nos dois casos usamos o que mais nos favorece ou minimiza os erros ou características negativas que possuímos.
No exemplo do brinde, eu quero ganhar. E se você ganhar – ou não – isso não fará diferença nenhuma para mim, pois o “eu” está em primeiro lugar.
No exemplo do problema, errar não é algo agradável. Por isso, se você errou também, nada mais “palatável” para mim do que dividir meu erro com você.
De forma inconsciente, essa divisão torna o erro mais suave e eu acabo não me sentido tão mal, pois afinal de contas você errou também.
E nada mais tranquilizador do que saber que estamos na mesma situação, principalmente se ela for negativa (para usar o “nós” em vez de “eu”).
Nas situações convenientes, quase sempre a lógica se inverte: primeiro eu.
Depois você.
Aprendendo com o inconveniente
Por mais desagradável que seja, usar “eu” em situações negativas pode ser muito benéfico, pois dessa maneira trazemos a responsabilidade para nós em vez de a distribuirmos com os outros.
Essa atitude faz com que haja uma significativa mudança na mentalidade, visão e compreensão do assunto.
De forma natural, a mente se sentirá incomodada e começará a buscar uma solução. Não sempre, mas muitas vezes é isso o que ocorre.
O ser humano
Um exemplo que diz respeito a todos nós é a frase clássica: “o ser humano está destruindo a natureza”.
Percebe que quando o termo “ser humano” é usado, a afirmação se torna suave e muito vaga, muito mais vaga até do que seria com o uso do nós?
Não dá até a impressão de ser algo que não diz respeito a mim e à você?
Agora veja outra frase: “Como ser humano, eu também estou contribuindo para a destruição da natureza”. Percebeu como a mudança tornou a frase muito pessoal e até incômoda?
É a partir desse incômodo que provavelmente você começará a fazer algo para ajudar a mudar essa situação, seja não jogando lixo nas ruas, optando por um consumo mais consciente, falando com outras pessoas sobre a importância da preservação ambiental, etc.
Outro exemplo diz respeito à alimentação.
Quem nunca ouviu a frase: “As pessoas se alimentam muito mal hoje em dia”.
Usar o termo genérico “as pessoas” torna tudo tão impessoal que até parece ser algo que não tem nenhuma relação comigo nem com você.
Se modificarmos a frase para: “As pessoas se alimentam muito mal hoje em dia, inclusive eu“, o quadro mental será totalmente diferente como no exemplo anterior.
E as atitudes posteriores também.
Faça o teste!
Comece a usar “eu” no lugar onde costuma usar “nós” com o objetivo de amenizar o erro, dividir a responsabilidade ou justificar atitudes.
Aos poucos você perceberá que sua compreensão e visão sobre determinados assuntos começará a mudar, pois o uso do “eu” e do “nós” estarão mais de acordo com o que realmente deveriam ser e não mais de acordo com nossas conveniências que acabam suavizando os fatos ao mesmo tempo em que prejudicam nosso próprio desenvolvimento pessoal.
Crédito das imagens: Karen Arnold – Pixabay
Muito interessante, aproveito para desejar uma boa semana.
Andarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
O prazer dos livros
Bom dia de paz, querida amiga Rosana!
Na Espiritualidade, aprendemos a usar o eu sem nenhum tipo de egoismo como o mundo quer nos incutir para minimizar responsabilidades…
Tenha dias abencoados!
Bjm carinhoso e fraterno de paz e bem
oi, Rosana! que texto incrível em sua sabedoria. o que mais me marcou foi justamente essa questão de trazer para o "eu" por questão de responsabilidade e escolhas.
às vezes me pego falando ou pensando que faço isso porque não tenho escolha, convenientemente esquecendo que apenas o fato de fazer algo é uma escolha. por isso, gosto de deixar claro para mim mesma o que faço e porque o faço, mesmo que não seja agradável. quando não é agradável, fica infinitamente mais fácil mudar de atitude, comportamento, padrão de pensamento.
acho que isso é amadurecer. e amadurecer nunca é fácil; essas questões todas perpassam meu (nosso!) caminho de crescer como pessoa.
um ótimo dia e semana para você! 🙂
Bom saber que gostou, Francisco. 🙂
Roselia,
Gostei de saber que você também utiliza essa prática. E como você disse, o mundo sempre quer que sigamos em caminho oposto…
Boa semana,
tainan,
Seu comentário ilustra bem o quanto os pensamentos são poderosos – para o bem ou para o mal. Por isso, precisamos prestar muita atenção no que estamos pensando, já que isso refletirá em nossas ações, que delinearão nosso futuro.
Amadurecer nunca é fácil, pois gostamos da permanência, da segurança e não da impermanência, que é o que na realidade temos na vida. Mas quem percebe a beleza, a importância e a grandeza da impermanência acaba se saindo melhor nessa questão.
Bom saber que gostou do meu post! 🙂
Um bom feriado para você,
Olá, S&H
É extremamente revelador perceber como as pessoas conseguem ser egoístas ou solidárias quando lhes interessam mais. A natureza humana é revoltante às vezes.
É interessante que, quando comecei a estudar mais sobre a independência financeira, passei a encarar a vida de outra maneira: tudo o que acontece na minha vida, bom ou ruim, é culpa minha. Essa mudança de mindset foi poderosíssma, porque além de parar de reclamar e tentar achar uma desculpa por alguma miséria que me acontecera na vida, não tive outra escolha a não ser me tornar o responsável por sempre melhorar a minha vida.
Hoje, pra mim, não existe mais "nós erramos" apenas o "eu errei" e o "eu estava errado." E eu estou muito agradecido por ser assim hoje.
Abraços e seguimos em frente!
Pinguim Investidor
https://pinguiminvestidor.com –> Sim, novo domínio! Inspirado em parte por você hahaha
Pinguim Investidor,
Responsabilidade: quando pensamos dessa forma, a vida muda e paramos de culpar os outros por nossos erros.
São poucas pessoas que conseguem pensar e agir dessa forma. Parabéns por ter conseguido!
Que legal seu blog estar com domínio próprio agora! Desejo-lhe muito sucesso. 🙂
Mais um post formidável, analisando a diferença de perspectivas… e nos consciencializando para tal!…
Um post, extremamente interessante! Parabéns!
Beijinhos
Ana
Bom saber que gostou, Ana. 🙂