Games atuais: divertidos ou perturbadores?

Mesmo que você não goste de jogos de vídeo game, é bem provável que já tenha ouvido falar em Sonic, Super Mário Brothers, Enduro, Pacman, Grand Teft Auto e Resident Evil – esse último fez tanto sucesso que foi adaptado para o cinema.

Tenho quase certeza que você também conhece os nomes de alguns dos consoles a seguir: Atari, Nintendo, Master System, Meda Drive, Playstation, Wii, XBox.


dois-rapazes-jogando-videogame

 

Mudanças positivas

Os primeiros consoles possuíam jogos em cartuchos, jogabilidade limitada e imagens em duas dimensões.

Muitos possuíam cores bem vivas e carregadas – até de forma exagerada como o Sonic. Talvez esse excesso de cores fosse uma maneira de compensar as limitações de processamento gráfico e das músicas midi, que eram geralmente um pouco sem graça e repetitivas.

Com o Sega Saturn, as músicas midi antigas começaram a ser substituídas por músicas reais, compostas exclusivamente para os jogos ou já gravadas por algum artista ou banda.


As músicas midi não foram totalmente abandonadas, mas a qualidade melhorou de forma significativa – não se parecem nada com as que fazem parte dos games dos primeiros consoles.


O gráfico (o que você realmente vê na tela: as definições, detalhes, etc) também evoluiu. Veja no final do post um site com imagens dessa evolução.


Enquanto jogos de consoles mais antigos a opção de movimento era unicamente para cima, para baixo, movimento lateral e diagonal em duas dimensões,  consoles como Playstation One e Sega Saturn proporcionaram uma grande inovação: além dos movimentos citados acima, a profundidade estava presente nos jogos. A partir desse momento, a visão dos jogos eram em três dimensões.

O modo como vemos as coisas não estava apenas no mundo real e nos filmes. Os games também entraram no mundo 3D!

Quem gosta de games consegue entender bem a diferença gigantesca entre um jogo em 2D e outro em 3D.

Para ilustrar, na imagem 2D você enxerga um objeto assim:

quadrado-em-2d

Na 3D abaixo, quanta diferença! A imagem tornou-se muito mais interessante, não é?

quadrado-em-3d

A maioria dos jogos atuais possui cores mais balanceadas, mais suaves, sem muitos exageros “de fábrica” como no Sonic (do Master System e Mega Drive) exceto se for realmente necessário.

O Guitar Hero é bem colorido, assim como o Flower, mas são jogos que naturalmente “pedem” cores mais vivas. Enquanto isso, o jogo Grand Theft Auto possui tons mais suaves, mais próximos da realidade e o Resident Evil possui tons mais sombrios, combinando com a história do jogo.

Sei que muitos leitores vão discordar, mas vejo os acessórios com certa desconfiança em jogos nos quais eles são a única opção, já que o preço desses produtos geralmente é elevado para os padrões brasileiros – assim como quase tudo nesse país. Por exemplo, o Guitar Hero Live para o Playstation 3 custa por volta de R$ 110,00 (preço em 10/2018). Pior: as guitarras dos jogos anteriores não funcionam nesse jogo. E não há opção de jogar com o controle!

Infelizmente mais uma faceta da obsolescência programada em ação…

É divertido jogar com o kinect (sensor de movimento do XBox) e deve ser jogar o Guitar Hero com a guitarra, mas é melhor ainda quando a opção para jogar com o controle também está disponível. Infelizmente há jogos atuais nos quais não é mais possível jogar com o controle, só com o acessório.

As mudanças nos controles (joysticks) mostram bem o desenvolvimento desse mercado.

O controle com dois botões foi aos poucos sendo modificado até chegar-se ao atual com até 17 opções! Veja abaixo a grande diferença entre eles. No final do post há também um infográfico bem interessante sobre o assunto.

 

controles-de-videgames-evolucao

 

Mudanças negativas

Os jogos atuais possuem gráficos cada vez mais realistas. Talvez realistas até demais, no sentido de serem perturbadores para a mente em se tratando de jogos violentos.

Com tanta violência na tela (filmes, noticiários, videogames), a mente acaba adaptando-se ao que vê e vivencia, a chamada psicoadaptação. Isso faz com que tais cenas violentas tornem-se normais, o que definitivamente não são. Ou pelo menos não deveriam ser. 

Será que crianças e jovens não estão começando a confundir ficção e realidade, ainda mais em uma país que proporciona formação escolar de qualidade tão ruim e índices de violência cada vez mais altos? 

Como era de se esperar, através da psicoadaptação a exposição excessiva a cenas violentas leva a frieza, pois a pessoa começa a encarar a violência como algo corriqueiro e natural no mundo. Tal frieza influencia os valores da pessoa, pois empatia, respeito, confiança, ética e amor vão sendo aos poucos substituídos por pensamentos mais egoístas e inescrupulosos.

O risco do vício também é considerável, pois os jogos são cada vez mais longos, complexos e prendem a atenção. Quem gosta muito, passa facilmente 3, 5 horas ou até mesmo uma madrugada inteira jogando sem se dar conta de quanto tempo gastou  com esse tipo de entretenimento.

O pior é que isso não ocorre de forma esporádica: como em todo vício, o hábito de jogar é diário e extenso em quantidade de horas em muitos casos.

Conclusão

No mundo dos games há diversão para todos os gostos, mas alguns jogos – principalmente os mais violentos – parece que adentraram no terreno de uma realidade perturbadora não muito diferente da realidade diária em muitos casos. 

Como exemplo, a série Grand Theft Auto para o Playstation 2 tem o gráfico mais parecido com animações e desenhos, enquanto a realidade é bem mais intensa no mesmo jogo para consoles mais novos, com a violência explícita de forma mais real. Será que isso é saudável para a mente?


Além disso, muitos jogos atuais são menos divertidos do que os anteriores. Parece até que em muitos casos diversão e realidade são como dois componentes repelentes entre si: onde um está presente, o outro provavelmente não estará. Uma pena, pois seria muito bom se houvessem mais jogos divertidos que aproveitassem todo o potencial gráfico atual, mas com menos – bem menos – violência implícita ou explícita.

 

Créditos das imagens:
Jogando: Ambro – Free Digital Photos
Evolução do controle para videogames – Open your mind blog
Quadrados – minha autoria

Referências:

Lista de consoles de videogame
A evolução dos controles de video game [infográfico]
A evolução do controle para videogames

14 thoughts on “Games atuais: divertidos ou perturbadores?”

  1. Bom dia Rosana.
    Você já havia comentado sobre games num outro post a algum tempo. Vejo que você tem um certo conhecimento sobre o assunto, atlvez assim como tenha crescido na época do Master System, Mega Drive, Nintendo etc.

    Nessa época os games eram diversão para crianças e adolescentes. Dificilente adultos jogavam video game. Havia até um certo julgamento de adultos que jogavam, como sendo crianções etc.
    A indústria do game vem buscando o público adulto, também por isso o foco dos jogos mudou um pouco, aliado ao desenvolvimento da tecnologia criaram jogos que mais parecem filmes, com enredos mais complexos, que geralmente passam longe do universo infantil.
    Acho que a maior mudança foi essa, o foco mudou, a indústria do game venceu os preconceitos do passado e hoje é bilionária.
    Nada contra o seu desenvolvimento é tudo uma questão de mudança de foco.
    Com relação ao vício e a violência. No caso de crianças e adolescentes há que se ter atenção por parte dos pais, pra evitar os exageros ou o acesso a conteúdos que não sejam adequados as idades de seus filhos. Mas eu sei que fazer esse controle nem sempre é fácil, por isso é bom começar com isso desde criança.
    Já no caso dos adultos resta contar com o bom senso de cada um. Mas acho que muita exposição a jogos, filmes violentos, noticiários criminais etc não é saudável. Não vejo ganho com esse tipo de exposição.
    Não posso afirmar que alguém fique violento por isso, pois isso depende de diversos fatores, mas certamente dificilmente alguém ficará melhor consumindo esse tipo de "material".

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  2. Olá, Rosana! Muito boa a leitura do seu post, muitas coisas não conhecia, uma vez que estou bem distante dos videogames. Quase todos jogos que vc citou nem imagino como é a interface. Mesmo Nintendo, MegaDrive e Playstation, nunca tive. Talvez uma jogadinha uma vez ou outra na casa de um amigo.

    Eu joguei muito Atari quando era criança/adolescente. Foi o único videogame que conheci. Depois, na faculdade, apenas eventuais jogos em computador, mas nunca seriamente. Joguei um tempo os 3D da época, como Doom e DukeNuke. Gostei muito da aventura motociclista Full Throttle, mas gastei mais tempo nos clássicos Civilization.

    Apenas com Civilization consigo ter uma comparação com a versão atual (que tenho no meu computador) com a primeira que joguei. Esses jogos de estratégia possuem adições além das propriedades gráficas, colocando muitas outras variáveis no jogo que não existiam anteriormente. Então, nesse caso, acho que há uma evolução sim. Não pelos gráficos somente, mas no jogo como um todo.

    (Veja que não consigo debater muito com as opiniões do seu texto, pois jogos de violência não lembro de ter jogado nenhum rsrs).

    Abraços!

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  3. Eu acho que o maior problema está no tempo que você gasta com os Videos games.Já tive problemas sérios com eles na adolescência , parecia um Zumbi social.

    Jogar vídeo game é algo confortável , oque bate com o instinto humano de sempre querer poupar energia , e como nele o tempo passa muito rápido é algo perigoso , porque você poderia estar fazendo milhares de coisas mais produtivas , como leitura , assistir um documentário interessante, fazer academia etc , são varias outras atividades mais produtivas para o ser humano.

    Não acredito que atrapalhe o meu dia dia , mas come o tempo vago. Entao por isso , hoje optei por não tê-lo em casa,e a mudança foi absurda. Eu já estava em um nível , que chegava do trabalho e já ia para o game e com isso não dava mais vontade de sair dali.

    Peao Playboy

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  4. Oi Rosana, realmente os jogos atualmente estão bem menos divertidos que em épocas passadas. E essa é uma indústria que não para de crescer, haja vista que estão até ocupando o espaço em canais de TV, com aqueles campeonatos organizados como se fosse uma Copa do Mundo.

    Abraços!

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  5. Peao Playboy,

    Gostei do seu comentário: sem dúvida, o tempo gasto com games é grande. Não existe aquilo de "vou jogar só 30 minutos" – quando a pessoa vê, já se passaram 3, 4 horas. Ainda bem que você percebeu e conseguiu mudar seus hábitos nesse sentido.

    Como citou, há coisas mais importantes que poderiam ser feitas, como leituras e exercícios físicos. Assim como em tudo na vida, até quando falamos em diversão, é necessário muito equilíbrio para que não torne-se um vício.

    Um bom final de semana!

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  6. André,

    O Atari fez um grande sucesso, acho que foi o 1º console vendido em larga escala. Acabou virando um clássico e agora mais ainda com os retrogames em alta.

    Já ouvi falar do Civilization. Parece a que a evolução desse game é semelhante a que ocorre nos consoles.

    Jogos de estratégia são mais comuns para computador. Em consoles não fizeram muito sucesso. Uma pena, pois seriam boas opções – além de apresentarem menos violência explícita.

    Bom saber que gostou do meu post! 🙂

    Um bom final de semana,

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  7. Anônimo,

    Bem lembrado sobre o publico-alvo dos games. Era estranho mesmo ver adultos jogando. Era até raro. Acredito que não achavam muita graça. Mesmo com uma certa violência, era um produto feito para crianças.

    Com o tempo, esse mercado parece que foi mudando o foco e mesmo sendo uma indústria bilionária, preferiu investir em conteúdo com mais violência e não tão divertido – até existem jogos assim, porém nunca estão entre os mais vendidos, ou seja, os que terão continuação. Uma pena, pois poderiam haver mais opções não violentas e divertidas, mas que não fossem necessariamente para crianças pequenas. No final, é tudo uma questão de mercado: o que vende mais, acaba ganhando mais atenção do desenvolvedor.

    Sobre vício e violência, penso como você: cabe aos pais monitorar o uso, para que não haja excessos.

    Um bom final de semana!

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  8. Um post super interessante…
    Confesso, que acho muitos dos jogos que vejo actualmente, para jovens, altamente perturbadores e violentos… e por qualquer razão… parece que esses são os que têm maior preferência, talvez por oferecerem emoções fortes… em termos pessoais… confesso, que nunca perdi muito tempo com jogos virtuais… sempre tive uma natural aversão… preferindo ocupar o meu tempo na virtualidade… de uma forma mais construtiva… como neste nosso mundo dos blogues, onde a partilha do conhecimento, é uma constante… e bem mais desafiador…
    Beijinhos! Continuação de uma boa semana!
    Ana

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  9. Ana,

    Talvez por vivermos em sociedades cada vez mais estressantes, muitas pessoas procurem por emoções fortes dos jogos. O problema é que isso acaba tornando-se um hábito. Além disso, a indústria bilionária dos games acaba produzindo cada vez mais jogos violentos, o que acaba tornando-se um círculo vicioso muito negativo.

    Sem dúvida que o mundo virtual voltado ao conhecimento e à interação sadia é muito, muito melhor. E como você sempre teve uma certa aversão, acho que é algo que nunca fará sentido para você. Acho interessante essa parte dos gostos e afinidades – cada um é um conjunto único de afinidades, qualidades e defeitos, não é?

    Boa semana!

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