Juventude antecipada, juventude prolongada

Vivemos em uma época muito estranha.

Acredito que essa frase tenha feito você pensar em vários temas e problemas atuais, mas o foco desse post é basicamente a vestimenta atual.

Há poucas décadas, criança se vestia como criança e tinha hábitos de criança enquanto adulto se vestia como adulto e tinha hábitos de adulto.


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Mas o que vemos hoje?

Meninas de 4, 6 anos vestindo roupas coladas no corpo, evidenciando perninhas bem desenhadas, mas evidenciando também outras partes do corpo que mulheres adultas de 50 ou 60 anos atrás sequer ousavam destacar.

Vivemos em uma época de erotização precoce e muito perigosa das meninas (ainda mais com a internet e a pedofilia). Se nas décadas anteriores, de vez em quando brincávamos de nos vestir como nossas mães, com direito a batom e unhas pintadas, hoje isso não é mais brincadeira, pois tornou-se algo rotineiro, como se fosse normal.


Você já deve ter visto pelo menos uma vez, mãe e filha (de até uns 10 anos) usando praticamente a mesma roupa: blusa muito justa e calça legging.


Onde foram parar as roupas de criança?

Onde foram parar as saias e os vestidinhos comportados e adequados à essa faixa etária?

Se na infância as roupas são inadequadas, na adolescência a situação piora, pois entram em cena mini shorts e microssaias – o que poderia ser muito diferente se não houvesse a erotização tão precoce.


Onde foram parar as roupas elegantes de moças e senhoras? Com elegante não quero dizer fora de mora, mas algo que não exponha tanto assim o corpo feminino como vemos o tempo todo por aí.


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Há algum tempo assisti um vídeo de uma menina ainda de fraldas fazendo passos e gestos eróticos ao som de uma música imprópria até para adultos. 

Será que ela aprendeu essa dança sozinha?

Claro que não.

Lamentavelmente haviam aplausos e risadas, o que reforçava ainda mais o seu comportamento. Com tanta aprovação na mente da criança, aquela “dança” era considerada algo normal, algo bom. Mas será que era mesmo?


A erotização excessiva e fora de contexto não atinge somente as faixas etárias citadas até aqui.

Atingiu também a 3º idade.

Quantas vezes você já viu por aí mulheres com mais idade vestidas com as mesmas roupas justas e até decotadas que caíram no gosto das mais novas?


Como no exemplo citado anteriormente de mãe e filha pequena com blusas muito justas e calças legging, já vi o mesmo ocorrer com filha de 50 anos e mãe de 80 (idades aproximadas). Felizmente isso não é muito comum. Ao mesmo tempo, lembro de uma amiga que nunca teve coragem de usar roupas tão justas quanto as que sua avó usava.


Vivemos em uma época muito contraditória e incoerente, com a “adultização” das crianças e a ânsia dos mais velhos pela juventude – os cremes anti-idade que o digam…


Não seria melhor, mais adequado e sábio se, como antigamente, todos vivessem cada uma das etapas da vida em seu próprio tempo, não tentando antecipar ou postergar tais fases?


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Pode parecer utopia, mas acredito que dessa maneira, a sociedade seria formada por crianças com hábitos de criança, adultos com hábitos de adultos e idosos vivendo realmente de acordo com sua faixa etária – o que talvez os tornassem fontes extraordinárias de sabedoria e conhecimento.


Créditos da imagens: Stuart Miles, farconville e zirconicusso – Free Digital Photos 

 

 

 

14 thoughts on “Juventude antecipada, juventude prolongada”

  1. Gosto de crianças com roupinhas de crianças, vestidinhos lindos, simples, pois elas nem precisam de muito mais. Não gosto dessa erotização antecipada, nem as velhotas querendo bancar as mocinhas… Tudo tem seu tempo!!! Mas, respeitar é preciso.O mundo anda tão cheio de "mimimis" …

    bjs, lindo dia,chica

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  2. Pois é Rosana, são as gradativas mudanças da sociedade.

    Disso tudo, o pior é a erotização de roupas infanto juvenis. Aliás venho percebendo que as criança estão perdendo espaço na sociedade, a programação infantil está cada vez menor, os espaços onde crianças não podem ou devem frequentar são cada vez mais comuns e a adultização já é algo frequente.
    Crianças com agenda de adultos principalmente da classe média pra cima. Será se realmente isso é necessário?

    Com relação as mulheres mais maduras ou mesmo idosas: Já vi várias vezes mulheres de mais idade, vamos dizer assim, vestidas de forma sensual, as vezes vulgar. Com idosas é mais difícil porque a maioria ainda tem uma certa auto censura e o físico também não encoraja muito.
    Isso ao meu ver é fácil de entender, a nossa cultura valoriza muito a juventude, o vigor, a boa aparência física e sempre trato o velho ou o envelhecer com descaso.
    Pode ver como culturalmente a velhice é quase sempre tratada de forma pejorativa, os adjetivos usados quase sempre são ruins. E apesar da proporção de idosos crescer no Brasil, ainda não percebo mudanças quanto a essa cultura.

    E a erotização masculina não ocorre da mesma maneira que a feminina, mas as "exigências" com relação ao corpo masculino também são maiores, portanto hoje o homem também recebe uma certa cobrança direta ou indireta nesse sentido.

    Aliás Rosana, acho que devemos deixar bem claro o foco do seu texto, eu sou homem, não quero pautar o que as mulheres devem ou não vestir, o que está sendo analisado é a erotização exagerada que muitas vezes ocorre e que ao meu ver é desnecessária.
    Homem dando alguma opinião sobre roupa ou comportamento feminino hoje é facilmente julgado como machista e afins, mesmo que sejam dadas opiniões equilibradas.
    Mulheres que também tem opiniões próprias muitas vezes também são taxadas como machistas. Nesse ponto Rosana, a mulher mais "recatada" por opção, não por opressão, em alguns casos também recebe uma certa censura.
    Sei que seu blog tem um foco, mas ainda assim tem que se ter uma certa coragem e muita autenticidade pra escrever sobre um tema aparentemente simples como esse hoje em dia, porque a patrulha politicamente correta é forte.

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  3. Anônimo,

    Infelizmente é cada vez mais comum crianças com agendas de adultos, assistindo programas impróprios para sua idade e com roupas que não deveriam fazer parte dos seus guarda-roupas.

    Gostei do seu questionamento: será que isso tudo é necessário?
    Não, muito pelo contrário.
    Falta sabedoria aos pais, que parecem meio perdidos sobre como agir. Pular etapas nunca é saudável. Tudo tem seu tempo, como disse a Chica no comentário acima. Ao mesmo tempo, há a infantilização dos adultos – talvez tema de um futuro post.

    A sociedade brasileira parece que possui uma erotização muito sobressalente, mas vejo como um certo exagero o que ocorre atualmente. Parece que perdeu-se a noção do que seria uma vestimenta adequada para mulheres, em todas as fases da vida, sendo que na terceira idade, felizmente, muitas mulheres se vestem de forma elegante.
    Dá para ser sensual e elegante ao mesmo tempo, mas parece que isso é algo esquecido, sendo ocupado pela erotização excessiva.

    Várias culturas valorizam a juventude, acredito até que por motivos óbvios que estão no inconsciente coletivo sobre o significado da palavra velho. Significado de dicionário mesmo, mas de forma pejorativa, como você disse. Enquanto em outras culturas, velho significa história, sabedoria, tranquilidade, equilíbrio, algo raro e de valor, etc.

    Interessante o que falou sobre a cobrança em relação aos homens. Em uma sociedade que dá tanto valor ao visual, acredito que o resultado não poderia ser outro…

    Boa semana!

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  4. Gostaria de saber da autora, com base em nossa individualidade, com que idade podemos passar a controlar o que vestimos e com que idade devemos parar de controlar o que vestimos?

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  5. Anônima, não sou a Rosana, mas vou tomar e liberdade de opinar.
    O foco do texto foi apenas questionar a questão da erotização ou sensualidade por vezes exagerada ou fora de contexto.
    Não há nenhuma intenção de sugerir o que quer que seja. É apenas uma reflexão.
    E todos e todas são livres para se vestirem da forma que acharem mais adequada.
    Com relação as crianças cabe aos pais analisar cada situação.

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  6. Anônimo 10:54

    Com base na individualidade, durante a maior parte da vida somos livres para escolher o que vestir. Como o Anônimo 11:21 disse, "Com relação as crianças cabe aos pais analisar cada situação."

    O foco do texto é o excesso de erotização atual. Com sabedoria, respeito e discernimento, todos podemos nos vestir de forma elegante, sejam mulheres ou homens, não acha?
    Exemplos de elegância ao redor do mundo não faltam.

    Boa semana,

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  7. Anônimo 11:21

    Faço das suas palavras as minhas.
    Você compreendeu exatamente qual era a minha intenção ao abordar o assunto.
    É um tema polêmico, mas meu foco é a reflexão e quem sabe, a mudança para melhor na vida das pessoas.

    Vivemos em um mundo onde falta sabedoria em todos os sentidos.
    Os excessos como consumo, conexão à internet, acumulação de bens, glutonaria, impaciência, etc, que dependendo da intensidade são atitudes disfuncionais e prejudiciais estão cada vez mais intensos e mais comuns enquanto qualidades como temperança, tranquilidade, equilíbrio, paz, contentamento, enfim, tudo o que tornaria nossa curta existência uma vida que realmente vale a pena ser vivida, estão cada vez mais escassos.

    Excessos de atitudes negativas de um lado e escassez de atitudes positivas de outro.
    O resultado não poderia ser outro além do que o que vemos por aí – não só em relação à vestimenta, mas em âmbito geral.

    Boa semana,

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  8. Infelizmente, isso tem ocorrido frequentemente. Na instituição que dou aulas voluntárias, um dos maiores problemas das educadoras é fazer com que os pais "fiscalizem" as roupas que as meninas usam por lá. E pasmem, a idade vai de 8 a 14 anos somente…

    Bom texto para reflexão!

    Abraço!

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  9. André,

    Ainda bem que as educadoras da instituição onde você dá aulas cobram os pais. Vejo essa louvável atitude como um oásis em meio a um deserto de descaso nesse sentido. Parabéns à elas!

    Bom saber que gostou do meu post. 🙂

    Abraços,

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  10. Vivemos numa época de contrastes… vivemos perseguindo a juventude… mas cada vez mais, pessoas relativamente novas… são apontadas como velhas… e para as mulheres… essa categorização, ainda continua a ser mais cruel do que para os homens… imagino a pressão em actrizes… modelos… profissionais em que a imagem, seja um factor mais relevante…
    Beijinho
    Ana

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