O dia do menos

Desde muito cedo na vida, cada um de nós foi ensinado a pensar em mais: em ter mais, em fazer mais, em aprender mais, em comprar mais.

Porém, pouco se fala sobre o menos de forma positiva.

Aprendemos que, na maioria das vezes, o mais está muito relacionado com o positivo. E o menos, com o negativo e com a escassez.

 

ilustração de trações simples com menina indicando dúvida e vários traços coloridos ao redor

 

Quanto mais, melhor. Será?

Fico impressionado com a quantidade de atitudes e compromissos diários que muitas crianças têm hoje em dia. Será que sobra tempo para ser criança?

Não preciso nem falar sobre os adultos.

Por que e para que os dias precisam ser tão preenchidos?

Por que essa necessidade de preencher cada minuto do dia?

Por que essa aversão ao tempo livre?

Será que é por que todo mundo faz assim?

Ou não seria para não pensar sobre a existência, sobre o breve intervalo que separa o nascimento da morte?

 

O dia do menos

Hoje eu decidi pensar no menos.

No menos positivo.

No menos que torna a vida mais leve.

No menos que tira camadas desnecessárias da vida, que tira o que não faz mais sentido, que tira os excessos, os objetivos acumulados por anos.

No menos que reduz os pensamentos desnecessários e que não permite que a mente vagueie por excessos de expectativas e de objetivos.

No menos que planeja com cautela, com a consciência de que mais tarefas significam mais trabalho e menos momentos com o que realmente importa.

No menos que usa a criatividade com atenção e que não deixa a mente se distrair com situações hipotéticas que provavelmente não irão acontecer.

Hoje eu decidi pensar no menos que tira da vida o que faz mal.

 

O menos positivo

Hoje eu decidi pensar no menos que deixa a casa mais vazia de objetos. De forma nenhuma isso significa escassez, mais sim, um limite saudável entre o excesso e o ideal.

No menos que torna os pensamentos mais focados, mais concentrados, conclusivos e assertivos.

No menos que é capaz de permitir que a experiência do momento presente seja realmente apreciada e vivenciada da melhor forma possível.

No menos que consegue proporcionar um bom relaxamento com uma simples respiração mais vagarosa e profunda.

No menos que consegue apreciar a escrita desse post, da caneta deslizando pelo papel sem que nenhum pensamento desconexo prejudique a singularidade desse momento.

No menos que cria um momento especial com ricas e inesquecíveis experiências baseadas no ser e não no ter.

 

smileys felizes

 

Pense no menos

Pense no menos que torna a vida mais leve, mais agradável e mais conectada com os seus valores pessoais.

No menos que transforma a mera existência em vida, em uma vida que realmente vale muito, muito a pena ser vivida.

Uma vida com esse tipo de menos pode ser uma vida com mais coerência, leveza, alegria, discernimento e harmonia.

Pense mais no menos.

E seja feliz.

 

Créditos das imagens: Pixabay

 

18 thoughts on “O dia do menos”

  1. Adorei te ler! Pensar no meno, em tirar excessos, supérfluos…Estou quase iniciando obra aqui e por isso, tanto e tanto descaertei, doei, ainda que nunbca fui de acumular. Mas quero me preparar para o futuro onde em poucos metros quadrados pretemos viver.Importa é a vista da janela, ainda mais se praia pwertoi tiver!rs…

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    • chica,

      A gente nem percebe o quanto vai acumulando, não, é?

      É muito bom quando percebemos isso, quando temos consciência, começamos a descartar e vamos em busca do mais importante para cada um de nós.

      Gostei do que você falou sobre uma vida mais simples. Olhando um pouco para trás, percebemos o quanto a simplicidade é libertadora.

      Boa semana!

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  2. Isso aí. Menos pode ser mais. É verdade que temos que preencher o dia a dia com inúmeras atividades, se não fizermos isso é como se a gente se culpasse que tinha que estar fazendo alguma atividade. O nosso cérebro precisa de descanso também e de momentos de ócio.

    Boa semana!

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    Até mais, Emerson Garcia

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    • Nana,

      Gostei da sua frase: “focar no menos para valorizar o que vai trazer mais para você.”
      Em um mundo de excessos, essa é a melhor escolha.

      Vou ver o seu cantinho sim! 🙂

      Um bom final de semana!

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  3. Olá Rosana, boa tarde

    Gostei do seu artigo, fez-me lembrar de um podcast, não recordo o autor, que falava sobre os bens que a ociosidade e contemplação sincera faz nos dias atuais.

    A sociedade preza muito pela produtividade, mas desvaloriza a contemplação e observação. Um belo filme que mostra um pouco é “Dias Perfeitos”. Um belo convite a desaceleração da vida, numa vida rotineira e significativa.

    Abraços

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    • VAR,

      Fomos ensinados desde cedo a produzir, a estar sempre em movimento.

      Ociosidade e contemplação ainda são vistas como coisas de quem não tem muito o que fazer. Espero que as novas gerações consigam reequilibrar essas duas coisas, pois o mundo atual nos tornou tão insatisfeitos que o consumo exagerado acabou tomando o lugar do bem-estar duradouro proporcionado pela simples contemplação do belo que existe a nossa volta.

      Agradeço pela dica do filme “Dias Perfeitos”. Vi o trailer e achei interessante. 🙂

      Um bom final de semana!

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  4. Bom dia, Rosana
    Bela postagem. Realmente o menos torna a vida mais leve, como você bem colocou. Viver com simplicidade faz um bem enorme, sem o acúmulo de muitas coisas. Gosto de fazer doações, não precisamos de muito, basta o necessário. Desejo um ótimo final de semana, abraços.

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    • Penso como você, Lucinalva: não precisamos de muito.

      Para mim, o desprendimento e o desapego não são sinais de privação, mas sim de liberdade.

      Um bom final de semana!

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