O dia em que eu dormi no cinema/Eu não gosto de filmes

Era uma noite de quarta-feira. E eu dormi no cinema…

Eu e mais 4 ou 5 colegas tínhamos por volta de 11 anos. No interior, tudo era diferente e tranquilo. E nossos pais nos deixavam ir a pé ao cinema.

O filme começava às 20:00 horas, com duração de 1 hora e meia.

Em dias de semana eu já estava indo para a cama nesse horário. Mas não nesse dia.

Foi a única vez que nos reunimos para ver um filme.

Não me lembro se elas foram juntas outras vezes. Só sei que eu não fui.

Eu gostava de jogos de tabuleiro. Estrela e Grow faziam muito sucesso.

Passávamos horas jogando War. Isso sim era diversão para mim!

 

eu dormi no cinema ticket de cinema

 

O filme

O filme era estrelado por um galã norte-americano. Acho que era de romance.

Não me lembro de uma cena sequer.

Eu estava acostumada com filmes de comédia e aventura. Assim, para mim, aquele filme era muito parado.

Não lembro ao certo quanto tempo de filme eu assisti. Mas me lembro de minha colega me chamando: “Rosana, terminou o filme”. Vi apenas as letrinhas dos créditos passando.

Essa foi uma das últimas vezes que fui ao cinema.

Eu gostava de ir com meu irmão.

Eu sou 5 anos mais velha do que ele, então, eu com 10 anos e ele com 5, os gostos eram bem parecidos: comédia, infantil e aventura – tudo no mesmo filme, de preferência.

Como a cidade era pequena e tranquila, íamos à tarde. Ou até à noite. E nesses filmes, eu nunca adormeci.

Pouco tempo depois, nos mudamos para uma cidade grande.

Já adolescente, meus gostos e os dele não eram mais parecidos.

E nunca mais fui ao cinema. Não é algo que me atrai.

Se um filme havia despertado o meu interesse, em algum momento ele passaria em um canal de televisão.

E para mim, isso era o suficiente. Assistir um filme no conforto de casa é algo que eu já gostava nessa época.

 

A lista

Na casa de minha tia todos gostavam de assistir filmes. E ainda gostam.

Lembro de ter ido lá um domingo à tarde. Eles assistiam um filme do qual não me lembro o nome.

Não me lembro sequer do enredo.

Só lembro que era cavalo para cá, cavalo para lá, terra, vegetação, espada e muita luta. Muita mesmo.

Foi muito legal pela companhia e pelo ambiente agradável. Mas o filme… que filme longo! Pelo menos para mim.

Foi mais ou menos nessa época que comecei a fazer uma lista de todos os filmes que eu havia assistido.

Eu achava que precisava ter um registro dos filmes. E que fosse uma lista bem longa, de preferência. Talvez para que quando alguém perguntasse, eu pudesse dizer com um certo orgulho: “Esse filme eu já assisti”.

Os filmes infantis não entravam na lista, pois agora eu era adolescente e na minha lista só entrariam filmes para adolescentes e adultos.

Não lembro nem qual foi o primeiro filme daquela lista. Mas me lembro que me transformei em uma máquina de ver filmes que passavam na televisão.

Terror e suspense não faziam parte da minha lista, mas haviam muitos de aventura, romance e ação – um nome bonito para dizer que o filme é violento.

 

Como ficou minha lista

A lista não preencheu sequer uma folha grande dos dois lados. E acabou.

Quanto mais filmes eu assistia, mais insatisfeita eu ficava, pois, a maior parte deles eu achava chato.

Mas eu me obrigava a ver até o fim para poder colocá-lo na lista. Nem que terminasse de assistir às duas da madrugada.

 

Filmes? Bom de vez em quando

Não lembro quando foi a última vez que assisti um filme. Talvez uns 2 anos atrás.

Ainda tenho algumas animações em dvd. E talvez uns 3 ou 4 daqueles com lições para a vida; E só.

 

Se você não gosta de algo, por que insistir?

Muitas vezes a gente se força a fazer algo que não gosta, porque todo mundo faz.

Mas não precisa ser assim. Na verdade, não deve ser assim – exceto esporadicamente.

Aliás, o “todo mundo” nem é todo mundo assim.

As pessoas que são importantes para mim sabem que não gosto de filmes, que não gosto de cinema. Eu gosto de contato com a natureza.

Para as outras pessoas, eu não falava se gostava ou não. Mas agora, quando alguém me pergunta: “Você assistiu o filme ou o seriado tal?”, eu falo que não gosto. E então, mudamos de assunto.

Penso que agindo assim, estou sendo mais sincera e honesta comigo e com os outros.

Antes eu não agia dessa maneira por ter uma certa vergonha de não gostar de filmes. Eu me achava meio anormal, pois “todo mundo” gostava.

Se os lucros das grandes bilheterias eram recordes, como eu poderia não gostar disso tudo, de algo tão presente na vida das pessoas?

Hoje, os únicos filmes e seriados que assisto, mas muito de vez em quando, são de comédia, algo mais leve. Algo que proporcione descontração e tranquilidade.

 

placas indicando lados opostos

 

Há algo assim em sua vida?

Se você tiver algo parecido com a minha insistência em gostar de filmes, mesmo sabendo que não gosta, por que não pensar em mudar sua atitude?

Aprendi com tudo isso que não vale a pena eu me forçar a gostar de algo que não faz sentido para mim.

Para alguns, faz sentido assistir seriados.

Para outros, faz sentido assistir filmes.

Outros, gostam de jogos de videogame.

Outros ainda, preferem ler um bom livro.

E um outro grupo, gosta de ter contato com a natureza.

Enfim, são inúmeras atividades e cada um se identifica mais com algumas delas.

E no final das contas, todos estão certos.

O que faz sentido para mim, pode não fazer sentido para você, E vice-versa.

E no momento em que reflete sobre isso, você percebe o que você quer que continue e o que você quer tirar de sua vida.

E não tenha dúvidas sobre tirar o que não faz sentido para você, pois ser sincero é um dos mais preciosos presentes que você pode dar a si mesmo.

 

Créditos das imagens: Pixabay

 

6 thoughts on “O dia em que eu dormi no cinema/Eu não gosto de filmes”

  1. Sinceridade é tudo na nossa vida. Acho que devemos fazer coisas que gostamos, sentimos prazer e que é um hobby para nós. Fazer algo só porque é modinha, não é uma boa saída. Gostei bastante do post!

    Boa semana!

    O JOVEM JORNALISTA está no ar cheio de posts novos e novidades! Não deixe de conferir!

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    Até mais, Emerson Garcia

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    • Emerson,

      Eu penso como você: precisamos fazer o que gostamos. A vida passa rápido para fazermos coisas que não gostamos em nosso tempo livre. E fica meio chato quando as pessoas insistem, não é?

      Bom saber que gostou do meu post! 🙂

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  2. Bom dia, Rosana
    Postagem interessante, gostei da frase: “ser sincero é um dos mais preciosos presentes que você pode dar a si mesmo.” É muito importante respeitar a vontade do outro. Eu gosto muito de filmes de comédia e séries, gosto de ir ao cinema, vou com os filhos e com as amigas, o meu esposo não gosta de cinema. Um filme que gostei muito foi Eu só posso imaginar e uma série que achei ótima foi Advogada extraordinária, um forte abraço.

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    • Lucinalva,

      Como você disse, é importante respeitar a vontade do outro. Como o seu marido, muitas pessoas também não gostam de cinema.

      Algo que é chato para mim pode ser agradável para você. A questão é respeitar mesmo. E não ficar insistindo, pois muitas vezes, a outra pessoa vai para agradar, mesmo não gostando.

      Abraços!

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  3. Boa tarde de Paz, querida amiga Rosana!
    Seu post vem de encontro às minhas últimas recusas e neste final de semana inclusive.
    O desfecho do seu post está fenomenal. Veio de encontro a como vivo.
    Cada qual com seu cada qual.
    A autenticidade agradece.
    Tenha um junho abençoado!
    Beijinhos

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  4. Excelente post, Rosana!

    Gostei desse trecho:

    “Muitas vezes a gente se força a fazer algo que não gosta, porque todo mundo faz.”

    Particularmente, também não costumo e não gosto muito de ficar assistindo filmes, mas respeito quem gosta.

    Abraços!

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