Honestidade

Para iniciar o post, vou contar um fato real que aconteceu com minha prima. 

Era noite e em um semáforo um vendedor ambulante a ofereceu um pacote de balas de R$ 2,00. Ela o comprou e foi para casa.

No dia seguinte, o mesmo vendedor a entregou uma nota de R$ 100,00 e disse: “Eu tentei te avisar, mas você não me viu. Você confundiu e me deu uma nota de R$ 100,00 em vez de uma nota de R$ 2,00.”

Ela agradeceu e ficou muito surpresa com a atitude do vendedor. Eu também e acredito que o mesmo ocorreu com você.


Vender qualquer coisa na rua não é fácil.
E de repente, o vendedor tinha em mãos o montante equivalente a 50 pacotes vendidos.

Não tenho ideia de quanto esforço e tempo seriam necessários para conseguir vender essa quantidade, mas não parece ser algo muito fácil.

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A escolha

Diante do dinheiro fácil, mas que não era seu, o vendedor decidiu ser honesto. 

Parece simples?

Nem tanto, principalmente em um país tão contaminado por infindáveis exemplos de corrupção e pela ânsia em levar vantagem. Ou pela opção consciente para o lado da desonestidade quando ninguém – ou quase ninguém está vendo.

Por que será que esse vendedor agiu dessa forma?


Acredito que há valores que quando aprendidos e assimilados desde a infância, permanecerão para sempre. E muitos ou a maioria deles podem ser aprendidos em qualquer idade.


Dormir em paz e com a consciência tranquila é algo muito mais valioso do que qualquer tipo de desonestidade, pois fazer o que é correto proporciona um certo bem-estar e fortalece as sinapses cerebrais destinadas a esse fim. O problema é que as sinapses da desonestidade seguem o mesmo princípio.


A perigosa psicoadaptação para o mal

Infelizmente como vemos de forma muito habitual na política brasileira, a pessoa começa aos poucos no ramo da desonestidade, mas parece que vai tomando gosto pelo dinheiro fácil e de repente não consegue mais distinguir o que são e o que não são atitudes corretas quando se trata de dinheiro público: independentemente do partido político, os superfaturamentos e os desvios são tão comuns que chegam a ser assustadores.

Se antes os desvios eram na casa dos milhares, agora estão na casa dos milhões! Além disso, há o descaso com o dinheiro público proveniente dos altos impostos pagos por todos nós sobre a renda e sobre o consumo – um perverso pagamento duplicado.

Não seriam essas atitudes também uma forma de desonestidade, já que votamos em políticos por acreditar que farão algo para melhorar a sociedade, enquanto na realidade ocorre exatamente o contrário, já que em primeiro lugar estão os interesses pessoais e políticos?

 

A desonestidade é um hábito?

Há pouco tempo uma colega de trabalho viajou para o Japão e esqueceu o celular em um banheiro do metrô. Percebeu somente duas horas depois, quando já havia atravessado a cidade.

Ainda no metrô reportou o ocorrido para um funcionário da estação na qual desembarcou. No mesmo momento, esse funcionário entrou em contato com a estação de origem. Ao verificar, o telefone estava no mesmo local onde minha colega havia esquecido. Ou seja, ficou esse tempo todo lá e ninguém o pegou.


O celular chegou em suas mãos 2 horas depois, na estação de destino. Estava em uma embalagem fechada para verificação: algumas perguntas sobre o aparelho foram feitas para checar se pertencia mesmo à ela.


Nesse exemplo percebemos claramente o hábito da honestidade (ninguém furtou o celular) e da eficácia japonesa.


Assim como todos os valores, a honestidade precisa ser exercitada, pois honestidade e desonestidade parecem-se até como uma balança que sempre penderá para um dos lados: para aquele que de forma contínua for mais trabalhado.


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Por onde começar?

Acredito que o primeiro passo seja ser honesto e sincero consigo mesmo – algo que nem sempre somos, pois pode ser doloroso e desconfortável.

Você só conseguirá transmitir aos outros de forma assertiva e convincente algo que realmente faça parte de você. Senão, a tentativa torna-se hipocrisia e falsidade – tudo o que não queremos.


Errou? Assuma o erro, não fique tentando justificar-se em excesso – apenas o necessário para não deixar margens para dúvidas.


Assumir os erros em vez de esquivar-se deles poderá aumentar sua credibilidade perante outras pessoas. Além disso, você se sentirá bem. Falo por experiência própria. 


Assumir os erros não é um sinal de fraqueza, mas sim de maturidade. E infelizmente vemos muitos casos de pessoas até na terceira idade que ainda não aprenderam essa lição…


Conclusão

Não é fácil ser honesto em um país como o Brasil, no qual pessoas honestas muitas vezes são vistas como bobas e ingênuas. Mas a honestidade é essencial para aqueles que querem ter a consciência verdadeiramente tranquila e em paz. Além disso, a honestidade proporciona satisfação pessoal e a sensação dever cumprido que milhares de reais ou dólares provenientes da desonestidade são incapazes de proporcionar.

 

Créditos das imagens: Pixabay

 

 

 

20 thoughts on “Honestidade”

  1. Bom dia, querida amiga Rosana!
    Fez-me, como oração, recordar de um pensamento da fundadora das carmelitas da divina providência: vivamos com a consciência reta s teremos o céu perto de nós!
    Assim é e Vi isso em Portugal, ninguém mexeu em nada meu uma vez num hostel e tinha jovens no meio. Imagino em outros países rigorosos.
    Ontem no telejornal, deu nojo ver tanta corrupção no RJ… com gente conhecida de todos. Fico a imaginar se não tem vergonha ante à própria família?
    Enfim, querida, um tema muito atual e muito bem discorrido por você.
    Seja muito feliz e abençoada junto aos seus amados!
    Bjm carinhoso e fraterno de paz e bem
    🙏🌹🌺⚘🌷🌼💐🌸🌻🙏

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  2. Honestidade: talvez seja a melhor qualidade para, de fato, termos paz consigo mesmo e orgulho de ser quem você é.

    Sempre me pergunto como que as pessoas que são pegas praticando atos desonestos conseguem olhar para seus filhos depois disso. E como seus filhos olham para eles? Será que isso não os toca?

    Excelente texto, Rosana!

    Abraço!

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  3. Roselia,

    Seu comentário reflete bem o grande abismo que existe entre os países em relação ao comportamento geral das pessoas. Enquanto em alguns países pode-se andar tranquilamente pelas ruas, em outros você não sabe se chegará vivo em casa diante de tanta violência – excluindo acidentes, pois esses podem ocorrem em qualquer lugar e a qualquer momento.

    Infelizmente em muitos locais a corrupção passou dos limites. Se no início a pessoa sentiu um certo desconforto, com o tempo acaba se acostumando.

    Uma pena o que ocorre, pois teríamos um mundo muito melhor se as pessoas pensassem mais na lei do retorno. A semeadura é livre, mas a colheita é obrigatória.

    Que a atitude do vendedor seja um grande e admirável exemplo para todos nós.

    Bom saber que gostou do meu post!

    Abraços,

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  4. Bom saber que gostou do meu post, André!

    Interessante o seu questionamento. Se no início a pessoa sentiu um certo desconforto, com o tempo acabou se acostumando ao mesmo tempo em que a consciência foi sendo cada vez mais silenciada. Uma traiçoeira e perigosa atitude, pois se a semeadura é livre, a colheita é obrigatória.

    Em relação a paz, acredito que pessoas assim não pensem no assunto, pois se a consciência falar mais alto, o desconforto virá.

    Gosto de uma frase do Geraldo Rufino: "Nunca faça algo que possa envergonhar sua mãe".
    Simples.
    Sábio.
    Perfeito.

    Abraços,

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  5. Muito bom, Rosana! Invertendo a ideia, acrescento uma das regras de Peterson no seu último livro (excelente por sinal): "Não deixe que seus filhos façam algo que faça você deixar de gostar deles".

    Faz-nos refletir muito bem o nosso papel de pais.

    Abraços!

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  6. Olha pra voce ver que interessante, o vendedor fez algo bom, e está com a conciência tranquila. No entanto, mal sabe ele que este simples ato de honestidade tocou várias pessoas. Você mesma foi uma delas pois fez um texto sobre este fato. Assim como nós leitores que compartilhamos a história também ficamos sensibilizados.

    Um ato de bondade vai muito mais além do que a nossa percepção pode alcançar.

    Grande abraço!

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  7. Mestre dos Centavos,

    Gostei do seu comentário, especialmente da última frase: um ato de bondade vai muito mais além do que podemos imaginar. Por isso, precisamos pensar muito em nossas ações e cultivar bons valores.

    Uma atitude aparentemente simples pode impactar de forma positiva a vida de muitas pessoas.

    Um bom final de semana!

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  8. Ótimo texto, e parabéns para esse vendedor que agiu com o mais profundo senso de ética e caráter.

    Realmente, honestidade é um artigo raro hoje em dia. Precisamos difundir mais esses valores!

    Abraços!

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  9. A honestidade, surge como reflexo da educação, e da nossa essência… se ela não fizer parte de nós… facilmente se perde… com as tentações que a vida… tarde ou cedo, sempre nos oferece…
    Beijinhos
    Ana

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