Princípios x vontades

Em uma sociedade tão hedonista como a atual, com frequência torna-se até difícil não ceder aos apelos da vontade. 

Só mais um pedaço de bolo.

Só mais cinco minutinhos na cama.

Só mais uma fase do jogo.

Só mais um capítulo do seriado

Só vou comprar mais um pacote de bolachas recheadas, uma blusa, um par de sapatos, um jogo, etc…

Cada um possui sua própria lista de vontades ainda não satisfeitas.

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Quando começa o problema

A questão é que muitas vezes a vontade é oposta aos princípios e valores pessoais, mas por ser mais intensa, acaba sendo priorizada, quando muitas vezes deveria ser ignorada.

Percebemos isso de forma clara quando nos arrependemos pouco tempo após atendermos a vontade, quando temos consciência de que perdemos tempo demais na frente da televisão ou do celular, quando exageramos nos doces ou quando os 5 minutinhos a mais na cama transformaram-se em 30. 

Nos arrependemos porque sabemos que o tempo perdido não volta mais, porque sabemos que exageramos nos doces ou porque sabemos que haviam outras atividades mais importantes ou ao menos mais construtivas a serem feitas, como ler um bom livro ou praticar alguma atividade física, por exemplo.

Claro que de vez em quando dar ouvidos à vontade é até razoável e bom, pois não somos perfeitos e precisamos de algo que proporcione um certo alento e distração, mas o problema ocorre quando a vontade predomina.

Nesse caso, até as relações interpessoais acabam prejudicadas, pois a dificuldade em dizer “não” a si mesmo pode somar-se também a dificuldade em ouvir ou dizer “não” à outras pessoas

 

O que fazer então

Vou utilizar como exemplos, os princípios de saúde física e de saúde financeira.

Se esses princípios são importantes para mim, farei o máximo possível para viver de acordo com eles.

Se o princípio da saúde física é importante para mim, as bolachas recheadas não estarão tão presentes em minha vida.

Na realidade, sequer deveriam ser consumidas, mas comprar 1 ou 2 pacotes bem de vez em quando (2 ou 3 vezes ao ano) ainda é um hábito que tenho, mas que está sendo reduzido gradativamente.

Embora meu consumo diminuiu mais de 95%, tenho consciência de que esses 5% deveriam ser 0.

A ênfase maior está no princípio da saúde física e não na vontade, mas ainda há muito o que melhorar.

Eu gostava muito de bolachas recheadas.

Até evitava passar por esse corredor no supermercado, mas hoje passo com muita tranquilidade, pois o princípio de saúde tornou-se mais forte do que a vontade de consumir esse produto.

No começo foi chato agir assim, mas hoje, as bolachas já não me atraem tanto quanto antes, pois agora percebo com mais intensidade a grande e prejudicial quantidade de açúcar e gordura presentes nesse produto.

O paladar foi sutilmente mudando e o que parecia tão doce tornou-se irritantemente doce e artificial. Fico até pensando em como eu consegui mascar tantos chicletes na infância.

Como eu gostava!

 

Saúde financeira

Gastar menos do que se ganha e assim evitar endividamentos é um princípio até óbvio, porém, muitas pessoas não conseguem segui-lo, pois a vontade está em primeiro lugar.

Independentemente das justificativas e argumentos para validar uma compra, nesse caso é a vontade que está no controle e não a razão, o que se torna um grande problema em longo prazo, pois enquanto os hábitos de compra vão se sofisticando, os recursos não aumentam na mesma proporção.

Refletir antes de comprar algo, evitar compras por impulso e não tentar estar sempre atualizado em relação aos produtos eletrônicos são atitudes adequadas para quem procura seguir o caminho da saúde financeira.

Ao mesmo tempo, interessar-se por Educação Financeira e procurar as melhores maneiras de colocar o aprendizado em prática são essenciais para uma saúde financeira mais forte.

O seu dinheiro pode trabalhar para você!

Se quiser saber mais sobre esse assunto, veja os meus posts sobre Educação Financeira e também a minha Blogosfera, pois lá existem muitos blogs de excelente qualidade sobre o tema.

Assim como ocorre com a saúde física, muitas vezes nós mesmos nos prejudicamos na área financeira quando a vontade de comprar algo desnecessário fala mais alto do que os objetivos de poupar ou investir.

Por isso, precisamos dominar nossa vontade e jamais deixar que ela nos domine. 

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Conclusão

Ter sob controle a própria vontade nem sempre é fácil, ainda mais na sociedade do imediato, onde a virtude da paciência não é tão usual.

Querendo tudo “para ontem”, as reflexões sobre a real necessidade de compras tornam-se inexistentes, pois o foco está na vontade do momento e não em princípios.

Uma reflexão nem tão profunda mostrará o caminho mais correto, deixará claro o que é melhor. E é bem provável que esse caminho passe bem longe da vontade, pois são os princípios que devem ser o norte da vida.

Por mais estranho e contraditório que possa parecer e com muito mais frequência do que você imagina, as suas próprias vontades estão contra você.

Por isso, da próxima vez que tiver que escolher, por que não ignorar a vontade e optar por seus princípios de vida?

Créditos das imagens: AnnaliseArt e Oberholster Venita – Pixabay

 

6 thoughts on “Princípios x vontades”

  1. Os acionistas de MDIA3 não curtiram esse post…kkkk… Poxa… eu gosto tanto de bolachas recheadas que virei acionista…kkk… Brincadeira, falando sério agora…
    Muito interessante seu post. Nunca pensei por essa ótica.
    Geralmente sou bom em mitigar minhas vontades, principalmente quando é em prol da minha independência financeira.
    Mas quando se trata de outros princípios tenho certa dificuldade e preciso me policiar. Por exemplo, a qualidade da alimentação como vc pode perceber. Mas tento compensar na quantidade consumindo com certa moderação (ênfase no certa)…kkk
    Bom post.

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  2. Olá Rosana!

    Muito disso vem daquela ideia do "eu mereço!". A pessoa acha que satisfazer sua vontade é legítima, porque ela trabalha e recebe dinheiro justamente para isso.

    Porém, como você citou, a vontade nem sempre esta acompanhada da real necessidade e atropela princípios básicos que a própria pessoa deixa de enxergar. O "produto" cega essa reflexão…

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  3. André,

    "A pessoa acha que satisfazer sua vontade é legítima, porque ela trabalha e recebe dinheiro justamente para isso."
    Desde cedo aprendemos assim. Se você tirar boas notas ou se comportar bem poderá ser recompensado.

    O problema é que muitas vezes os desejos nem são nossos de verdade. Por isso, a melhor coisa é refletir por um tempo sobre a necessidade da compra. E muitas vezes, acabamos percebendo que simplesmente não queremos mais o produto. E até gostamos que a compra não foi concretizada.

    Abraços!

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  4. Anônimo,

    Penso como você em relação a qualidade, embora seja mais difícil mesmo o controle nessa situação. Por outro lado, de que adianta comprar um produto ruim? Vai ficar no armário por muito mais tempo, mas você não terá nenhuma satisfação quando quiser consumi-lo. Se é que irá mesmo consumi-lo.

    Me lembrei de uma vez em que fui comprar uma barra de chocolate (aquelas de 1kg, pois as de 200 gramas estão com metade do peso), mas não encontrei a eu queria.
    Uma senhora me indicou uma marca e até a elogiou.
    Comprei.
    Foi mais barato, então pensei que eu tivesse feito um bom negócio.
    Me arrependi: tinha gosto de gordura com açúcar!
    No final, ficou no armário por um tempo. Depois joguei fora, pois era ruim demais.

    Abraços!

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  5. Bom dia, Rosana
    Parabéns pela postagem tão enriquecedora. Devemos prestar atenção as nossas vontades. Se desejamos ter saúde, precisamos mudar nossa alimentação, deixar de comer besteiras kkkkk. Gastar menos do que se ganha é um rico aprendizado, poupar sempre é um ótimo negócio, bjs querida e um ótimo final de semana.

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