Quando ter pressa não é a melhor escolha

Vivemos na sociedade da pressa. 

Que esse não é um hábito positivo, parece que todos sabem, mas quem consegue eliminá-la da vida contemporânea com suas atividades, obrigações, distrações e ilusões muitas vezes excessivas?


De compromisso em compromisso as pessoas correm para lá e para cá.

Algumas à pé, algumas de bicicleta e a maioria através de meios de transporte motorizados.

E com tanta pressa de chegar logo aonde quer que seja, é bem frequente que dois corpos tentem ocupar o mesmo espaço ao mesmo tempo – algo impossível segundo as Leis da Física que conhecemos bem.


faixa-de-pedestre
Sempre é melhor esperar e atravessar com segurança

 

Atravessando a rua

Essa é uma cena bem comum: um semáforo, várias pessoas aguardando o sinal verde abrir para os pedestres.

Então, uma pessoa que parece estar com mais pressa que as outras, percebe um momento que julga oportuno e atravessa.

Por ter calculado errado, o motorista não tem tempo de frear ou não esperava alguém na via naquele exato momento.

O resultado, todos sabem que pode ser desde algumas escoriações ao óbito. Nesse post, eu quero usar algo mais leve como algumas escoriações.


Voltando a cena do acidente: o pedestre que estava com pressa, por não querer esperar os 30 ou 60 segundos do semáforo, optou por uma travessia arriscada e agora está lá no chão tentando entender o que aconteceu e analisando os ferimentos.

Enquanto isso, os outros pedestres que não estavam com tanta pressa atravessaram a rua com segurança e continuaram o trajeto rumo aos seus respectivos destinos.

Quem estava com pressa ficou e quem não estava continuou seu caminho.


Além das dores no corpo que provavelmente o acompanharão por alguns dias, há o susto, os ferimentos, a ida ao pronto-socorro, além do fato de ter prejudicado também o motorista devido a sua imprudência.


Quanto transtorno causado devido a pressa de não esperar os 30 ou 60 segundos do semáforo!

 

Quando a consciência fala mais alto

Com um certo constrangimento, eu assumo que já agi dessa forma também.

Várias vezes.

Ou melhor, muitas vezes.

Felizmente minhas travessias imprudentes sempre foram bem sucedidas, mas ao presenciar algumas situações nesse sentido (inclusive óbitos), minha consciência começou a me “incomodar” no bom sentido.

O que eu comecei a pensar foi exatamente o que ilustrei no exemplo do pedestre: para que a pressa? 


60 segundos vão fazer uma diferença tão grande que justifique o risco?


Para mim, não. Hoje vejo essa atitude como um risco totalmente desnecessário e que não vale a pena. Além de prejudicar também o motorista.

Se eu tivesse um carro, não gostaria que alguém me fizesse passar por uma situação dessas.

semaforo-aberto-para-pedestres
Atravessar com segurança sempre é a melhor escolha

 

Ações e consequências

Escrevi esse post em julho e deixei programado. Porém, dois eventos me levaram a voltar aqui e escrever esse novo tópico.

Ambos ocorreram em menos de uma semana, o que tornou o clima bem tenso onde eu trabalho.


No primeiro, um colega de trabalho andava de moto (velocidade média de 60km segundo ele mesmo) e colidiu com um automóvel. Os dois pretendiam entrar na mesma rua, ou seja, uma curva de 90°.


Resultado: quadril, fêmur e um joelho quebrados.


No segundo, o outro colega foi atravessar com o semáforo ainda aberto para pedestres, porém um automóvel o atingiu e ele acabou “voando” por cima do para-brisas.


Resultado: um joelho inchado. Felizmente parece que não houve nada mais grave nesse caso.


É por situações como essas que precisamos andar sempre atentos e da forma mais segura possível, pois não sabemos qual será o comportamento da outra pessoa. 


E se os dois tiverem a intenção de ocupar o mesmo espaço ao mesmo tempo?


O resultado não será bom…


Por isso, penso que é melhor demorar um pouco mais para chegar ao destino com segurança do que arriscar-se ao agir com imprudência.


Todos nós esperamos chegar no lugar previsto.

E por estarmos tão acostumados, por já termos feito o mesmo trajeto 999 vezes, talvez a atenção não esteja mais tão presente.

São nesses momentos que a milésima vez pode ser tragicamente interrompida.

 

Travessia com segurança é a melhor solução

Onde há semáforos e tráfego intenso, a atitude mais sábia é aguardar a sua vez de atravessar. E onde não há semáforos, atravessar com muito cuidado.

Sem pressa.


Sempre esperando o momento mais seguro.


Isso se aplica também para quem está motorizado: sempre trafegar de forma prudente, sem ficar “costurando” no meio dos carros para ganhar tempo, pois uma pequena colisão e lá se foi embora toda a pressa…

 

Conclusão

Apesar de vivermos na sociedade da pressa, ela não precisa obrigatoriamente fazer parte da nossa vida.

Diante de tantas opções, quando escolhemos melhor o que realmente é de nosso interesse, acabamos não perdendo mais tanto tempo com coisas que são irrelevantes para nós.


Quem aprende a valorizar o que é realmente importante, a desacelerar, começa a perceber que aguardar um semáforo abrir pode até ser um bom momento para olhar com mais atenção o mundo ao redor.


60 segundos podem custar uma vida. Ou torná-la totalmente diferente daquele momento diante. E muitas vezes, essa mudança é para sempre.


 

Agradecimento

Gostaria de encerrar agradecendo ao Guilherme do Valores Reais pela homenagem ao Simplicidade e Harmonia e ao Viagem Lenta. Foi uma agradável surpresa ver o S&H fazer parte de um post em um blog tão importante quanto o Valores Reais.

Como o André disse no final de seu comentário lá, “vida longa para nós!”

 

Crédito das imagens: PexelsEdward Lich no Pixabay

15 thoughts on “Quando ter pressa não é a melhor escolha”

  1. Bom dia de setembro, querida Rosana!
    Tantos acidentes ocorrem pela pressa e nso so no trânsito.
    E uma pena que seja assim pois a vida e tao curta e estragamos o pouco tempo nela vivendo com pressa e não apreciamos o lado bom da vida.
    A pressa é inimiga da perfeição, todos sabemos. Não há perfeição melhor do que viver desacelaradamente.
    Tenha dias felizes e abencoados!
    Bjm carinhoso e fraterno de paz e bem

    Reply
  2. Pois é Rosana, você tem toda razão. Eu penso isso no papel de motorista também. Ando muito em estrada, e vejo a negligência de muitos no comando de seus "possantes". Será que chegar 5 ou 10 minutos mais rápido fará tanta diferença?

    Como dizia aquele poema, que acho que vc já viu (https://www.viagemlenta.com/p/danca-lenta.html):

    "É melhor desacelerar: não dance tão rápido
    O tempo é curto e a música acaba…"

    E parabéns novamente pelo post do Guilherme! Seu blog merece!

    Abraço!

    Reply
  3. Oi Rosana, a pressa prejudica demais a nossa vida, a gente parece que não tem tempo mais para nada, nem para as coisas importantes. Desacelerar e fazer uma única coisa de cada vez é com certeza um passo indispensável para viver com mais foco no que é importante. Beijos.

    Reply
  4. Roselia,

    Apesar da vida ser tão curta, parece que a maioria das pessoas não têm muita consciência desse fato tão importante. Vivemos na sociedade da pressa, mas não podemos deixar que isso faça parte de nossa vida de forma tão intensa como vemos todos os dias.

    "Não há perfeição melhor do que viver desacelaradamente."
    Gostei muito da sua frase, ficou perfeita. 🙂
    Há alguns anos escrevi um post sobre o tema. Se quiser ver:
    Desacelerar – Simplicidade e Harmonia

    Boa semana!

    Reply
  5. André,

    Em casos de emergência, acho que a pressa é até justificável, mas em outros casos é como você disse: chegar 5 ou 10 minutos fará tanta diferença?

    Eu gostei e me identifiquei tanto com o poema Dança Lenta que o coloquei em um post há alguns anos:
    Desacelerar – Simplicidade e Harmonia

    Parabéns à você também pelo post no Valores Reais. Seu blog é muito bom, foi uma bela homenagem ao seu trabalho no Viagem Lenta. 🙂

    Boa semana!

    Reply
  6. Yuka,

    Em 4 dos 5 comentários que recebi até agora nesse post, algo me chamou a atenção: a ideia de que precisamos desacelerar. Considero essa uma atitude muito sábia, ainda mais por vivermos na sociedade da pressa, tão repleta de compromissos, distrações e ilusões. E no meio disso tudo, acabamos não dando tanta atenção ao que realmente importa.

    Fiz um post sobre esse assunto há alguns anos, se quiser ver:
    Desacelerar – Simplicidade e Harmonia

    Fazer uma coisa de cada vez e aprender a filtrar o que vale a pena e o que não vale: talvez esses sejam dois dos maiores desafios da atualidade.

    Boa semana!

    Reply
  7. Esse semana perdi meu pai, um jovem de 75 anos, com uma boa poupança para cuidar da velhice, ele foi atropelado, não deu tempo de gastar sua porpança.:(

    Reply
  8. as pessoas tem problemas de diversas ordens (psicológico, hormonal, familiar, financeiro etc) e não conseguem resolver os mais importantes por diversas razões (cegueira, incompetência, burrice etc)
    para continuar se enganando elas correm como ratos, como se por andar rápido a vida estivesse mudando para melhor

    abs!

    Reply

Leave a Comment