Você tem ideia de quantas fotos possui?
E quantos vídeos?
E quantos livros digitais?
E quantas mensagens, músicas, receitas, dicas e artigos que foram armazenados para quem sabe um dia talvez nunca serem acessados novamente e talvez utilizados?
A acumulação está tão intensa que discos rígidos de 1 terabyte tornaram-se praticamente básicos nos computadores.
Alem deles, há inúmeras formas de armazenamento como pendrive, cartão de memória, hd externo, e-mail, nuvem, smartphone, rede social, etc.
Fotos infinitas
Até o início do século XXI, as câmeras fotográficas eram bem diferentes.
Havia um filme que, colocado dentro da câmera, precisava ser rebobinado corretamente para que a luz ambiente não estragasse as fotos. Usava-se o termo “queimar o filme”, que significava fotos indecifráveis e escuras, apenas com vaga – ou nenhuma – aparência do que foi originalmente captado.
Além disso, a revelação demorava mais de um dia. Saber se a foto ficou boa segundos após o clique? Impossível.
Quanto falo revelação, é algo literal mesmo, com direito a emulsão reveladora, papel fotográfico e ambiente escuro para que não houvesse a queima do filme como eu disse acima. Basicamente era isso.
A quantidade de fotos por filme era irrisória para os padrões atuais: 12, 24 e 36 fotos. Por isso, fotografar exigia um certo planejamento a fim de não gastar-se o filme à toa.
Um grande contraste com o que temos disponível atualmente, não é?
O avanço da tecnologia foi muito positivo em vários aspectos, mas acredito que os principais em relação as fotos são:
– a possibilidade de visualizar a foto logo após tirá-la. Se não ficou boa é só apagar e tirar outra.
– a não obrigatoriedade de revelação. Se quiser, há a opção de imprimir uma ou outra foto, mas nada mais de álbuns e álbuns físicos de fotos reveladas.
– a quantidade de fotos. De 36 para 200, 500, 10.000 fotos!
O problema
O problema é que com a facilidade veio também a acumulação…
Fotos sequenciais e aquelas que não ficaram muito boas são guardadas também. Se você tem o costume de guardá-las sabe bem do que estou falando…
Por que não ficar somente com as melhores e com aquelas que retratam um momento especial (mesmo que as fotos ficaram tecnicamente ruins)?
Eu vejo as fotos como momentos eternizados em uma imagem. Mas será que há necessidade de eternizarem-se tantos momentos, muitas vezes em detrimento de vivê-los de forma plena?
Registrar é importante, pois com o tempo acabamos nos esquecendo dos detalhes vividos – e muitas vezes até dos eventos. O problema é que registrar demais significa não viver de forma plena e intensa o momento presente.
Com os vídeos ocorre a mesma coisa. Não é raro que um vídeo mais longo tenha 10, 30 segundos de algo que vale a pena guardar.
Por que não editar e ficar somente com os momentos mais importantes que foram captados?
Além de ocupar menos espaço para armazenamento, a economia de tempo para assisti-los será considerável.
Livros digitais
Assim como ocorre com as fotos, por não ocupar um espaço físico, a noção de quantidade e utilidade ficam muito prejudicadas. Por isso, a compra consciente é muito importante.
Nunca compre só porque está em uma “promoção imperdível” ou pela capa, pois é grande a probabilidade de ser algo diferente do que você esperava.
Com os livros gratuitos, reflita e pesquise se é algo que tem mesmo a ver com você. Pense na quantidade de tempo que necessita para ler e organizar todos esses arquivos.
Não seria melhor ter menos livros, mas que tenham mais a ver com você do que uma grande coleção que talvez algum dia será lida, mas que na realidade você já sabe que isso nunca ocorrerá?
A bagagem das gerações anteriores
Antigamente não havia a facilidade atual das compras.
Era tudo muito caro e difícil.
É bem comum ouvirmos relatos de pessoas que tinham apenas um par de sapatos, um livro, um brinquedo, um vestido.
Devido as experiências de privações pelas quais essas gerações passaram, muitas pessoas de forma até natural e inconsciente acabaram tornando-se acumuladoras.
E nós, das gerações posteriores, devido a convivência nesse tipo de ambiente, acabamos “herdando” o hábito dos excessos, mesmo que isso não mais se justifique. E esse hábito acabou “respingando” também no mundo digital.
A difícil arte de deletar arquivos
Não é fácil ter certeza e sentir-se confortável no momento de escolher o que fica e o que será excluído.
Quase sempre não prestamos atenção ao fato de que estamos continuamente mudando. Querendo ou não, para melhor ou para pior, mas a vida é assim.
De tempos em tempos dar uma olhada nos arquivos digitais e ver o que realmente ainda interessa é uma das sugestões que mais gosto e utilizo. E geralmente acabo apagando ao menos alguns arquivos.
Em relação as fotos, no momento em que as transfiro para o computador, faço uma separação mais minuciosa.
Eu costumo apagar fotos sequenciais ou com poucas variações – exceto 2 ou 3 grupos de fotos quase iguais que proporcionaram a ilusão de movimento.
Também apago as fotos que ficaram ruins, tremidas, com enquadramento ruim, escuras ou claras demais, etc.
Conclusão
Os arquivos digitais vieram para ficar. Além disso, facilitam muito a nossa vida.
O problema é quando o excesso predomina, muitas vezes até prejudicando o encontro do útil e relevante no meio de uma vastidão do que um dia foi útil e importante, mas que agora não faz mais sentido algum.
Fotos e vídeos pessoais são arquivos a serem guardados, mas acredito que sem exageros. Não precisamos de tantas fotos.
10, 20, 30 fotos de um acontecimento importante não seria uma boa quantidade em vez de 200 fotos, já que essa quantidade enorme de fotos provavelmente signifique que o momento presente não foi realmente vivido mas apenas registrado?
Em muitas coisas na vida, menos é mais. E em relação as fotos e aos arquivos digitais de forma geral, acredito que essa máxima seja muito válida.
Crédito das imagens: engin akyurt e Gustavo Ferreira no Pixabay.
Olá, SH.
Eu compartilho o mesmo pensamento que o seu, hoje tudo se vê em excesso e principalmente em pontos que não é tão necessário assim.
Se puder dar uma passada no meu blog eu agradeço.
Abraços!
Olá S&H!
Realmente bom tópico para se pensar. É fácil identificar acúmulo "físico" já que o espaço físico na gaveta, armário ou casa é visível e frequentemente escasso e caro, enquanto que o espaço digital está cada vez mais barato e onipresente.
Lembro, por exemplo, dos emails pré-GMail, onde era necessário apagar emails após ter lido-os para não ficar com a caixa cheia. Imagina, apagar um email!
Infelizmente, no âmbito digital eu ainda sou um acumulador nato, e com backups ficando cada vez mais baratos, fica difícil desfazer este hábito. Felizmente, não tenho redes sociais (exceto o Twitter do Pinguim Investidor), então a sede de querer postar tudo o que acontece na vida não me pega, mas ainda tenho várias coisas supérfluas aqui nesse HD.
Seu ponto sobre o "material gratuito" é on the spot. Com tantos milhares de vídeos no YouTube com títulos em caixa alta ("MELHOR INVESTIMENTO PRA 2019" etc), ou eBooks "gratuitos" (me dê seu email pra eu te mandar propaganda e baixe esse PDF diluido), temos mesmo que proteger nosso tempo fazendo análises críticas sobre o que vale a pena consumir. Senão é como comer no McDonalds todo dia, só que pra mente.
Abraços e seguimos em frente!
Pinguim Investidor
https://pinguiminvestidor.com
Exatamente, Investidor Holding. E com tanta acumulação e distração, o essencial acaba sendo muito prejudicado.
Vou acompanhar seu blog. 🙂
Pinguim Investidor,
Espaço maior no e-mail quase sempre significa mais coisas desnecessárias acumuladas. Estou fazendo uma limpeza em meu e-mail (que está com muitas pastas) e a quantidade de coisas que não mais me interessam é enorme! Eu também lembro da época em que o espaço era bem reduzido. Era ruim, pois mal dava para guardar o necessário, mas com tanta disponibilidade, acredito que precisamos de mais sabedoria para descartar o desnecessário.
Redes sociais também podem ser bem negativas no sentido da acumulação, você tem razão.
"O que vale a pena consumir" – na atualidade, acredito que essa seja uma de nossas escolhas mais importantes.
Bom saber que gostou do meu post. 🙂
Os tempos mudaram muito. ainda tenho câmeras de filme…
Belo e interessante artigo este.
Beijo
😉
Olhar D'Ouro – bLoG
Olhar D'Ouro – fAcEbOOk
Olhar D'Ouro – yOutUbE * Visitem & subcrevam
Rui,
Os tempos mudaram muito mesmo…. Interessante você ainda ter câmeras que utilizam filme.
Boa semana!
refino o material de tempos em tempos buscando ficar apenas com o melhor e gosto de acumular arquivos de alguns temas
abs!
Scant Tales,
Boa estratégia. Ficar somente com o que acha melhor é uma decisão muito sábia e sensata.
Abraços,
Falando por mim… tenho mesmo de fazer uma selecção nas fotos arquivadas… pois de facto a acumulação de fotos que não acrescentam nada, ou estão menos boas, é uma realidade… e por acaso, estou mesmo a pensar levar essa tarefa com tempo e calma, na minha pausa de Verão, este ano!…
Um excelente, e muito útil post, Rosana, em especial para os apreciadores de fotografia, que fazem dela uma paixão!
Beijinhos
Ana
Querida amiga eu sou o próprio acumulo de arquivos.
Como uso de longa data o meio eletrônico, tenho arquivos que nem mesmo sei.
Tenho uns 5 HDs e somente um esta sempre em uso, que é o de backup, pois tenho
medo de perda de arquivo. Além disso vem os pendrives que acumulam uns 60 Gb.
Boa sua postagem e praticar faxina de arquivos é salutar, mas com muito cuidado ao usar a tecla Del e depois confirmar.
Meu abraço Rosana e tudo de bom.
Ana,
"Fotos que não acrescentam nada" – gostei da sua frase. Pensando dessa forma, acho que o meu "lixo digital" é até maior do que eu pensava…
Agradeço por essa nova visão sobre o tema!
Bom saber que gostou do meu post. 🙂
Boa semana!
Toninho,
Com a facilidade, acabamos acumulamos muito sem nos darmos conta disso.
Eu também tenho um HD de backup de arquivos, pois nunca sabemos quando o que está em uso pode apresentar problemas. Inclusive eu já tive problemas com um HD que começou a "bater agulha". Depois disso, optei pelo backup.
Como você disse, precisamos deletar arquivos com cautela – para não nos arrependermos depois. Principalmente fotos, pois arquivos que estão disponíveis na internet nós podemos conseguir de novo, mas fotos pessoais são únicas. Mas nessa questão, gostei do que a Ana disse acima: fotos que não acrescentam nada. Será que vale a pena mantê-las?
Boa semana!
Em um mundo onde existe backup automático em um Google Photos de armazenamento ilimitado fica difícil não acumular. Já que não preciso mais passar as fotos para o PC acabo me esquecendo de revisa-las. Ler esse post foi um bom lembrete!
Daniela,
As facilidades para a acumulação são tantas que se não prestamos atenção, em breve teremos gigas e gigas de arquivos que não significam muito – ou nada – para nós.
Bom saber que meu post foi útil à você. Agradeço por seu comentário e espero que goste do conteúdo do meu blog. 🙂
Boa semana!
Assunto muito atual! A quantidade de informações digitais que recebemos diariamente é muita alta. Difícil gerenciar tudo, organizar, priorizar e decidir o que apagar ou não. Confesso que tenho dificuldades de deletar fotos que estejam com boa qualidade, mas é um ponto a se pensar, se realmente precisamos de tantos arquivos.