O vício do apego

No post 5S, o Toninho incluiu em seu comentário um termo que achei muito interessante e que se tornou o título desse post.

A aquisição de bens materiais era muito mais difícil para as gerações anteriores, por isso havia uma certa tendência à acumulação e muitas vezes também ao apego.

Aqui eu gostaria de excluir os objetos que possuem algum valor emocional, pois nesse caso, o apego é algo natural e acredito que até saudável, desde que não seja exagerado.

livros-organizados

 

Tempos modernos

Hoje vivemos o oposto das gerações anteriores, pois há disponibilidade sempre crescente de produtos e também facilidade para comprar, inclusive em muitas prestações.

Diante desse cenário, racionalmente falando, o apego aos bens materiais deveria diminuir – o que não ocorreu. Mas será que isso ainda faz sentido?


Será que não estamos acumulando coisas demais?


Será que não estamos nos apegando demais?


Devido ao excesso de objetos, silenciosamente o vício do apego se instala, mas muitas pessoas passam a vida inteira sem perceber o quão poderoso ele é.

Aqueles que conseguem notar sua presença, começam a sentir uma certa dificuldade incômoda em desfazer-se de objetos que não querem mais.

Como eu disse no post sobre o 5S, me arrependi por ter vendido ou doado alguns livros que eu sei que não iria ler novamente.


Esse arrependimento faz sentido? Não!


Esse tipo de sentimento não se parece até um apego muito exagerado? Sim!


Isso só ficou claro para mim após a leitura do termo “vício do apego”, no comentário do Toninho. Percebi também que tenho muito a melhorar nesse sentido.


Por que o apego é tão forte?

A impermanência e a incerteza fazem parte da vida.

Isso nos desagrada, pois gostaríamos que as coisas e as experiências boas durassem para sempre.

Devido a inexistência dessa opção, acabamos escolhendo algo que de certa forma proporcione a ilusão da permanência: o apego.

Seguindo por esse caminho, o resultado é o acúmulo de coisas desnecessárias somado à dificuldade em desfazer-se do que não nos interessa mais.

Por isso, muita sabedoria, discernimento e disciplina são necessários para sabermos dar o devido valor a cada objeto no espaço de tempo no qual ele é útil e adequado para nós.


pedras-equilibradas

Equilíbrio

Não é fácil praticar o desapego, ainda mais se houver uma ligação emocional mais forte.

A questão é que a lista de objetos que fazem parte dessa categoria tem aumentado cada vez mais para a maioria das pessoas.

Além disso, com o passar dos anos, sem muita percepção ou reflexão, a quantidade de objetos geralmente aumenta e os espaços inicialmente vazios da casa se tornam bem ocupados.

Se a isso somar-se o apego, a situação ficará bem mais complicada e até de difícil solução. Por tudo isso, o equilíbrio é tão necessário e até essencial.

Será que não chegou o momento de substituição do apego pela valorização do que realmente importa?

 

Crédito das imagens: 200 DegreesWokandapix

23 thoughts on “O vício do apego”

  1. Eu tenho uma visão um pouco diferente disso. Acho que o apego a bens nem é a principal questão ou a questão mais ampla.
    E vejo também não generalizando que o público feminino é maioria entre as pessoas que buscam o consumismo pra tentar compensar outras lacunas.
    O apego aos bens existe, não nego, mas pra mim o apego a autoimgagem, status e pessoas é o tipo mais amplo, profudo e com as maiores consequências.

    – Apego a imagem: Muitas pessoas, muitas mesmo dâo muita importância a aparência seja no sentido físico (beleza) ou no sentido mais abstrato (a imagem que os outros tem). Isso leva ao medo de envelhecer (o que e inevitável), busca pelo "corpo perfeito" e pode em alguns casos associado ou não a outros quadros emocionais, evar a bulimia, anorexia, vigorexia e quadros mais profundos de ansiedade e depressão.
    A exposição exagerada em redes sociais pde ser mais um gatilho pra isso. O apego eí e no sentido de querer que sua melhor forma ou aparência dure para sempre ou sempre melhore o que também é impossível.

    – Apego a status. Você deve conhecer ou ter conhecido pessoas que escolheram profissões puramente por status, sté salário fica em segundo plano para alguns.
    O mais importante é o reconhecimento público pelo cargo ocupado. Muitos mesmo inflizes com suas rotinas laborais não buscam outras coisas porque gostam da sensação de reconhecimento, repeito e pertencimento que o trabalho proporciona.
    uando perdem o emprego ou se aposentam, acabam tendo uma dificuldade muito maior de adaptação ou de simplesmente tcar a fida pra frente, pois a agora não contam com o reconhecimento de antes.

    – Quanto ao apego a pessoas e relacionamentos, acho que nem preciso me aprofundar em tudo o que isso envolve o quão destrutivo pode ser.

    Acho que tudo isso bate de longe o apego a objetos ou consumo.

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  2. Boa noite de paz e saúde, querida amiga Rosana!
    Na espritualidade, aprendemos a exercitar o desapego. É ascese, a mística do ser humano está nisso e vamos aprendendo pois ningúem pode dizer que é totalmente desapegado. Sempre há algo.
    Há pessoas menos favorecidas que têm um apego ferrenho no único que tem em casa. E nós, de muitos apegos vivemos. E eu, vou lutando para não cair na tentação, pois prende, não liberta e não traz leveza. Deus nos ajude e me ajude também.
    Toninho é bem descolado em muitos aspectos, um ser humano ímpar e humilde. É um exemplo vivo de não apego.
    Tenha dias abençoados, amiga!
    Bjm carinhoso e fraterno de paz e bem

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  3. Olá Rosana, um comportamento que sempre será polêmico, pois é muito difícil admitir. Digo porque na empresa quando da implantação dos 5s era notável a reação das pessoas, principalmente alguns veteranos da eletricidade, em desfazer de suas tralhas e geringonças ultrapassadas, que realmente não se usaria mais com os novos equipamentos.Mas é tipico de nós este amor e no campo de pessoas, incorre-se num perigoso jogo de escravidão de sentimentos. Uma palavra chave é a que voce usou no final: Equilíbrio amiga.Sem este tudo fica mais complexo mesmo. Grato por fazer referencia ao um comentário.
    Abraços de fique na paz.

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  4. não faz muita diferença desapegar de coisas para quem não tem o distúrbio mental de acumular

    algumas gavetas vazias ou mais espaço em um cômodo não muda muita coisa para pessoas psicologicamente estáveis

    a tempo, a morte é o desapego real – vamos morrer e em questão de segundos nunca mais teremos o que foi nosso: o que ficar será partilhado por parentes e grande parte vai pro lixo ou ser doada

    abs!

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  5. Bom dia, Rosana
    Ótima reflexão. Desapegar é um ato de sabedoria, não é necessário viver com tanta coisa, acredito que fazer doações é um excelente caminho. Bjs querida.

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  6. Scant,

    Pois é… vivenciamos a morte, mas continuamos a acumular bens.

    Momentos que poderiam ser vividos e compartilhados com outras pessoas ou desfrutados sozinhos são muitas vezes utilizados para organizar coisas…

    A questão não é não ter nada, ser minimalista ao extremo, mas perceber se não há um certo exagero de coisas acumuladas ao longo da vida, sendo que muitas delas não fazem mais sentido algum para quem as possui.

    Abraços!

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  7. Toninho,

    A impermanência da vida muitas vezes incomoda.
    No exemplo que citou isso fica evidente, pois desfazer-se de algo parece até que é confundido com desfazer-se de uma parte da própria história.
    E quando o apego é direcionado para o campo das pessoas, a situação se complica, como você bem lembrou.

    O 5S é uma técnica muito boa. Pena que não deu certo onde eu trabalho…

    Abraços!

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  8. Roselia,

    Penso como você: ninguém pode dizer que é totalmente desapegado, pois sempre há algo mesmo. Desde que não seja exagerado, vejo até como algo saudável, pois acaba servindo como um referencial para o próprio senso de pertencimento.

    "E eu, vou lutando para não cair na tentação, pois prende, não liberta e não traz leveza. Deus nos ajude e me ajude também."
    Esse é o problema: quando algo se torna tão importante acaba sendo um peso e não mais um motivo de alegria e leveza.

    Abraços!

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  9. Anônimo,

    Excelente comentário!

    Você agregou muito valor ao meu post mostrando outros tipos de apego que muitas vezes são bem mais prejudiciais do que o apego aos bens materiais.

    Senso de pertencimento: de uma forma ou de outra é o que todos nós buscamos, pois uma vida sem isso se torna incompleta.
    A questão é quando essa busca é desvirtuada para os apegos, pois momentaneamente essa lacuna será preenchida, mas não por muito tempo, pois assim como não se resolve o problema da sede tomando refrigerantes, não há sentimento de pertencimento duradouro através do apego.

    Abraços!

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  10. Uma fantástica reflexão!…
    Eu tenho por norma, não comprar nada por vício… ou seja, encher-me de objectos que não preciso, comprando só por comprar…
    Pelo que quando efectivamente compro… estabeleço uma ligação, com aquilo que compro… e que até vou procurando preservar… mas periodicamente, gosto de me libertar de tudo, o que acho que não faz mais sentido ter… pensando bem… acho que sou equilibrada em matéria de apego… excepção feita… a algo, a que esteja ligada emocionalmente, que me recorde uma boa época… que me tenha sido oferecido por alguém especial… como exemplos!
    Uma interessante temática, suscitada pelo Toninho! Pois também há que pensar pelo outro lado… o facto de comprarmos tudo sem cessar, porque no fundo não conseguimos valorizar nada devidamente… e não nos apegarmos a nada, numa insatisfação permanente, e numa ânsia de termos a versão mais actualizada de qualquer coisa… que apenas nos satisfaz muitas vezes, apenas no acto da compra…
    É mesmo! Como em tudo na vida, precisa de haver um equilíbrio!… Também em matéria de apego!
    Beijinhos! Boa semana, e um óptimo mês de Junho, para ambos!
    Ana

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  11. Ana,

    Guardar um ou outro objeto especial é algo até saudável, mas quando quer-se guardar muitas coisas… Aí já vira algo até disfuncional. Além disso, o tempo despendido para limpar, organizar e arrumar tudo poderia ser utilizado de forma mais produtiva ou agradável.

    "o facto de comprarmos tudo sem cessar, porque no fundo não conseguimos valorizar nada devidamente.."
    Em um mundo tão habituado ao consumo, a insatisfação tornou-se parte da sociedade. E como a satisfação da compra é passageira, cada vez as compras são mais frequentes, entrando em um círculo vicioso sem fim.
    Por que ter algo mais velho se existe um modelo mais novo? – é um pensamento muito comum.
    Mas penso de outra forma: por que comprar algo novo se o modelo antigo satisfaz minhas necessidades e se o produto funciona perfeitamente?

    Agradeço por sua visita. Ana!

    Também desejo um ótimo mês de junho para todos nós!

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  12. Eu sempre achei q sou desapegado, mas lendo sua observação sobre os livros, percebi que tenbo muito que desapegar. Eh bem difícil me desfazer dos meus livros, sinto eles como um troféu, mas não faz o menor sentido.
    Gratidão!!!

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  13. Gleison,

    Mesmo não fazendo sentido, como é difícil praticar o desapego!

    Minha sugestão é começar por aqueles que você tem certeza de que não lerá novamente.

    Analise, reflita bem, muito bem, se vale mesmo a pena mantê-los.

    Alguns você vai querer manter, mas é provável que perceba que alguns deles poderão ser descartados. E sabe que serão úteis para outras pessoas – como vemos no enorme mercado de livros usados.

    Boa semana!

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