A correria da vida faz parte do cotidiano da maioria das pessoas.
Mas não deveria ser assim.
Aliás, o ideal é que não seja assim.
Essa correria tornou-se algo tão comum que soa até estranho quando alguém diz que sua vida está tranquila. Porém, comum é bem diferente de normal.
Diferentes, porém semelhantes
Apesar das diferentes áreas de atuação profissional e do estilo de vida, cada um, à sua maneira, consegue trazer a correria para a sua vida.
Veja abaixo alguns exemplos:
• Uma extensa carga horária de trabalho e da distância para chegar até ele.
• A ida ao supermercado que demora mais do que o necessário devido ao passeio pelos corredores repletos de novidades, que aliás, na maioria das vezes, são prejudiciais à saúde.
• O uso das redes sociais sem critério ou tempo estabelecido.
Os motivos são os mais variados possíveis, porém, quando somados, formam o quadro que ilustra bem a correria da vida atual.
O que falta?
Há muita falta de foco e concentração. Essas qualidades tornam qualquer atividade mais produtiva. Em outras palavras, fazer mais com mais qualidade em menos tempo. O que resulta em mais satisfação consigo mesmo e autoconfiança.
Há também falta de planejamento, que é essencial para que os objetivos se tornem realidade.
Se planejando, na maior parte das vezes, as coisas já não são fáceis, imagine sem planejamento.
Por mais irrelevante que você julgue ser o seu objetivo, planeje ao menos o mínimo, o básico.
Ao visualizar esses fatores somados, você entenderá um pouco a razão da correria da vida estar tão presente na sociedade atual.
Há muita distração, pouca clareza e concentração.
Como o tempo passou rápido!
Já estamos em agosto de 23.
Já estamos na terceira década do século XXI.
Tenho quase certeza de que você já ouviu muito essa frase.
E é provável que a tenha pronunciado ao menos uma vez na vida.
De janeiro a junho, o tempo passa rápido.
E de julho a dezembro, muitas vezes, parece até que passa mais rápido ainda.
Mas será que o tempo está mesmo passando mais rápido?
Ou é o excesso de atividades que está furtando o seu tempo de você mesmo?
Um momento para fazer nada
Quando foi a última vez em que você ficou sem fazer nada, mas sem se sentir mal exatamente por não estar fazendo nada?
Quando foi a última vez em que você aproveitou um momento de ócio sem a sensação de culpa ou peso na consciência?
Em momentos assim, você não sentiu que não estava perdendo tempo, muito pelo contrário, que estava fazendo algo bom e necessário para você?
Nem sempre o que a sociedade entende como perda de tempo realmente é perda de tempo.
Muitas vezes, é exatamente desses momentos que você precisa parar para não explodir, para não desmoronar, para não sucumbir diante das pressões. Para reequilibrar a mente, para proporcionar um ambiente adequado à regeneração celular, para reencontrar-se consigo mesmo.
Nem sempre mais é melhor
A sociedade de consumo anseia por mais em várias áreas.
Quanto mais compras, melhor!
Quando mais novidades, melhor!
Quando mais informações, melhor!
Quanto mais entretenimento, melhor!
Mas será que a vida funciona dessa maneira?
Ou será que o resultado desses excessos é o que vemos atualmente nos crescentes casos de ansiedade, depressão e estresse?
Não é por que “todo mundo” segue por esse caminho do consumo sem limites que você precisa seguir também.
Especialmente se você já percebeu que há algo de muito errado em tudo isso.
O que você pode tirar hoje da sua vida?
Em geral, o pensamento gira em torno do que acrescentar na vida para resolver um problema.
Mas você já pensou no que você poderia tirar?
Se você passa muito tempo nas redes sociais ou assistindo televisão, será que não poderia começar diminuindo 10% do tempo dedicado à essas atividades?
De forma planejada e com uma firme decisão, você pode diminuir cada vez mais, até chegar a uma quantidade de horas que considera ideal e saudável.
Você já parou para pensar que essas são duas atividades muito agradáveis e desenvolvidas exatamente para que você gaste uma boa parte do seu precioso tempo, ou melhor, de sua preciosa vida com isso?
Penso que para a maioria das pessoas, esse é um dos fatores – ao menos teoricamente – mais fáceis de serem modificados, pois você sabe que está 100% no controle do que fará com o celular ou o controle remoto.
E lá no fundo, você sabe que já perdeu muito tempo com esse tipo de interação e entretenimento.
Você poderia ler um bom livro de uma área de conhecimento de seu interesse em uma parte do tempo que não usará mais com o mundo das telas. E tenho quase certeza de que se sentirá mais satisfeito consigo mesmo com essa nova e boa escolha.
Tenha momentos para não fazer nada. E não se envergonhe disso.
Eu não aconselho que você fale sobre seus momentos de ócio para outras pessoas – exceto para quem procura seguir por esse caminho.
A maioria das pessoas acabaria achando tudo muito estranho.
E as críticas viriam e poderiam acabar enfraquecendo o seu propósito.
Encare esse como um momento só seu.
Aproveite-o da maneira que quiser.
Transforme-os em momentos agradáveis, de tranquilidade, leveza, alegria, serenidade e paz.
A corrida da vida não precisa fazer parte da sua vida
Não olhe para os outros.
Olhe para você. Apenas para você.
Perceba o que realmente te faz bem. Bem de verdade.
Não aquele bem-estar superficial produzido pelas indústrias do entretenimento e de produtos alimentícios.
Conheça a si mesmo.
Identifique suas virtudes e valores.
Priorize a si mesmo.
Em muitas áreas da vida, a correria vai continuar. Como no trabalho, por exemplo.
Mas diminuindo a correria nas outras áreas em que isso for possível, sua vida poderá ser mais tranquila e de paz, pois os momentos de ócio, momentos em que você é 100% você mesmo, são essenciais para o equilíbrio. Para revigorar a mente e o corpo.
A correria da vida vai continuar a existir.
Que ela ocupe apenas um pequeno espaço de sua vida.
Você não nasceu para existir.
Você nasceu para viver.
Créditos das imagens: Pixabay
Bom dia de paz, querida amiga Rosana!
Ah! Que post profundo!
Tenho conhecido pessoas que vivem na pressa, na correria constante e não saboreia a vida.
Nem mesmo se dá conta quando são amadas… uma tristeza.
Fico com pena de tais pessoas que se robotizaram a tal ponto que, quando perceberem, estarão na cova.
O melhor da vida perderam.
Tenho casos na família também. Tudo de carro e não são capazes de fazer uma caminhada sequer.
Tenha dias abençoados!
Beijinhos
Rosélia,
Triste ver que muitas das invenções humanas que vieram com o propósito de facilitar a vida, acabaram de certa forma nos dominando.
O carro é um exemplo. Celulares também. São úteis, mas não conseguir viver sem eles, penso que é um sinal de alerta.
Muitas pessoas perderam o interesse em caminhadas, como você disse, fazem tudo de carro. E muitas falam que fazem tudo de carro pois é mais rápido.
Mas por que fazer tudo tão rápido?
O que aconteceu com a humanidade, com esse acúmulo de coisas, de atividades que tornaram a vida tão corrida, com casos crescentes de problemas mentais e físicos decorrentes dessa correria para a qual nosso corpo não foi planejado?
Saborear a vida: quantas pessoas que você conhece que realmente vivem de forma plena?
Acho que nos perdemos no meio do caminho. E reaprender a viver talvez seja o primeiro e mais importante passo que precisamos dar – não falo de todas as pessoas, mas da maioria de nós.
Bem-aventurados os que sabem viver de verdade nessa sociedade tão disfuncional na qual vivemos.
Boa semana!
*saboreiam, quis dizer… desculpe-me.
Sempre leio suas respostas, querida.
Não me importo de forma alguma com comentários longos, pelo contrário são sinal de grande interesse. Não se preocupe, querida. Bjm
Fico feliz em saber, Rosélia! 🙂
Bom dia, Rosana
Reflexão interessante, realmente a vida está uma correria, precisamos viver com leveza, fazer aquilo que realmente faz bem e valorizar as pessoas que amamos, ter tempo para conversar olhando nos olhos, sem pressa, um forte abraço.
Lucinalva,
Parece que a maioria das pessoas perdeu o hábito de falar olhando nos olhos da outra pessoa. Comecei a prestar mais atenção nisso.
Fiz um curso recente que falava sobre a importância disso, pois gera conexão, empatia e menos distração.
Abraços!
Excelente texto, Rosana!
Por coincidência, eu também tenho refletido muito sobre esse tema nos últimos meses. Se entrarmos na pilha da sociedade que nos circunda, não vamos parar nunca, nem para dormir, quanto mais para fazer intervalos de pausa regulares.
Por isso, é muito importante a sua mensagem, que nos convida à reflexão: a vida pode ser melhor apreciada se mudarmos nosso ritmo de vivê-la.
Guilherme,
Não dá para seguir o mundo, pois as consequências serão péssimas.
Precisamos desacelerar. Mesmo que a sociedade nos siga o contrário.
Precisamos aprender a falar mais “não” para o que não nos interessa. E darmos valor para o que importa.
Abraços!