Colecione momentos

Vi o termo “colecione momentos” no blog Reflexões Diárias Lucinalva. E ele me impactou muito.

Desde muito cedo na vida, você e eu fomos ensinados a colecionar de tudo. Menos momentos.

Você se lembra qual foi a sua 1º coleção?

Eu não lembro qual foi a minha.

Talvez tampinhas de garrafas? Pedras?

De tão insignificante que foi, não lembro.

Eu me lembro da minha 1º coleção mais importante

Eu tinha por volta de 10, 11 anos.

Uma colega esqueceu uma pasta embaixo de sua carteira na classe.

Eu e minha amiga saímos correndo atrás dela para entregar.

Como agradecimento, algo raro nessa idade, ela deu um uma folha de papel de carta para cada uma de nós.

E assim, nós começamos nossa coleção de papéis de carta.

Eu acho que tive duas pastas cheias de papéis de carta no auge da minha coleção.

Mas queria poder ter mais, como outras colegas. Aqueles papéis mais caros e raros.

Nunca tive.

Havia também as contagens de papéis. Eu ficava admirada em ver meninas que tinham 300, 400, 500 papéis. E não posso dizer que não tinha também um pouco de inveja, pois eu tinha…

Para algumas pessoas as coisas são mais fáceis. A vida é mais fácil.

Como eu não podia compra tantos papéis de carta assim, comprei alguns envelopes de figurinhas, cortei uma folha de sulfite em duas partes e colei uma figurinha em cada parte. E assim, eu havia criado mais 2 papéis de carta para a minha coleção.

Na minha contagem, eu tinha alguns papéis a mais. Que bom!!!

Mas não deu muito certo, pois serviram apenas na contagem, já que ninguém queria trocar os meus “papéis de carta personalizados” por outros “de verdade”.

Logo desisti da ideia.

Lembro-me de apenas um deles. A memória tem dessas coisas…

Quanto tempo durou minha coleção?

Por ter começado minha coleção mais pela empolgação, as minhas trocas de papéis duraram no máximo 2 anos.

E em menos de 5 anos eu já havia dado um fim em tudo. Nem me lembro o que fiz com eles.

O que valeu mais: os papéis de carta ou os momentos?

Na época foram os papéis.

Nessa idade, a gente ainda não entende o valor dos momentos e das experiências.  Vemos apenas o valor do bem material.

No início da vida adulta, talvez um pouco menos, a balança começa a pesar mais para o lado dos momentos. E isso vai se intensificando com o passar do tempo.

Lembro das trocas de papéis de carta depois da aula na casa de uma colega.

Às vezes, nos reuníamos até no período da tarde para fazermos as trocas sem pressa.

Era um tal de olhar, olhar e olhar de novo todos os papéis até decidir qual seria trocado por qual!

Esses momentos só existiram porque havia algo que unia aquelas pessoas ali. Esse algo era essencial, pois sem ele, o momento não existiria daquela forma. Porém, o que fica mesmo na lembrança, o que faz a gente sentir que algo valeu ou não a pena, são os momentos. E os sentimentos por eles gerados.

Colecione momentos

O impacto do termo “colecione momentos” foi muito grande para mim desde o momento em que o li.

No final das contas, o que fica mesmo são as lembranças, os sorrisos, as lágrimas, as emoções e os sentimentos.

Em uma foto, você olha primeiro para as pessoas que estavam com você. O cenário faz parte, mas já não é mais tão importante assim.

E terá muito menos importância ainda, se alguma pessoa da foto já tiver falecido.

Você pode até se lembrar com carinho de uma foto em que está sorrindo ao lado de sua primeira bicicleta ou usando uma roupa que gostava muito.

Mas no fundo, você sabe que o mais importante nessa foto é você.

O mais importante nessa foto é o seu sorriso. A sua alegria naquele momento.

Esse momento é o que você precisa guardar com todo carinho em sua memória, pois faz parte de sua história.

Esse momento faz parte da sua vida.

Esse momento faz parte de você.

Créditos das imagens: Pixabay