Para onde seus pensamentos te conduzem?

Você já parou para pensar de onde surgem as emoções e os sentimentos desconfortáveis como os de ansiedade, tristeza, raiva ou angústia?

E os bons sentimentos e emoções, como alegria, confiança, esperança?

Quando o sentimento ou a emoção surgem, geralmente são vivenciados. Mas, raramente questionados.

Ninguém fica pensando algo como: “angústia, angústia, angústia” antes do surgimento desses sentimentos. Assim como ninguém fica pensando “alegria, alegria, alegria” para que a alegria se torne real.

 

Antes do pensamento

Na maioria das vezes, os pensamentos não surgem do nada.

Até para encontrar alguma ideia ou solução, há um encadeamento de pensamentos, que somados a todo o saber adquirido anteriormente, resultam em algo novo.

Os pensamentos cotidianos são o resultado de eventos bons ou ruins que fazem parte da vida. E aqui, não importa se o evento ocorreu há 5 minutos, 10 meses ou 50 anos. Ele é capaz de proporcionar alegria, tristeza, angústia, paz, etc.

Com frequência, tais pensamentos são capazes de provocar novamente as sensações percebidas no evento original. 

O pensamento é capaz de provocar novamente o choro de alegria. Ou de tristeza.

Por mais estranho que possa parecer, sem a lembrança de eventos, que podem ter ocorrido há 10 segundos ou 20 anos, não haverá pensamentos com conteúdo emocional. E como resultado, não haverá sentimentos.

 

Menino pensando em frente a jogo de xadrez. Bons pensamentos resultam em boas escolhas.
Pensamentos e emoções: inseparáveis

 

Um rápido teste

Pense em algo muito bom que aconteceu com você.

Procure se lembrar do que mais te impactou naquele momento.

Rememore as cenas por alguns momentos.

Já relembrou?

E então? Como você se sentiu?

Percebeu que muitos dos sentimentos e emoções que fizeram parte do momento original se tornaram presentes e reais novamente?

Agora, por 1 ou 2 minutos, tente não pensar em nada. Em nada mesmo.

Sei que não é fácil, pois logo alguns pensamentos aparecerão na mente. Ignore todos eles e volte a deixar a mente vazia.

E agora, como você se sentiu?

Alegre?

Triste?

Angustiado?

Preocupado?

Animado?

Houve algum sentimento relevante, como no teste anterior?

É bem provável que não tenha sentido nada. Exatamente o esperado quando não há nenhum pensamento na mente.

 

Coisas do dia a dia

Muito do que é vivenciado transforma-se em um pensamento. Nem que seja por poucos segundos.

Por exemplo: você vê uma pessoa tropeçar na rua e pensa: “essa calçada está mesmo em péssimo estado de conservação”

E então sente-se condoído pela pessoa por alguns minutos. Ou não sente nada e segue seu caminho absorto em seus próprios pensamentos.

Agora, imagine que ao tropeçar, a pessoa caiu e está gritando de dor.

Ao ver essa cena, muitas coisas passarão rapidamente por sua mente e resultarão em sentimentos e emoções afins, como preocupação, surpresa, indiferença, etc. Mas sempre os sentimentos e emoções estarão relacionados ao seu pensamento.

Se o pensamento foi algo como: “Coitado! Deve estar doendo muito! Percebo isso em seu semblante”, o seu sentimento será no sentido de preocupação e desconforto.

Se o pensamento foi algo como: “Que escândalo! Tudo isso por uma queda tão comum!”, o sentimento será no sentido da indiferença ou de uma leve irritação.

Em relação aos dois pensamentos acima, quem se sentiria mais impactado com o que viu? A pessoa que se preocupou ou a que se irritou?

Talvez a pessoa preocupada pense no assunto por vários dias ou nunca mais se esqueça do ocorrido, pois o forte grau de emoção associado ao momento faz com que o evento seja registrado de forma privilegiada na mente. E sempre que o pensamento sobre o fato voltar, o sentimento também voltará, embora com intensidade menor conforme o tempo passa.

 

Coisas do passado e do futuro

Apesar do presente proporcionar muitos momentos de estresse (algo que foi exacerbado pela pandemia), geralmente encontram-se no passado e no futuro as maiores fontes de sentimentos e emoções desagradáveis.

Ninguém até hoje teve um passado perfeito, onde tudo fluiu maravilhosamente bem. Todos possuem momentos de tristeza, decepções e contratempos em sua história.

Bom se alguma lição foi aprendida e melhor ainda se ocorreu a superação, pois nesse caso, os sentimentos relacionados à superação serão mais fortes do que os sentimentos negativos ocasionados pelo evento original. Porém, relembrar momentos desagradáveis é um caminho muito rápido para que os sentimentos e as emoções envolvidas também retornem à mente.

Em relação ao futuro, as incertezas e os questionamentos excessivos e improdutivos podem tirar a paz e a tranquilidade e resultar em ansiedade, que por sua vez ocasionará mais questionamentos e pensamentos de desconforto, transformando-se em um círculo vicioso extremamente prejudicial à saúde física e mental.

A grande questão é que geralmente não há consciência de como chegou-se sentimento ou emoção atual, tampouco qual foi a sua origem, pois para se chegar até ele, vários pensamentos voltaram à mente e por ela passaram de forma totalmente imperceptível.

E por mais incrível que possa parecer, tudo foi aceito de forma muito natural.

 

O poder do questionamento

Quando um sentimento ou emoção que considera desagradável surgir, questione-se imediatamente sobre sua origem.

Você estava bem e esse foi o primeiro pensamento?

Ou você percebeu que houveram outros pensamentos antes?

Questionar-se de forma honesta, sincera e imparcial é muito útil para descobrir quando, como e por qual motivo tais pensamentos surgiram.

Descobrindo a origem, questione-se: “esse pensamento era realmente necessário ou só está atrasando a minha vida?”

Indo um pouco além, quantos pensamentos do tipo que atrasam a vida, você acredita que teve até hoje?

Impossível quantificar, mas provavelmente não foram poucos, exceto se você for muito otimista. Além disso, quanto do seu precioso tempo provavelmente foi gasto com eles!

Por mais contraditório que possa parecer, muitas vezes você permite que sua mente trabalhe contra você mesmo. Em maior ou menor grau, todos fazemos isso.

 

Emoticons tristeza, alegria, raiva, medo. Bons pensamentos geram sentimentos.
Bons pensamentos geram bons sentimentos – algo essencial para a saúde física e mental

 

Conclusão

Fatos vivenciados se tornam pensamentos.

E como consequência dos pensamentos, surgirão sentimentos ou emoções.

Muitas vezes, o sentimento desagradável está presente, sendo vivenciado de forma até intensa, mas não se sabe como ele chegou até ali.

Por isso, questionar os pensamentos é tão importante; Como um pensamento geralmente induz a outro semelhante, de repente são relembrados vários momentos desagradáveis em sequência, o que aumenta ainda mais o grau de desconforto.

Os erros são grandes professores, a tristeza também é necessária, mas tudo no seu tempo.

Procure viver mais o momento presente, e se for para relembrar de algo, que seja da maneira mais consciente possível, para evitar os encadeamentos prejudiciais de pensamento.

Afinal de contas, sentir-se bem é um dos mais nobres objetivos da vida.

 

Créditos das imagens: Positive_Images e Gino Crescoli – Pixabay

 

18 thoughts on “Para onde seus pensamentos te conduzem?”

  1. Gostei muito do texto.Havia lido ontem e depois me chamaram, não comentei na hora, esqueci… Assim são nossos dias. Pensamos em fazer algo,mas se não nos concentramos, voa… Valorizar bons pensamentos é nosso foco. O resto? Já chega por si só! beijos, tudo de bom,chica

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  2. Olá, Rosana.

    Parabéns pelo excelente post. Às vezes fico pensando em coisas ruins que já aconteceram há anos e tento desviar o pensamento. Uma coisa que ainda que tenho que controlar mais e que importo um pouco são com coisas que acontecem no dia-a-dia que não tem muita relevância.

    Abraços!

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    • Cowboy Investidor,

      Fatos desagradáveis do passado só servem para causar tristeza no presente. Precisamos pensar mais no aprendizado e sobre como não cometer os mesmos erros. E não mais do que isso.

      São exatamente essas coisas sem muita relevância do dia a dia que atrapalham, que desequilibram e prejudicam a atenção.

      Precisamos pensar mais no que podemos modificar e não dar tanta atenção ao que foge do nosso escopo de atuação (me incluo aqui também).

      Bom saber que gostou do meu post!

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  3. Visitando gostei muito do seu blogue e da sua escrita. Na verdade quase nunca paramos para pensar no que nos roideia e/ou no que sentimos em cada moimento da vida.
    Se calhar também, por vezes, o melhor é mesmo não pensar, olhando a certas adversidades que nos acontecem. “” Quem muito pensa, o seu cérebro rapidamente cansa “”. Não é mesmo?

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    • Ryk@rdo,

      Dependendo do pensamento, melhor mesmo bloquear logo no início. Já reparou que um pensamento ruim de repente se transforma em um rápido filme com vários deles?

      Podemos usar essa mesma qualidade da mente para algo bom, pois isso acaba proporcionando bem-estar e motivação. Mas sem exageros, pois como você disse, pensar demais cansa. E além disso, é totalmente desnecessário. Por isso gosto da prática do mindfunless.

      Muitas vezes, o que mais precisamos é de silêncio. E de deixar a mente o mais vazia e tranquila possível.

      Bom saber que gostou do meu blog!

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  4. Excelente texto, Rosana!

    Eu me lembrei do livro Felicidade Autêntica, de Martin Seligman, que diz que uma das coisas para melhorar o aspecto psicológico no dia a dia é, em relação ao passado, ter sentimentos de gratidão, pois isso, dentre outros fatores, faz com que tenhamos uma vida mais leve e menos ruim, até para a saúde mental e física.

    Abraços!

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    • Guilherme,

      A gratidão faz muito bem mesmo para uma vida mais leve, saudável e agradável.

      Sempre podemos ver o copo meio cheio ou meio vazio. A escolha cabe a cada um de nós.

      Vi no seu blog uma resenha de 2010 sobre o livro que citou. Vou ler!

      Um bom final de semana,

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  5. Bom dia, Rosana
    Parabéns pelo excelente texto, muito rico, repleto de conhecimento. Gostei muito da colocação: “fatos desagradáveis do passado só servem para causar tristeza no presente”. Precisamos cuidar do nosso pensamento, ter uma mente tranquila, pensar sempre nas coisas de Deus. Bjs querida.

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    • Lucinalva,

      Se olharmos para a mente como um jardim, vamos ter muito mais cuidado e consciência em relação a nossos próprios pensamentos, pois queremos um jardim florido, belo, equilibrado e não algo semelhante a um terreno descuidado. Não é mesmo?

      Bom saber que gostou do meu post!

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    • Piedade Sol,

      “Ler com calma e sentir calma.”
      Gostei muito das suas palavras. Inspiradoras!
      Bom saber que meu post te proporcionou esse tipo de pensamento.

      A vida cotidiana em geral é tão atarefada.
      Nada melhor do que tirarmos alguns momentos para recarregar as energias através do contato com a natureza, meditação e boas leituras.

      Boa semana!

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  6. Bem interessante o texto com os testes sugeridos Rosana.
    Fazer a mente concentrar nas emoções que nos alegraram
    e ou alegram. Questionar cada movimento e emoção é um
    mergulho na existência.
    Gostei

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    • Toninho,

      “Questionar cada movimento e emoção é um mergulho na existência.”
      E como…
      Isso pode ser algo assustador. Ou pode ser algo muito gratificante quando há coerência entre palavras e atitudes e entre propósito de vida e vida real.

      Boa semana!

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  7. Gostei imenso do texto! Viver no presente, é tudo o que mais pratico no momento… tentando preservar ao máximo os momentos bons… num contexto por demais incerto, como o que atravessamos agora… mas às vezes, há sentimentos que não dá para evitar… sinto imensa tristeza, por cada dia que a minha mãe, neste último ano, não pôde sair, nem aproveitar as capacidades psíquicas e motoras que tem… e que muitos da idade dela, já não têm… para as pessoas com alguma idade… cada dia desperdiçado… já não mais será recuperado da mesma forma, do que para uma pessoa mais nova… quando se perdem os hábitos, reflexos e rotinas de sempre… tudo custa muito mais a recuperar…
    Beijinhos
    Ana

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    • Ana,

      O tempo não pode ser recuperado, mas talvez possa ser aproveitado de forma mais agradável à sua mãe.
      Quem sabe ela pode até aprender algo novo, como costurar, tocar algum instrumento musical ou cultivar alguns vasinhos com temperos, verduras ou flores, escrever poemas, pintar, enfim, são tantas opções!
      Já conversou com ela sobre isso?

      Acho que todos sairemos diferentes dessa pandemia.
      Novos hábitos, novos objetivos. Uma nova maneira de ver o mundo e de priorizar o que realmente importa.

      Sua mãe também se adequará. Do jeitinho dela. De acordo com seus gostos e interesses pessoais.
      De qualquer forma, é muito melhor que ela esteja em casa, pois está bem mais segura do que se estivesse saindo.

      O depois não será fácil, mas será possível. E é nessa possibilidade que precisamos focar nossa atenção.

      Um bom final de semana,

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