Açúcar – um doce muito amargo

 

Quando pensa em açúcar, qual é o primeiro sentimento, qual a primeira lembrança e pensamento que você tem?

É bem provável que seja algo bom.

Açúcar lembra amor.

Açúcar lembra carinho.

Açúcar lembra confraternização.

Açúcar lembra bons momentos familiares.

Açúcar lembra a felicidade da infância.

Não dá para imaginar um aniversário sem açúcar.

Não dá para imaginar o final do ano sem panetone.

Como as avós recebem os netos?

Com bolos e pudins.

Sempre com algo doce, agradável ao paladar.

E geralmente, todas essas receitas levam açúcar. Muito mesmo.

 

doces

 

Açúcar e afeto

Açúcar remete ao afeto e ao amor.

De produto caro, que somente os mais ricos podiam comprar no início do século XX, há décadas o açúcar refinado está presente em praticamente todos os lares.

Ele fez, faz e continuará fazendo a alegria de bilhões de pessoas em todo o mundo – fabricantes e consumidores.

Pense no seu doce favorito derretendo em sua boca.

Que sensação agradável! Que sabor!

O açúcar está aí para adoçar e alegrar a vida.

Para unir pessoas.

Para tornar os momentos agradáveis e inesquecíveis.

Foi isso o que você aprendeu. E eu também.

 

O lado esquecido

Não vou falar sobre o fato de que esse produto engorda, pois isso você já sabe.

A questão é que esse é apenas um dos inúmeros efeitos negativos que ele causa do corpo.

Veja abaixo mais alguns deles:

• Diabetes tipo 2

• Cáries

• Doenças cardiovasculares

• Disbiose

Quem irá se lembrar dessa lista ao saborear seu doce favorito?

Provavelmente ninguém.

Até porque, se você pensar melhor, se lembrará de que a utilidade do alimento é alimentar suas células e não destruí-las,  Então, irá pensar muito mais antes de comprar produtos que estão fora do propósito de manter a saúde.

Mas quem consegue agir assim durante pelo menos metade do tempo, exceto por problemas de saúde já instalados?

 

Embalagens que chamam a atenção

Quanto mais nocivo o produto, parece que mais bonita é a embalagem. Você já reparou nisso?

Desde a infância, esse estilo de vida foi ensinado à você.

Uma recompensa ou um agrado sempre é feito através de doces.

Tentar agradar alguém com uma caixa e morangos, uvas ou qualquer outra fruta soará como algo bem estranho.

Enquanto isso, quão natural é agradar alguém amado com chocolates, bolos e panetones!

Esse é um hábito socialmente aprovado.

Talvez as novas gerações consigam modificar essa situação tão prejudicial.

Lembre-se dos corredores “problemáticos” do supermercado. Digo problemáticos aqueles repletos de produtos açucarados de forma exagerada.

Nesses corredores, o que você vê?

Embalagens muito bonitas, chamativas, agradáveis aos olhos.

Em muitos desses produtos, você pode ler a frase “enriquecido com vitaminas”.

O problema não são as vitaminas em si, mas o fato de estarem em um produto totalmente anti saúde! Fica até contraditório ver vitaminas e muito açúcar na mesma embalagem.

E como muitos desses produtos são voltados ao público infantil, a sutileza torna-se mais grave, pois desde pequena, a criança aprende e entende que aquele sabor docinho do chiclete na boca, além de agradável é bom para ela.

E com o hábito formado, torna-se bem difícil abdicar desses produtos.

O organismo vai suportando, suportando… mas um dia, ele não vai mais aguentar e as consequências chegarão.

 

Não se deve comer muito açúcar

Pensando em larga escala, quantas pessoas foram ensinadas na infância através do exemplo dos pais ou de outros parentes próximos que açúcar é perigoso, que faz mal e que o melhor a fazer é ficar longe dele?

O que eu aprendi é que não se deve comer muito açúcar. Mas “muito” é relativo.

Além disso, quantos pais ensinam em uma linguagem compreensível às crianças pequenas, que a partir de certa quantidade de chicletes, chocolates e balas, o organismo fica sobrecarregado e que por isso, o ideal é usar tais produtos com muita moderação?

Dizer apenas que comer muito açúcar faz mal ou que dá dor de barriga é muito pouco!

Ainda mais nos dias de hoje, pois as crianças têm a liberdade de serem muito mais questionadoras do que as crianças de todas as gerações anteriores.

 

A matrix

Quando compra um sapato ou uma roupa, você acredita que quem está no controle da escolha é você, correto?

De certa forma sim, porém alguém antes de você já decidiu o que estaria disponível.

Se você quiser algo diferente, terá que procurar muito. Ou tentar customizar alguma peça já comprada.

Com a alimentação não é muito diferente.

Os produtos disponíveis são esses: muito açúcar, muita gordura. Muito trigo, milho e soja transgênicos. Muitas verduras e legumes repletos de pesticidas. E poucos produtos orgânicos.

Ou seja: a base da alimentação em geral têm muito açúcar, glúten, pesticida. Muito de tudo o que é prejudicial. E muito pouco do que realmente faz bem.

 

O resultado

Por um bom tempo o corpo suporta essa carga de produtos nocivos e/ou não tão saudáveis. Mas algum dia, o resultado aparecerá na forma de doenças – geralmente crônicas.

E então, além da perda da saúde, é bem provável que medicamentos de uso contínuo sejam prescritos.

E muitas vezes, a prescrição é até o final da vida.

Até o final da vida. Você já pensou sobre isso?

Olhando dessa maneira, parece até que as indústrias alimentícia e farmacêutica se retroalimentam.

 

Voltando ao açúcar

Como eu costumo dizer, equilíbrio é fundamental.

E no caso do açúcar, pouco já é muito.

Se você pensar que sua alimentação pode ser a responsável por várias inflamações crônicas – muitas ainda desconhecidas por você mesmo – aos poucos pode começar a mudar seus pensamentos e hábitos.

Não é fácil, porém, é melhor que a mudança ocorra quando os danos mais sérios ainda não estão presentes.

Há pessoas que são geneticamente agraciadas: se alimentam mal, mas não ficam doentes. Você já deve ter conhecido alguém assim, que recebe bem menos impactos de uma alimentação inadequada.

Como eu não faço parte desse seleto grupo, prefiro evitar o máximo possível o que sei ser prejudicial para mim.

 

Chocolate x outros doces

O meu doce favorito é o chocolate, mas até hoje eu já consumi e apreciei muitos outros doces dos quais não gosto tanto assim. Doce de leite, panetone com frutas, enfim, a lista é enorme.

Sabendo que tais produtos não são adequados à saúde e que são dispensáveis para mim, comecei a pensar de outra forma.

O que eu gosto é de chocolate, certo?

Algum dos outros doces ne satisfaz?

Em uma análise mais profunda, cheguei à conclusão que não. Então, por que os consumir?

Após a mudança de mentalidade, tirei pelo menos 95% dos outros doces da minha vida.

Agir assim fez sentido para mim.

 

E as bolachas recheadas?

Quem acompanha meu blog há algum tempo, sabe que eu tinha um problema com bolachas recheadas.

Simplesmente eram irresistíveis para mim.

Eram.

Em meados de 2021, exagerei no consumo. Em média, uns 2 pacotes por semana.

Eu tinha uma caixa cheia desses pacotes!

Mesmo tentando racionalizar e degustar com mais atenção a enorme quantidade de açúcar e gordura com um distante sabor de chocolate, eu ainda não conseguia me livrar desse péssimo hábito.

Por mais contraditório que possa parecer, o exagero foi bom, pois percebi que o consumo de bolachas recheadas de chocolate havia se tornado um vício. Eu havia mesmo perdido o controle.

Só o tempo dirá se conseguirei ser firme em meu propósito, mas desde setembro de 2021 não consumo mais esse produto. Acho que talvez agora, finalmente meu paladar rejeite tais bolachas. Mas mesmo assim, prefiro evitar esse corredor do supermercado.

Posso dizer que assim como os outros doces, as bolachas recheadas pararam de me atrair tanto quanto antes. Pararam de me atrair tanto. Mas não totalmente. Por isso, melhor a cautela no supermercado.

Percebi que em momentos de mais ansiedade ou quando quero algum doce, as uvas passas e os damascos cumprem bem o objetivo. Não satisfazem tanto quanto as bolachas, mas são saudáveis, com níveis de frutose (o açúcar das frutas) até mais agradáveis ao paladar.

 

Açúcar não é sinônimo de afeto

Você não precisa de tanto açúcar branco.

E também não precisa continuar acreditando que seus bons momentos em família precisam ser ao redor de uma mesa repleta de doces.

Você não precisa mais acreditar que no seu aniversário a comemoração só será válida se houver um bolo com uma cobertura agradável ao olhar e ao paladar, mas péssima para suas próprias células. Por que não fazer um bolo mais simples, com menos açúcar na massa e uma cobertura com leite de coco e coco ralado, por exemplo?

Você não precisa mais acreditar que épocas de festividades como páscoa e natal são datas para se empanturrar de produtos cheio de açúcar e gordura. Mesmo que sejam por apenas alguns dias por ano em que esse exagero ocorra.

Por que não comemorar de forma mais simples, saudável e equilibrada?

Por que não satisfazer o paladar com apenas um ou dois pedaços de panetone em vez de satisfazer os olhos com vários deles?

Você não precisa mais acreditar que apenas doces industrializados proporcionam a sensação de bem-estar e alegria. A grande variedade de frutas e os exercícios físicos também podem te fazer alcançar sensações parecidas.

 

placa indicativa de saúde e homem seguindo por esse caminho ilustração

 

Você pode acreditar que não precisa de doces tão doces e que as refeições podem ser mais agradáveis e saudáveis sem eles no final.

Você precisa acreditar que nem sempre o que encontra nas prateleiras do supermercado é o que o seu corpo realmente precisa para manter suas células funcionando bem.

 

 

Créditos das imagens: Pixabay e Free Digital Photos

 

De novo o agendamento do post de hoje não funcionou… Instalei um plugin, espero que agora dê certo.

 

 

16 thoughts on “Açúcar – um doce muito amargo”

  1. Bom dia, Rosana
    Ótima postagem. Uma alimentação saudável faz toda diferença, eu gosto muito de doces, mas devido ao colesterol alto precisei tirar o açúcar da minha alimentação, não foi fácil, as vezes como algo doce, mas no geral estou tentando me policiar, pois sei que é prejudicial a saúde, um forte abraço.

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    • Lucinalva,

      Isso é algo que eu desconhecia: a relação entre colesterol alto e açúcar. Bom saber.

      O seu relato mostra que o açúcar em excesso causa estragos muito mais abrangentes do que podemos imaginar. Ou melhor, do que a ciência pode imaginar.

      Abraços!

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  2. Excelente texto, Rosana!

    Nos dias atuais, com tanta informação a respeito do açúcar, podemos tomar decisões mais conscientes e informadas a respeito dele, bem como encontrar alternativas equivalentes.

    Boa semana!

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    • Pois, é, R y k @ r d o… Que não gosta de doces?

      Fomos ensinados assim desde a infância. Não é fácil mesmo mudar esse hábito, pois é algo muito agradável ao paladar.

      De vez em quanto, tudo bem. Faz parte da vida, da sociedade, da tradição, do que aprendemos. O problema são os exageros no dia a dia.

      Abraços!

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  3. Boa noite de Oitava de Páscoa, querida amiga Rosana!
    Abusei mais do que o normal nestes dias dos chocolates e eles viciam mesmo. É fato!
    Agora, é correr atrás do prejuízo, não gosto de nada muito doce, então os damascos e frutos secos me acompanham há tempos.
    Estava normal minha glicose no mês passado e aí me permiti na Páscoa.
    Já volto ao normal agora, já que as frutas e alguns legumes já contém açúcares.
    Cuidar da saúde é prioridade mesmo. Consigo passar pelas prateleiras dos recheados e não comprar nenhum também.
    Tenha dias pascais abençoados!
    Beijinhos com carinho fraterno

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    • Rosélia,

      Nessas épocas é comum mesmo haver um certo exagero… rsrsrs

      O mais importante é que você tem consciência disso e durante a maior parte do ano consegue não consumir tanto açúcar.

      Que bom você conseguir passar pelo corredor de bolachas recheadas e não comprar nenhuma! Eu prefiro passar longe desse corredor, por enquanto.

      Boa semana!

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  4. Olá ! nos dias de hoje temos muitas informações sobre os malefícios do açúcar . Mas , como passar sem ele ? Eu até que já tentei usar menos , sempre acabo quebrando minhas intenções . Bah !!! Vamos de aç~ucar , com moderação , é claro. Abraços

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    • Edite,

      Seu comentário ilustra bem o quanto estamos acostumados com o açúcar e o quanto ele é viciante.

      Sei bem como é isso de quebrar os propósitos. Mas depois que percebi que havia perdido o controle sobre o consumo de bolachas recheadas, resolvi dar um basta. Não é fácil. Mas eu acho que consegui. E tenho certeza de que você também pode conseguir!

      Continue firme em seu propósito! 🙂

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  5. Bom dia, Rosana.
    Eu era praticamente uma formiguinha nos meus 20s.
    Mas, com o passar do tempo, fui notando que o açúcar muda o paladar das comidas.
    O açúcar é viciante… cada vez precisa de uma quantidade maior para satisfazer.
    Comecei a consumir menos açúcar… no começo foi difícil, mas o nosso organismo é muito inteligente… se adapta ao novo estilo….
    Troquei os doces industrializados por tâmara… após o almoço adoro tomar um café acompanhado com uma tâmara… minha irmã acha um absurdo kkkkk… mas, eu adoro.

    Bjos e sucesso!!!

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    • Cris,

      Como você disse, nosso organismo é muito inteligente e acaba se adaptando ao novo estilo. E com o tempo, a gente acaba percebendo que o que nem achávamos tão doce, hoje é um horror para nós.

      As frutas suprem bem as necessidades de açúcar, não é? E já reparou, que frutas que não eram tão doces assim, se tornaram tão doces e agradáveis?

      Agradeço por seu comentário, espero que goste do conteúdo do meu blog! 🙂

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  6. Eu tomo muito chimarrão (sou do país hermano, he) e apesar de ser mal olhada, tomo chimarrão doce. Como usava muito açúcar, troquei por mel e comecei colocar dós duas colheres de sopa na água (1 litro geralmente cada “chimarroneada”). No começo não foi fácil mas me acostumei. Agora uso eritritol para quando o mel acaba (tenho sempre 1 kg) pois para diabéticos não é ruim (e meu pai era diabético insulino dependente, então, tento me cuidar por esse lado). O melhor seria não consumir, eu sei, mas enquanto vou acostumando o corpo, essas foram as opções que encontrei. Abraços!

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    • Muna Soto,

      Gostei do seu relato. Com o tempo, o paladar se acostuma a algo menos doce e acabamos rejeitando o que antes era tão natural para nós.

      “O melhor seria não consumir, eu sei, mas enquanto vou acostumando o corpo, essas foram as opções que encontrei.”
      Em que mundo nos encontramos! Aprendemos a nos alimentar de uma forma tão destrutiva que precisamos começar a trilhar um caminho que ainda não conhecemos, mas que deveríamos ter aprendido na infância.

      Culpa dos nossos pais? Não. Pois eles também aprenderam assim…

      Espero que as novas gerações iniciem a vida de uma forma diferente do que aprendemos. E quem sabe, um dia nos supermercados existirão mais alimentos de verdade e não esses produtos super coloridos que tanto mal fazem ao corpo e à mente.

      Agradeço por seu comentário, espero que goste do conteúdo do meu blog. 🙂

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  7. Uma publicação super útil! Aqui evitamos doces, pois a minha mãe andava sempre com os diabetes no limite, por via de alguma medicação que toma… e após uma reeducação alimentar, até alguns docitos lhe são permitidos… mas vamo-nos afastando das tentações… é sempre possível identificarmos opções com menos açúcar…
    Hoje em dia, nem no café junto açúcar… esporadicamente mato as saudades, de alguma coisa mais doce… mas depois estou um largo período, sem repetir tal…
    Aqui no nosso país começaram a reduzir o açúcar e sal de alguns alimentos, e acho isso uma excelente medida! As crianças estão cada vez mais obesas, por exemplo… por conta da alimentação desequilibrada, e dos novos hábitos… Internet a toda a hora, praticamente, num convite à imobilização prolongada…
    Um excelente post, com uma belíssima abordagem do tema…
    Beijinhos!
    Ana

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    • Ana,

      Evitar doces é sempre uma boa decisão. Melhor passar longe desses corredores do supermercado com frequência.

      Que bom a redução do açúcar e do sal. Isso vai fazer muita diferença no presente e no futuro.

      Sobre o sedentarismo, precisamos mesmo nos exercitar mais.

      Boa semana!

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