O que te faz feliz?
O que te proporciona bem-estar nesse exato momento?
Para mim, é escrever esse post em um anoitecer frio e chuvoso de outono.
Embaixo de um cobertor quentinho e confortável, uso um travesseiro como se fosse uma “mesa” na qual coloquei minha prancheta – que na verdade é a capa dura de um velho álbum de fotografias envolto em uma cartolina branca.
E em cima da minha “mesa”, estão as folhas em branco e uma caneta. E as ideias em minha mente.
E nesse momento, é isso o que me proporciona bem-estar.
Ver cada letra sendo colocada no papel, cada frase sendo construída, sentir o deslizar da caneta, ver a tinta transformando-se em letras, em ideias, em reflexões que podem ser úteis a você. Isso me faz bem.
A felicidade nem sempre é percebida
Na realidade, acho que quase nunca a felicidade é percebida.
Por que?
Por que a busca por ela é feita em locais onde ela não se apresenta de forma mais ampla e duradoura. Como, por exemplo, nas compras e no futuro, com o famoso “quando eu tiver isso ou aquilo, aí sim, serei feliz”.
Sinto desapontar, mas não, você não será tão feliz quanto imagina agora.
Esse sentimento, essa sensação de bem-estar que você acredita que irá alcançar não será tão intensa e duradoura, pois a felicidade é construída pouco a pouco, no dia-a-dia.
A felicidade é construída através de coisas simples, como a que citei no início do texto.
O hoje não é igual ao ontem
Algo que te fez muito feliz no passado, pode hoje não fazer mais sentido algum para você. Ou, no máximo, proporcionar um leve bem-estar.
As mudanças diárias são tão sutis que ninguém a percebe. Mas elas ocorrem o tempo todo.
E então, um belo dia você se questiona: “Eu gostava tanto de fazer isso, era tão bom! Mas agora, não me interessa mais”.
Insistir em encontrar bem-estar em coisas que não fazem mais sentido para você é um dos caminhos mais rápidos para a frustração.
Siga em frente e procure outras atividades que façam você sentir um nível parecido de bem-estar e alegria.
Se bem que, com o tempo, parece que esses níveis vão se tornando mais amenos, menos intensos. Talvez isso seja algo inerente à vida. E um dia a gente aprende a conviver com isso também.
Hedonismo e eudaimonismo
Ambas as perspectivas são muito antigas, do século IV a. C.
Segundo o hedonismo, o objetivo principal da vida é aumentar o prazer e diminuir a dor.
Essa forma de pensar e agir está bem presente em nossa sociedade através das compras dos mais variados objetos (desde um livro a um carro) e experiências (viagens, shows, gastronomia, etc).
O objetivo aqui é aumentar a alegria, o bem-estar, os sorrisos, os momentos agradáveis e memoráveis.
O eudaimonismo é mais sutil e não está tão presente em nossa sociedade.
Aqui, o objetivo principal é viver de acordo com as virtudes e valores pessoais para assim alcançar a felicidade – uma felicidade que seria mais duradoura e significativa por ter como base uma vida alinhada aos valores pessoais.
Eu acredito que as duas perspectivas são importantes e complementares, mas creio também que cada pessoa se identifique mais com uma delas.
O que te faz feliz hoje?
Nem sempre é fácil responder a essa pergunta, pois geralmente a felicidade é associada a grandes conquistas e nunca a experiências como a que citei no início do texto.
A felicidade geralmente é associada à família feliz do comercial de margarina, a vida “perfeita” de um influenciador digital de sucesso, mas raramente é lembrada como um bem-estar psicológico que de tão subjetivo, parece até não ter relação alguma com a felicidade.
Mas será que esse bem-estar psicológico não é exatamente o início de uma felicidade duradoura e autêntica?
Será que esse bem-estar não pode ser alcançado através da valorização do que você já tem, da gratidão sincera, da oportunidade de escolher viver de forma consciente o momento presente?
Por que será que muitas vezes você e eu nos esquecemos de buscar a felicidade no momento presente, na vivência do agora, que quase sempre é substituído por pensamentos de preocupação, que resultam em temor, ansiedade e tristeza?
Valorize o que importa para você
Valorize o que te faz bem.
Valorize o que te traz paz.
Valorize o que faz sentido para você.
Valorize seus valores e suas virtudes.
Valorize a coerência, a saúde, a harmonia interior e exterior.
Valorize os bons momentos com amigos e familiares.
Valorize cada amanhecer, cada dia que você despertar.
Valorize seu próprio sorriso.
Valorize sua inteligência, sua sapiência, sua experiência de vida.
Valorize o seu próprio bem-estar.
Aliás, a lista acima pode te proporcionar boas sugestões de por onde começar a procurar esse bem-estar subjetivo tão especial e almejado conhecido como felicidade.
Persista nesse caminho.
E seja feliz!
Créditos das imagens: Qimono e Alexas_Fotos – Pixabay
Oi Rosana, bom dia
Parabéns pelo texto, é uma ótima reflexão que está tão presente na história da humanidade.
Seu texto me fez lembrar o artigo Why we are never satisfied happiness de Arthur Brooks.
À medida que avançamos na vida, a alegria de realizar nossos desejos ou expectativas, é evanescente. Não importa o que alcancemos, vejamos, adquiramos ou façamos, parece escapar de nosso alcance.
Um forte abraço,
VAR,
Acreditamos que nosso interesse e alegria vai durar muito mais do que na realidade dura. Como você disse, isso foge do nosso alcance, não dá para prever e nem forçar a tentar voltar a gostar de algo.
O melhor é aceitar a realidade. E procurar outras coisas que nos façam felizes naquele momento. A consciência de que isso não vai durar muito tempo incomoda. Mas faz parte da vida, faz parte da existência. Precisamos aprender a lidar com isso de uma maneira menos dolorida possível.
Agradeço pela dica do artigo, vou ler. 🙂
Bom dia, Rosana
Reflexão profunda, o que me faz feliz é a paz de Cristo, conversar com a família e amigos, interagir no mundo da blogosfera, essas coisas são especiais demais, amo muito tudo isso, um forte abraço.
Lucinalva,
Gostei do seu comentário. São coisas simples, essenciais, especiais e que fazem toda a diferença. 🙂
Um bom final de semana!